∆ Nove ∆

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Quarta de manhã eu tomei um banho gelado para despertar.
Tinha passado a madrugada fazendo o trabalho do professor Gretiskey.

Amarrei o cabelo, um rabo de cavalo baixo, perto da nuca.

Desci para tomar café.

- Bom dia. - meu pai disse

- Bom dia pai.- eu não estava com ânimo para nada, não parei de pensar em Julian nem mesmo no café

Eu sabia que era melhor assim e que se eu fosse procurá-lo era capaz de Bob matá-lo.

Ele havia deixado Julian daquela maneira.

E tenho certeza de que não hesitaria em matar. Se bem que penso não ser a primeira vez que faria algo do tipo.

Eu não tinha nenhum motivo para me importar com Julian, mas minha atração por ele tinha sido forte o bastante para isso acontecer.

Sendo assim, se me afastando dele o deixará "seguro", farei isso. Mesmo que doa em mim.

Entrei no ônibus e sentei nos bancos do fundo, com o fone no ouvido.

Demorei alguns minutos pra chegar na escola e entrar na sala.

Jolie entrou depois.

- E aí, como foi ? - ela me perguntou

- Nada de nada. - falei. -Vou ficar longe de lá.

- É melhor assim. - disse ela, passando a mão na minha

- É .. - assenti e vi o professor Gretiskey se aproximar

- Você trouxe Ária ? - ele me perguntou

- Uhum... - tirei o trabalho da mochila e entreguei

- Muito bem, obrigado. - ele sorriu

- De nada.

- Hummmm, estou orgulhosa. - Jolie disse

- Um dia vou ter o prazer de dizer a mesma coisa pra você. Assim que começar a fazer seu próprio dever. - falei

- Quem sabe na faculdade. - ela riu, mas eu não. Aliás, eu não ri nem um momento pelo resto das aulas

E, quando eu fui embora pra casa senti um alívio por não estar cercada por Jolie e Diego falando sobre a festa na casa da Chris e no quanto ficaram bêbados.

Ao que parece, agora Jolie bebe e Diego fuma cigarro.

Ótimo.

Fui para o trabalho com a cara mais triste à de um cachorro sem dono.

O dia foi cheio, parece que quanto mais sozinho você quer ficar,mais gente para te perturbar aparece.

Uma coisa boa nisso tudo foi que, por estar entrando gente toda hora, eu não tive tempo direito para pensar em Julian.

(...)

Um mês inteiro se foi, e cada dia era mais torturante que o outro.
Sinceramente não sei como eu consegui aguentar.

Enfim, as férias chegaram.

Meu pai e eu sempre viajámos para forx,na casa da minha mãe.

Eles estavam divorciados, ao que parece "não dava mais". Mas, uma coisa boa que aconteceu nisso é que eles ainda continuaram amigos, talvez por mim, talvez por não fazer sentido não ser amigos ...

Eu que decidi ir morar com meu pai, então desde o primeiro ano eu moro com ele.
Sempre visitando minha mãe, é claro.

- Ária minha filha, já fez sua mala ? - meu pai perguntou

- Quase pai, só falta minha escova e os shampoos. - falei

- Certo, eu tô lá no carro. - disse ele

- Ta bem. - fui até o banheiro e peguei minhas coisas

Quando saí, Jolie estava lá.

- O que faz aqui ? - eu tinha me distanciado um pouco dela no último mês

- Eu sempre sinto sua falta quando você viaja pra casa da sua mãe. - disse ela

- Vai passar rápido. - falei. - Além disso podemos ficar trocando mensagens ... - coloquei o cabelo pra trás

- É ... Mas antes de você ir, pode me explicar porque está me evitando tanto ? - fechei a mala e a olhei, com um ar cansado

- Não estou.

- Ária, você sabe que está. - ela cruzou os braços

- Não sei por quê tá legal ? Eu não estou muito afim de "socializar" com ninguém. - falei

- Nem com sua melhor amiga ?

- Jolie ... Eu só preciso espairecer tá ? E eu tenho as férias pra isso. - falei

- Okay Ária. - ela veio até mim e me deu um abraço

- Obrigada por me entender. - falei durante o abraço

- De nada minha amiga, de nada. - descemos pra baixo e eu entrei no carro

O caminho foi longo e agradável, meu pai não falou muito comigo e eu agradeci.
Acho que ele percebeu porque em certo momento ele ligou a rádio, baixinho e me encolhi no banco dá frente, colocando os pés em cima do banco, de modo que meu queixo ficasse perto do joelho.

Frio.

Era assim em forx.

Meu pai e eu saímos do carro e o frio e neblina entraram em minhas narinas.

Eu adorava o frio, mas também adorava o calor. Ambos nos oferecia coisas boas.

Caminhamos até a casa da minha mãe.

A mesma nos recebeu aos berros, toda feliz e com abraços mais longos que podia contar.

Nesse aspecto, eu era igual meu pai. Não falava alto e não era super ativa.

- Eu estava morrendo de saudade de você meu amor! - disse ela

- Eu também, mãe. Eu também.- falei a abraçando

- Oi Mark. - disse ela para o meu pai

- Oi Beth. - ele sorriu e eu entrei

- Vou guardar minhas coisas mãe. - falei

- Ta bem minha filha. Ah! - parei no meio do corredor. - Tem uma surpresa pra você em seu quarto. - ela sorriu

Pressionei os lábios e fui até meu quarto. Ele ainda estava do mesmo jeito de sempre.

Coloquei a mala num canto do quarto e vi um papel de embrulho em cima da cama.

Fui até o mesmo e o abri.

Era vestido azul que parecia bater até um palmo depois do joelho, com um decote generoso e alcinha de amarrar no pescoço.

Me virei pra trás e vi minha mãe encostada na porta.

- Eu comprei ontem. Eu vi numa loja e lembrei de você. - disse ela

- Obrigada, é lindo mãe. - sorri e fui até ela, lhe dar um abraço

- E você já tem a ocasião perfeita para usar. - disse ela

- É? - indaguei e ela assentiu. - Onde ?

- Num almoço amanhã, com um velho amigo do seu pai.

- Ta bem.

 ∆ *Por Ele* ∆Onde histórias criam vida. Descubra agora