CAPÍTULO TREZE;

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— Que horas a gente chega? - A ruiva perguntou enquanto se espreguiçava no banco. Fazia quase quarenta minutos que eles haviam saído de Montes Claros e o tanque de gasolina estava cheio e o GPS do carro estava arrumado e agora falava em Português.

— Mais ou menos oito da noite. - Júlia balançou a cabeça afirmando. Colocou os pés no painel do carro e apoiou o rosto sobre os joelhos.

— Me fala dos seus planos?

— Que planos? - Henrique perguntou virando o olhar para ela e sorrio ao vê-la tão bonita.

— Os do futuro, aqueles que a gente conversava antes de dormir.

— Certo - O moreno hesitou - O que você quer saber?

Ela queria saber como seria o "eles" a partir de agora. Queria saber como iria ficar o relacionamento deles dali pra frente e o que eles fariam quando chegassem a Relação Preto para o casamento.

— Os dá construtora? Ela ainda é pequena, certo?

Henrique se sentiu confortável. Ele queria saber também, tudo o que Júlia queria, mas ele não sabia o que aconteceria. Ele não sabia o que fazer, já que mesmo a contragosto, acabou se acostumando com a vida quase solitária de solteiro.

— Um pouco. Eu acabei conseguindo alguns clientes para mim e já consegui quitar toda a dívida que eu fiz com Rodolfo e uma parte da dúvida do banco.

— Então ela já tá bem economicamente? - Ela quis saber.

— Pode-se dizer que sim. A procura aumenta cada vez mais e depois que eu peguei uma vaga do governo para, mesmo que apenas um dos vários engenheiros, a construção do IJF 2.

— Então quer dizer que o prefeito vai mesmo fazer o hospital?

Henrique riu. Durante as eleições esse hospital era um dos projetos que o prefeito de Fortaleza tinha se comprometido a fazer se ganhasse. Mas já havia passado quase um ano inteiro e nada mais do que as vagas de emprego tinha sido ofertadas. E mesmo Júlia estando na Itália, ela sabia das propostas do prefeito.

— Um pouco difícil, mas ninguém sabe né?

Júlia sorriu, afrouxou um pouco seu cinto e se inclinou sobre o banco e Henrique. Colocou suas mãos em volta do pescoço dele e puxou para um beijo rápido. Rápido o bastante para o moreno não perder o controle do carro, quando a ruiva voltou para o banco, tinha um sorriso no rosto.

Ela ainda não acredita que o que ela tanto queria em seus sonhos mais profundos estava acontecendo.

Eles estavam juntos novamente.

— Sabe uma coisa que eu sempre quis saber? - Henrique fala enquanto leva uma das mãos até a perna dá ruiva.

— Saberei se você falar.

— Por que e o que você foi fazer na Itália. Logo Itália? Não tinha um lugar mais perto não? - O moreno falou arrancando uma risada dá ruiva. Ela sabia que um dia essa pergunta ia chegar algum dia. Todos que ela começava a conversar, sempre a perguntava.

— A verdade verdadeira? - Ela perguntou enquanto enlaçava os dedos dela com os dele. Henrique respondeu com um movimento de cabeça e ela continuou — Eu não fui fazer nada. No começo, fui na intenção de ficar longe de você, por isso Italia, sei o quanto você detesta os italianos e que talvez lá fosse um lugar para esquecer você...

— Mas?

— Mas tudo o que eu olhava, eu pensava que você iria odiar e me odiava no mesmo instante. Eu vendi a casa e minha parte no consultório e usei o dinheiro para ir para lá e me manter por lá também.

— Eu fiquei sabendo disso.

— Então - A ruiva começou a fazer carinho no braço dele e Henrique a olhou pelo o canto do olho. Júlia olhava para frente e sorria. Sorria de um jeito que ele talvez não lembrasse bem a última vez que ela sorriu com tanta vida assim.

Quando voltou a olhar para a estrada, ele se lembrou dos momentos da noite passada e dá sensação de felicidade que ele sentiu. Que ele a amava ninguém tinha dúvida, mas se recordar dos momentos quentes que eles tiveram, fazia os pelos da nuca de Henrique se arrepiar.

Ele amava cada parte daquele corpo. E todo o conjunto que formava Júlia, pertencia a ele.

Assim como todo o conjunto de coisas que formava Henrique, pertencia a Julia.

— Você ainda vai voltar amor? - Henrique fez a mesma pergunta do dia anterior. A mesma pergunta para que ela não sabia resposta. Mas agora, o momento era outro e a resposta era diferente. Ela tinha certeza do que queria.

Júlia sorriu convicta da sua decisão.

— Eu vim pra ficar.  

Km 70Onde histórias criam vida. Descubra agora