Capítulo 5

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A luz do sol invade pela janela, ainda é quarta, preciso encarar mais três dias de aula.  Me preparo mentalmente para o dia, levanto sento na cama e me espreguiço quando me lembro que Matthew passou a noite aqui. Meu cabelo está totalmente desgranhado, meus olhos inchados e minha cara amassada, mas quando penso em fazer algo é tarde demais.

- Bom dia flor do dia.

Ele está sentado atrás de mim na mesa  do meu computador. Me viro lentamente, nunca pensei que algum dia Matthew passaria a noite em meu quarto, ainda mais como um fantasma.

- Nossa você está acabada, eu que sofro acidente e você que está assim.

Qualquer indício do cara legal de ontem a noite foi embora, o bom e velho idiota está de volta, mostro o dedo do meio e ele ri. Minha mãe deve ter saído bem cedo para não me acordar. Entro no banheiro coloco minhas roupas habituais, pego uma maçã e saio de casa.

- Você não tem um carro ou algo assim?

- Vejamos, eu tinha uma bicicleta antes de você praticar vandalismo com ela.

Matthew fica calado e coloca as mãos no bolso, o resto do trajeto é feito em total silêncio. Assim que entro na escola, vejo Priscila namorada de Matthew, ela está com o rosto pálido, parece que não teve  uma boa noite.

Matt sorri ao vê-la, mas logo fecha o rosto quando nota que ela não pode ver. Chego na aula de matemática(a que eu mais odeio por sinal) e procuro uma cadeira no meio para sentar.

- Senta lá no fundo.

Faço um não discreto com a cabeça.

- Faça o que eu falo.

Passo direto para o fundo da sala e sento na última cadeira.

- Por que me disse para sentar aqui?

- Para eu  sentar ao seu lado, ninguém senta no fundo na aula de matemática.

- Você realmente vai ficar 24 horas ao meu lado?

Antes que pudesse me responder a professora de matemática entra na sala.  Uma mulher magra e com um cabelo bem amarrado, parece que não tem 1 fio sequer fora do lugar.

- Meu nome é senhorita Johnson.

- Senhorita sei...

Matt diz ao meu lado e não posso evitar o sorriso.

- Vou dar aula de matemática e para medir o conhecimento de vocês irei passar um teste surpresa.

Os alunos começam um falatório, minhas mãos gelam, odeio matemática, ainda mais com um teste surpresa.

- Silêncio por favor, eu só quero saber o nível de vocês, para poder ver como trabalhar.

A professora distribui os testes e sinto minha barriga enjoar, me esforço para não vomitar. Pego o lápis e começo a fazer as questões.

- Está errado.

Ignoro Matt e sua voz irritante, será que ele não percebe que estou nervosa o suficiente já.

- Está errado Dakota.

- Me deixa em paz.

Acabo falando alto demais e todos se viram para mim.

- Tudo bem senhorita Beemer ?

- Sim... Foi apenas um mosquito, mas já foi embora.

Faço uma careta com a boca para o pessoal que continua  me olhando e volto a fazer o teste.

- Agora vai me ouvir ou não?  A sua conta está errada, o resultado da -8.

Escrevo com o lápis na folha de rascunho.

Como sabe disso? Virou o gênio da matemática agora?

- Eu sou bom em matemática, e sei que é difícil imaginar, um cara lindo como eu e ainda inteligente, é como ganhar na loteria.

Me seguro para não soltar um riso, como pode ser tão convencido.

- Me deixe te ajudar.

Ignorando toda a minha sanidade mental, resolvo deixar Matt me ajudar no teste, espero que isso não seja mais uma de suas brincadeiras e acabe me dando mal.

No intervalo sento o mais distante possível de todos, me ajeito na cadeira , coloco minha bandeja com um suco e biscoitos em cima da mesa redonda. Ligo meu Ipod e aumento no volume máximo.

- Você precisa me fazer um favor.

- Eu?

- Sim, precisa falar para  Priscilla que estou bem.

Quase engasgo com o suco de laranja, ele está louco em pensar que irei falar com a rainha do clube dos idiotas, coloco o outro fone e o ignoro. Olho e do outro lado do refeitório está Priscila e Jacob, melhores amigos de Matt, o resto dos jogadores compõe a mesa, seria suicídio ir até lá,  Matt sabe disso.

- Dakota é sério, preciso que diga a ela que estou bem.

- Você só pode estar maluco, ela nunca acreditou em mim, acha que acreditaria agora?

- Pode contar algo que só eu sei e ai ela vai saber que sou eu.

- Não sei Matthew, acho melhor não e me deixa quieta antes que alguém perceba que estou falando com o nada.

- Dakota, eu sei que não fui nada legal com você, mas por favor fale com ela? Não quero ela preocupada comigo.

Matt está mal, vejo isso pela forma que seu maxilar está, duro e comprimido.
Conforme me aproximo da mesa de Priscilla mais me arrependo de ter aceitado essa ideia estúpida, Matt está ao meu lado e seus punhos estão cerrados ao lado de seu corpo, ele está tão tenso quanto eu.

- Priscilla, eu.. eu.

Todos na mesa me olham, não consigo, simplesmente não dá, um suor frio percorre minha nuca e os nós dos meus dedos estão brancos.

- O que você quer?

Ela me pergunta seca e impaciente, a vontade que tenho é de sair correndo, não preciso passar por isso, não vale a pena, respiro fundo e prossigo.

- Eu só queria dizer que sinto muito e que o Matthew está bem.

Matt acompanha tudo ao meu lado o que me deixa mais nervosa.

- Como sabe disso?

- Eu... posso.

- Pode o que?

- Posso vê-lo.

Todos na mesa começam a rir de mim, Priscilla me olha como se eu fosse doida.

- Qual é o seu problema? Você não poderia ser normal uma única vez?  Nem quando meu namorado está em coma? Ah é,  esqueci que você é a Loukota ou seria melhor Dakolouca?

Me sinto humilhada, saio correndo e me escondo debaixo das escadas do ginásio, lágrimas quentes pigam molhando  o chão de madeira, coloco a cabeça entre as pernas e solto soluços baixos.

- Desculpa Dakota eu não queria que...

- Some da minha vida, vai embora, mais uma vez você queria me humilhar, eu te avisei e você só queria me ridicularizar de novo.

Matt fica em silêncio.

- vai embora Matthew Hestings.

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