Capítulo 63 - Último

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- Está tudo pronto.- afirmo, discretamente todos se reúnem.

Minha mãe, Jorge, George, Marina e o Matheus. Minha nova família.

- Carol, será que podemos conversar, amiga?- pergunto bem, bem falsa e ela parece acreditar e me lança um sorriso.

Como eu não percebi isso antes?

- Claro, amiga.

- Vamos para um lugar mais reservado.

Saímos do salão de festas e entramos em um beco ali do lado.

- Martina, não acha muito perigoso aqui?

- Ah não, querida. Fique tranquila. É que o que eu vou te contar ninguém pode saber.

Seus olhos se arregalam minimamente e ela parece bem interessada no assunto.

- Bem, eu e o Jorge voltamos.- bato palminhas e a sua expressão se fecha.

- Hum, nossa, felicidades, amiga.- me abraça.

- Uma pena que você não está nada feliz não é mesmo, sua falsa de quinta categoria?- deixo a máscara cair.

- Olha só, alguém querendo se fazer de esperta? Você não é querida.- afirma, sorrindo maléfica.- Vocês não ficarão juntos.

- Ah, é mesmo? E como pode ter tanta certeza?

- Acredite, eu tenho certeza do que estou dizendo. Nem que eu tenha que te matar, Martina.- me arrepio.

- Eu só quero entender todo esse ódio.

- Você sempre teve tudo. Sempre foi o centro das atenções, tinha amigos incríveis, uma família feliz e então conheceu o Jorge, o namorado perfeito. Eu simplesmente não aguentei mais e te mostrei como é a vida.

- Carol, você não está falando nada com nada. Desde que o meu pai morreu, eu e a minha não tínhamos uma relação boa. Eu sofria e sim, realmente tive amigos ótimos que me ajudavam a superar a perda do meu pai e a dor de não ter mais a minha mãe presente. Sim, eu conheci o Jorge e nos apaixonamos perdidamente, mas nada é perfeito. Minha vida não é perfeita, sou como você.

- Não, você não é. Você não sofreu desde os cinco anos de vida, Martina. Você não foi abusada aos cinco aninhos, uma pequena e inocente criança, você não teve que conviver com isso até os doze anos. Você não fugiu de casa e foi para as ruas passar necessidade e continuar sendo abusada por homens que não sabem respeitar uma mulher. Você não teve que conviver com as crises de pânico, de ansiedade e tudo mais que eu tive. Você não tem gatilhos que te levam a gritar desesperadamente, revivendo tudo de ruim que viveu quando ainda era um bebê. Um bebê pequeno e ingênuo. Você não foi rejeitada pelos pais. Não foi abandonada em um saco, largada entre ratos, Martina.- as lágrimas caíam involuntariamente.- Então sim, você tem a vida perfeita. E eu te invejei, é, essa é a palavra. Eu quis trocar de lugar com você por apenas um mísero dia.

- Carol, eu sinto muito por isso. De verdade. Eu nem sei o que dizer.

- Amor, eles chegaram.

- Não, Jorge. Eu não vou denunciar a Carol. Eu quero levá-la à um hospital para receber os devidos tratamentos. Ela merece viver. Não merece mais tristeza em sua vida.

- Mas Martina, ela nos..- interrompo-o.

- Por favor, amor. Confia em mim.

...

- Eu nem sei o que dizer, Martina. Obrigada.- Carol diz.

- Me agradeça continuando o tratamento com os remédios e não repetindo os mesmos erros.

- Eu, sério, muito obrigada. Parece que a minha vida está se endireitando. Eu sinto que estou tendo uma nova chance.

Continua
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Próximo capítulo é o epílogo.

E então, vão querer um novo livro continuando essa história? Comentem aqui para eu saber.

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