Capítulo 36

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Dakota narrando:

1 mês depois.

Meu despertador  insiste em berrar nos meus ouvidos, já se passaram 1 mês de que tudo aconteceu, 1 mês sem ir na aula, e ainda não estou com a mínima vontade, minha mente diz para levantar e meu corpo não se move, estou sendo processada por um crime que não cometi, não tecnicamente, Deus sabe que não, mas o que me dói é saber que ele estará lá, saber que Matt acordou foi minha maior alegria, mas tem sido minha maior tortura também, será que ele se lembra?

Dane-se, ele não me procurou, em nenhum momento, talvez tenha voltado a ser o idiota de sempre, e continuará a fazer o inferno na minha vida ao lado de sua turma, sei que uma pequena parte de mim, a parte estúpida e ingênua quer que tudo seja diferente, que ele me procure, bloqueio esses pensamentos para não sofrer tanto.

Inspiro o ar novamente e expiro lentamente, vamos fazer isso de uma vez.

- Filha?

Minha mãe bate na porta entreaberta do meu quarto, ela ainda não acredita na minha história de ter visto Matt, mas não pergunta sobre e nem toca no assunto.

- Pode entrar, já estou acordada.

- Se você quiser, não precisa ir.

Ela senta na minha cama enquanto escovo meu cabelo, já faltei tempo demais a aula, pior do que ir para aquele inferno é ter que reprovar e ficar mais um ano lá, vou continuar seguindo meu plano, aliás ele era tudo que pensava antes de entrar neste furacão, vou terminar e nunca mais quero pisar naquela escola.

- Estou pronta mãe.

Forço um sorriso falso, por dentro estou lutando para erguer de novo cada parede que construí ao longo dos anos, preciso disso, não é como nos filmes, nunca foi, na vida real a mocinha não tem um final feliz, eu queria que fosse como nos filmes.

***

Paro em frente ao prédio que só me traz lembranças ruins, como pode um lugar estar impregnado de tantos sentimentos negativos, meu coração está pulando para fora, entro e me preparo para a primeiro aula do dia, todos me encaram, os sons de pessoas cochichando é inevitável, afinal estou sendo processada por tentar matar Matthew Hentings o queridinho.

Se eu não vê-lo hoje eu considerarei o dia uma vitória, posso lidar com os abutres do Colégio falando e me encarando como se eu fosse uma assasina, porém minha última aula é com ele, espero sinceramente que Matt falte.

Ao chegar no meu armário vejo que ele está pichado Assasina é a palavra escrita, todos dão risadas a minha volta.

Não irei me abalar.

Este é meu mantra, o dia vai ser bom, ainda não vi Matt e sua turma do mau.

Na aula de educação física todos se recusam a me aceitar no time, nem o professor faz esforço nenhum para me incluir, afinal os pais de Matt são grandes doadores para o Colégio, e só não fui expulsa, pois minha mãe ameaçou processar o Colégio em uma conversa com o Diretor, e isso acabaria se tornando um escândalo maior, a pior parte irá vir agora, o almoço.

Procuro uma mesa afastada, e é óbvio que sento sozinha, quando penso que não pode piorar o destino brinca comigo mais uma vez, Priscila aparece e ao me lança um olhar de ódio, Stacey está ao seu lado, mas graças a todos os deuses ele não está.

Ela caminha até o centro do refeitório e começa a falar bem alto.

- É UMA VERGONHA O COLÉGIO ACEITAR ASSASINAS.

- Mas Assasina não é só quando se mata alguém?  Stacey fala.

- Fica quieta Stacey.

Ela limpa a garganta e continua, é claro que todos se voltam para mim e por mais que eu tente não consigo me sentir bem.

- MAS SABE GENTE, ALÉM DE ASSASINA É MALUCA, ELA JURA QUE VIU MATT ENQUANTO ELE ESTAVA EM COMA, OLHEM SÓ A DAKOLOUCA ATACA NOVAMENTE.

O refeitório todo solta uma gargalhada contínua, não irei chorar, ela não me abala, mastigo lentamente meu lanche e faço minha melhor cara de paisagem.

Priscila está claramente incomodada quando começa a falar novamente.

- Oh aí está ele, já era hora, vai Matt diz para todos o que você me disse, fala que tudo o que ela disse é mentira.

Quando ela fala Matt paro de ouvir o resto, um arrepio forma em minha pele, não quero olhar, não vou aguentar, respirar fica difícil.

- Vai Matthew fala.

Quando levanto o olho ele está ali, parado, tão familiar e tão estranho ao mesmo tempo, não está como antes, veste um casaco de moleton preto e capuz, claramente sua vestimenta mudou, quando nossos olhares se cruzam tudo dentro de mim estremece e por um segundo parece que ele está sofrendo tanto quanto eu, mas é só por 1 segundo.

Todos estão esperando sua resposta, me pego querendo ela também, a esperança de que ele possa se lembrar ganha um pouco mais de vida.

- Quem vai acreditar na louca da Dakota. - Matthew diz, quase tão baixo quanto um sussurro, mas é o suficiente para todos ouvirem, e é quando o golpe maior vem, e todas aquelas paredes que tanto tentei construir caem por terra, segurar as lágrimas já não é uma opção mais, e é aí que todos começam a rir estridentemente, o encaro mais uma vez, para que ele possa sentir toda a dor que venho sentido, quero que ele grave todas as lágrimas que caem do meu rosto, quase acreditei que ele pudesse ser aquele Matt de novo, o que esteve comigo, mas ele se foi, agora tenho certeza.

Pego minhas coisas e saio correndo de lá, não deveria ter vindo, me tranco no banheiro e choro aperto meus braços contra a barriga para amenizar a dor, eu te odeio Matthew Hentings.

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