Km 70

CAPÍTULO DEZ;

 — Como estão os preparativos

— Cara, às vezes eu acho que Lídia pode me matar à toa – Yuri informou do outro lado da linha e riu. – Ela ta estressada demais com a decoração e com o fato de que vocês não chegaram ainda.

— A gente chega provavelmente amanhã de tarde, pede para ela ficar calma.

— O plano dela deu certo? – O amigo quis saber.

O moreno sorriu ao ver Júlia se aproximando da mesa e respondeu.

— Sim, ela está viva ainda.

Yuri riu. Sabia do plano de sua noiva/e quase esposa desde o começo e assim como ela, torcia para que os dois finalmente se resolvessem.

— É o Yuri? – A ruiva perguntou, Henrique confirmou em um movimento de cabeça e ela tomou o celular da sua mão.

— Cadê minha amiga?

Os quatro não se conheceram no mesmo período. Foi aos poucos que o pequeno e restrito grupo deles foi sendo formado.

Henrique conheceu Júlia na faculdade. Ele fazia Engenharia Civil e ela Odontologia. Dois cursos totalmente diferentes um do outro é meio impossível de se encontrar nos campus da UFC. Mas os dois se conheceram por acaso, em uma festa do curso de Agronomia dos Calouros.

Ele fazia o quinto período enquanto ela ainda ia para o terceiro. E de um jeito bem desastroso os dois se viram pela primeira vez.

Uma amiga que estava acompanhando Júlia empurrou o amigo bêbado de Henrique e os dois começaram a briga que parou a festa por alguns minutos e os dois tentaram separar. No final da festa, Júlia já estava voltando para casa acompanhada do moreno.

—...Eu vou chegar ta? - A ruiva prometeu antes de encerrar a ligação e entregar o celular para Henrique.

— Como ela ta?

— Surtando como sempre.

O que Lídia não tinha de altura, ela tinha de estresse e todo o resto do pacote. Eles a conheceram enquanto brigavam para escolherem o sabor de um sorvete, Lídia que estava atrás deles da fila, entrou no meio e escolheu pelos os dois.

Yuri eles conheceram um tempo depois. Júlia fazia um canal dentário na boca dele quando a amiga invadiu a sala e começou a falar. Dois dias depois os dois começaram a sair e desde então, não se separaram mais.

— Que horas você acha que a gente chega? – A ruiva perguntou enquanto olhava o cardápio.

— Amanhã umas três horas da tarde, mais ou menos. – O moreno comentou enquanto chamava o garçom. – Já quer se livrar de mim?

— Talvez sim, talvez não - Ela brincou enquanto escondia o rosto com o cardápio.

O clima estava assim desde o café da manhã, tudo mais leve. E os dois estavam felizes com isso. Pela primeira vez desde o divórcio, os dois estavam à vontade na companhia um do outro, sem todo aquele pisar em ovos ao falar um com outro.

Eles enfim, estavam voltando a ser o que eram.

Estavam voltando a serem Henrique e Júlia. Julia e Henrique.

Almoçaram em Brumados na Bahia, em um restaurante serve-self, depois passaram um pouco por dentro da cidade para procurar uma farmácia para Júlia comprar um remédio para dor de cabeça. E em todo o percurso antes de sair da cidade, uma pergunta habitava a mente dos dois.

Onde, quando e por que eles tinham se perdido tanto?