CAPITULO TRÊS;

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Júlia se remexia de um lado para o outro no banco, deixando Henrique incomodado. Não porque ela se mexia no banco, mas por que ela se movimentava demais. Ele a conhecia bem e sabia como costumava ela dormir e não era daquele jeito, com toda aquela movimentação.

Henrique costumava comparar Júlia com uma pedra, porque do jeito que deitava para dormir, ela acordava no outro dia. O moreno sorrir com o próprio pensamento e diminuiu a velocidade do carro para tentar acordá-la. Ele levou a mão direita até o rosto da ruiva e acariciou. Sentindo a pele dela sobre seus dedos, Henrique se lembrou dos momentos de carinho e felicidade que tiveram.

— O que você está fazendo?

Júlia despertou fazendo com que Henrique despertasse também de suas lembranças.

— Você estava se remexendo muito - Se explicou.

— Idai? - perguntou desconfiada. O moreno respirou fundo e preferiu não comentar mais nada, nem mesmo faz. E começou a pensar seriamente em sua comparação de Júlia com uma pedra.

Não era só no sono que Júlia parecia uma; Era em relação os sentimentos também.

— Não tive um sonho muito bom. - Comentou enquanto se olhava no espelho do quebra-sol e analisava bem seu rosto inchado e já com poucos resquícios da maquiagem que tinha feito pela manhã.

— Pesadelo - Henrique a corrigiu.

A ruiva fechou o quebra-sol e o encarou.

— Não, um sonho ruim mesmo. Para mim, pesadelo consegue ser bem pior.

— Entendi.

Ela continuava o encarando e sentiu algo dentro de si e foi a mesma sensação que teve quando o viu no apartamento de Lídia acompanhado de uma mulher, que Júlia achava fortemente que ele tinha pego em alguma esquina antes de ir para o jantar.

Sabia que não eram ciúmes. Nunca se achou uma mulher ciumenta e não era depois do fim do casamento que iria mudar. E ao pensar na noite do jantar, ela enfim perguntou para Henrique o que ficou com vergonha de perguntar para os amigos.

— Então... Faz quanto tempo que você e a Isabela estão juntos?

Isabele - Ele a corrigiu dando um enfoque maior na última sílaba do nome da moça e continuou — Izzi é apenas uma amiga.

Me engana que eu gosto. Júlia pensou

— Como se conheceram?

— Procurando uma secretária para mim.

— Querendo recriar alguma cena de um filme erótico, Henrique? - Júlia perguntou fazendo com que o moreno soltasse uma gargalhada preenchendo todo o carro e o coração da ruiva com um calor gostoso que ela não se lembrava qual a última vez que tinha sentindo.

— Ela é irmã do meu sócio. Naquela noite nós tínhamos ficado até um pouco antes do jantar da Lídia no escritório e eu apenas a chamei pra me acompanhar. - Se explicou dando de ombros e deixando a ruiva feliz por saber que ele provavelmente não tinha ninguém.

— Mas e você?

— O que tem eu?

— Algum namorado, ou coisa parecida?

— Não.

Henrique tentou segurar o sorriso de felicidade nascer em seus lábios, mas Júlia, conhecendo o moreno como conhecia, viu resquícios do sorriso na lateral da sua boca.

— Que bom - Ele falou baixo, mas mesmo assim suas palavras foram captadas pelos ouvidos de Júlia que sorriu timidamente enquanto olhava a paisagem do lado de fora do carro.  

Km 70Onde histórias criam vida. Descubra agora