CAPÍTULO UM;

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A ruiva queria não acreditar no que ouvia. Achava que sua melhor amiga só podia estar louca, ou até mesmo bêbada.

— Você não pode fazer isso comigo, Lídia. — Ela reclama ao celular enquanto tentava manter a calma e não dar um chilique no meio do aeroporto lotado.

— Eu quero vocês dois aqui até o fim da semana. Caso não estejam aqui domingo à tarde, considerem-se mortos! — Ameaçou Lídia e logo depois encerrou a ligação, sem deixar que Júlia respondesse.

Suspirou com raiva, guardando o celular na bolsa. Levantou se da poltrona, pegou sua mala e foi em direção à saída mais próxima de onde ela estava.

Sentiu a brisa quente lhe atingir quando cruzou as portas automáticas e deu adeus ao ar-condicionado do aeroporto. Viu bem por de trás dos óculos escuros quando o Audi preto estacionando bem na sua frente assim que ela pisou na calçada.

Respira Júlia, respira. Pensou antes de se aproximar do carro, deu três batidas no vidro escuro do carro e logo o viu sendo abaixado.

— O porta-malas está aberto, bebê. — O moreno falou fazendo com que Júlia ficasse com a boca entreaberta sem acreditar no que tinha escutado.

— Seja cavalheiro ao menos uma vez na vida e me ajuda a colocar a mala no carro — Retrucou.

— As mesmas duas mãos que eu tenho você também tem. — Piscou para a ruiva que ficou estática com suas palavras. Júlia ficou parada por alguns segundos e só voltou a se mover quando ouviu o moreno apertar a buzina.

Andou com a mala até a parte de trás do carro e a colocou no bagageiro com um pouco de dificuldade. Voltou logo depois para a parte da frente e se acomodou no banco do passageiro.

— Odiei essa sua nova cor de cabelo — O moreno comentou enquanto dava a partida no carro, deixando Júlia ainda mais irritada.

— Eu odeio você e nem por isso fico te falando isso.

— Não precisa nem dizer, está no ar.

— Cala boca, Henrique.

Júlia se recusava a olhar para o lado, mas sabia que seu ex-marido tinha um sorriso presunçoso nos lábios.

— Então — ele começou — já que vamos passar quase dois dias na companhia um do outro, acho que podemos ao menos conversar... — Henrique sugeriu

— Enquanto eu estiver na sua presença, o quanto eu puder evitar a te dirigir a palavra, eu vou. — A ruiva retrucou enquanto se ajeitava no banco e se acomodava melhor.

Henrique preferiu ficar calado com a resposta de Júlia e focou sua atenção na estrada. Ali não era a primeira vez que tinham se encontrado desde que se separaram.

A primeira vez tinha sido alguns dias atrás, quando Júlia chegou ao Brasil e Lídia quis dar um jantar. E assim como acontecia agora, o clima do jantar não foi nem um pouco agradável.

Os dois não se viam há quase um ano desde o divórcio, mas a tensão que estava no ar, era a mesma do dia da briga que desencadeou o fim do relacionamento. E foi por causa disso, por causa dessa tensão que Lídia teve a brilhante ideia. Mas na mesma intensidade que ela torcia para isso dar certo, ela torcia para que os dois chegassem vivos para o casamento.  

Km 70Onde histórias criam vida. Descubra agora