No dia seguinte, fui pra escola ...feliz ?
Ou talvez culpada ?
- Ooooi amiga! - Jolie berrou ao me ver
- Tenho novidades. - falei
- O que ? Me conta tudo! - ela me puxou para a sua mesa e me sentou
- Eu fiquei com Julian ontem. - falei
- Ficou com ... JULIAN BROOKE ?!
- Shhhh!!!!! - tapei sua boca
Comecei a contar pra ela sobre tudo e a cada palavra ela parecia mais eufórica.
- Caraca mané, teu namorado é simplesmente um dos melhores lutadores do cactos. - ela sorriu
- Ele não é meu namorado. - falei
- Contou a ele sobre o Theo ?
- Que? Não. É claro que não ... - cruzei os braços
- Não vai contar ?
- Não tem pra que contar. - olhei para a porta e vi o professor entrar
(...)
No intervalo, estávamos indo para a cantina comprar um lanche.- Isso não é justo. - Jolie falou assim que mordeu seu sanduíche
- O que não é justo ? - perguntei dando um gole do meu refrigerante
- Você ter alguém pra se atracar e eu não. - ela se encolheu e mordeu outro pedaço
- Talvez devesse ir pra algum lugar e cuidar de um desconhecido qualquer. - rimos
- Essa é uma ótima idéia. - ela sorriu
- Não inventa Jolie. - ela bufou. - Quando tiver que acontecer, vai acontecer e você vai conhecer alguém legal.
- Ahh para, isso é papo pra pessoas encalhadas. - ela revirou os olhos
- Só to dizendo pra não pegar qualquer um que aparecer por pura carência. - me levantei, beijei o topo de sua cabeça e saí
(...)
Fui para o trabalho e comecei a etiquetar algumas roupas.Olhei de relance para fora e vi Julian parado na porta da loja.
Ele usava uma camisa de manga cinza escura e uma calça jeans largada.
- Oi ... - sorri
- Oi Watson. - ele sorriu
- Como sabe que meu sobrenome é Watson ? - ele se aproximou
- Fiz o dever de casa. - ele me deu um beijo rápido
- Você não faz mais nada além da luta ? - perguntei
- Eu sou um cara multiuso. - o encarei e ele abriu um sorriso
- Tenho até medo de perguntar. - sorri
- Rum ... - ele começou a andar pela loja
Foi na sessão feminina e eu o segui.
- Desculpe funcionária, eu queria minha privacidade de olhar as peças. - eu me afastei e o mesmo segurou meu pulso e me puxou para um beijo
- Julian ... Estou no meu local de trabalho. - sorri e ele me soltou
- Ta bem ... - voltei e o beijei de novo
- Fique a vontade, senhor. - fui para trás do balcão
Ele ficou ainda um tempo olhando as roupas, deu tempo de eu atender três fregueses, etiquetar mais blusas e organizar os tênis em destaque.
Por fim, ele veio até o balcão com um vestido nas mãos.
- Vai ficar lindo em você. - falei rindo
- Não é pra mim. - ele sorriu
- É pra quem ?
- Pra você. - o encarei
- Quê ? Não, não ... Julian ... Estamos juntos desde ontem eu não posso ....
- Ária. - eu calei a boca e o olhei. - Estou te dando um vestido, não te pedindo em casamento. Até porque não sou um homem disso. - ele riu
- Por que está me dando esse vestido ?
- Para sairmos, é claro. - o vestido era muito fino e sofisticado. A ocasião deve ser especial
- Sair ? - estava nervosa
- Isso aí. Toma. - ele colocou uma nota de cem reais e começou a caminhar pra fora da loja. - Eu te busco a noite, guarde bem o vestido.
- Espera! - ele não esperou
Como ele podia fazer isso ? Eu já estava totalmente na dele. Caidinha.
(...)
Quando fecho a loja, vejo a picape dele do outro lado da rua.Ele já está me olhando.
Vou até o mesmo e entro.
- Guardou o vestido ? - ele perguntou num tom casual
- Aqui. - estendi a mão com a sacola
- Vamos sair no sábado. - isso não foi uma pergunta. Ele estava afirmando
- Tenho que ver minha agenda. - falei e ele me olhou
- Vamos no sábado, benzinho. - ele ligou o motor e começou a andar
- Qual sua idade ? - coloquei os pés nos bancos e envolvi meus braços nos joelhos
- 20.
- Com quantos anos começou a lutar ? - eu queria o conhecer melhor mas não parecia ter outra estratégia que não fosse perguntando diretamente
- 15.
- Nossa, você luta a cinco anos! - engoli em seco. - Vai me dizer por que não tem escolha de sair daquela joça ?
- Não, provavelmente não. - ele não me olhava
- Por que ? - então ele me olhou e senti um arrepio na espinha
Ok. Era hora de mudar de assunto.
- Mora com sua avó só ?
- Uhum. Ela meio que foi uma das únicas pessoas que me restaram. - ele olhava fixo para a estrada
- Sua mãe ...
- Me abandonou quando eu tinha quatro anos. - ele soltou uma risada amarga. - E antes que pergunte, a porra do meu pai não serviu nem para assumir o que fez.
- Julian eu .. sinto muito. - toquei seu ombro
- E você benzinho ? Me fala de você ... Fiz meu dever mas nem tanto assim.
- Hã ... Meus pais são divorciados porém continuam amigos ... E eu achava que era uma escolha deles mas ... Agora acho que eles continuam amigos por minha causa. - engoli em seco. - Eu decidi morar com meu pai quando estava no primeiro ano do ensino médio, deixando minha mãe lá em forx com a casa e as .. Lembranças. - ri. - E vou visitar minha mãe sempre que estou de férias ou que tem feriados prolongados.
Ele estacionou o carro.
- Sua vida parece boa. - diz ele
- E é. - sorri
- A minha devia ter sido assim também. - ele tocou meu rosto
- Já passou, vai ficar tudo bem agora. - puxei sua nuca e o beijei