CAPÍTULO DOZE;

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         Quando Júlia acordou, o lado que Henrique dormiu estava vazia. Ela sentou-se na cama e sorrir. Lembrava bem da noite passada e de tudo o que sentiu dentro de si, sentiu a fagulha do amor acender a imensa fogueira dentro dela que estava quase apagada.

Ouviu alguns barulhos na cozinha da casa e resolveu se trocar logo. Saiu do quarto já vestida e com sua escova de dente na mão.

— Bom dia – A ruiva falou quando encontrou a dona da casa mexendo no fogão.

— Bom dia! – Disse alegre. – Você quer tomar um cafezinho? Acabei de passar.

— Eu só vou escovar os dentes. A senhora sabe onde está meu marido?

Ela simplesmente não acreditava que tinha dito isso e sorriu ao perceber que a palavra saia fácil de sua boca.

— Ah! – Falou enxugando as mãos em um pano de prato que estava em seu ombro - ele saiu cedo com Almir para comprar gasolina. Devem estar chegando por aí.

Júlia pediu licença e se dirigiu para o banheiro, se olhou no espelho e não sabia qual tinha sido a última vez que ela tinha se visto assim. Com as bochechas coradas, o brilho no olhar e um sorriso maior do que nunca. Lavou o rosto e escovou os dentes enquanto se lembrava do quão feliz estava desde a noite passada. Voltou para a cozinha e tomou um café com Edite enquanto conversavam.

A senhora perguntou da relação dos dois e ela disse. Omitindo a separação e o ano que estavam separados, não se orgulhava nem um pouco. Contou que eles estavam indo para o casamento dos amigos e acabaram se perdendo, já que o GPS de Henrique quebrou e comentou o quanto tinha ficado com raiva do moreno fazendo à senhora rir.

Já Edite, contou que depois que o único filho saiu de casa, os dois começaram a viajar. Disse também que só ofereceram a dormida' para eles, porque já haviam se perdido também em uma das viagens que fizeram para o sul do país. Depois de tanta conversa jogada fora, ouviram de longe um som insistente de buzina e a dona da casa resolveu sair para ver o que era. Quando Júlia saiu da casa e foi para a varanda, não conseguiu segurar a risada.

Henrique estava em cima de uma moto antiga, com um galão cheio de gasolina apoiado nos ombros, um chapéu de palha na cabeça, a camisa social dele quase toda suja e com alguns botões abertos. Ele desceu da moto, apoio o galão no parapeito', tirou o chapéu e deu um beijo rápido nos lábios da Júlia.

— Bom dia amor.

— O que é isso mesmo?

— Ele achou esse chapéu nas minhas coisas e não quis tirar da cabeça, dona. – Almir comentou. Júlia riu levando dona Edite a rir também.

— Você é inacreditável!

— E ainda tenho gasolina! – Ele falou levantando o galão sobre a cabeça.

Os quatro entraram de novo em casa rindo. Henrique tomou um banheiro para se livrar da poeira da estrada, tomaram um café da manhã reforçado, já que dona Edite não os deixaram sair sem comer tudo o que ela preparou e saíram da casa com mil e uma indicações caso se perdessem de novo. E com o tanque de gasolina quase cheio, dando para chegar até Montes Claros que eles partiram, quando estavam saindo de São Pedro das Garças, a tela do GPS ligou e voltou a funcionar sozinho.

— Eu não acredito nisso! – Júlia exclamou fazendo Henrique rir.

O moreno que estava com os dedos entrelaçados com o da ruiva, levou as mãos até seus lábios e beijou o peito da mão dela. E depois levou até o rosto dela onde fez carinho com a ponta dos dedos.

— Chega de brigas?

— Chega de brigas.

E sem que eles percebessem, aquela pequena promessa de que não existisse mais, era o recomeço.  

Km 70Onde histórias criam vida. Descubra agora