∆ Treze ∆

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Mais uma semana se passou.
Eu havia dito para Theo que não queria namorar e nem ter compromisso com ele, afinal, eu iria embora na semana seguinte.

Ele simplesmente pediu para eu relaxar e disse que estava satisfeito em apenas ficar sem compromisso.

Ficar nos beijos.

Eu não iria além disso.

Estávamos no parque jogando migalhas aos pombos e vendo as crianças brincarem.

- Essa é sua última semana aqui né ? - ele disse enquanto jogava as migalhas

- É sim. - falo simplesmente

- Não queria que fosse embora. - diz ele olhando pra mim

- Eu sei. Mas ...tenho uma vida lá na Flórida também. - eu não o olho

- Então quer ir mesmo embora ? -  eu o encarei

- Meus amigos e estudos estão lá, Theo. É claro que quero ir. - falei sendo óbvia

- Nossa. - ele volta a olhar para os pombos e vejo que ficou magoado

- Eu sinto muito. - toco seu ombro

- Eu vou sentir sua falta. - ele está debruçado pra frente, com os cotovelos apoiados no joelho

- Eu também vou sentir a sua. - ele se reclina pra trás e me beija. Um beijo demorado

- Eu te amo, Ária. - ele fala assim que nos afastamos. Mas não totalmente, sua testa está colada a minha

Eu te amo.

Essas três palavrinhas que não queria ouvir dele. Pelo menos, não agora.

- Muito. - ele termina a frase e eu o beijo

Talvez para fugir da resposta "eu também". Talvez por medo. Talvez por não estar pronta ainda. Talvez por não sentir isso.

- Você me ama ? - ele pergunta

- Theo ... - começo

- Shhh, tá tudo bem. - ele molha o lábio. - Não ama.

- É cedo demais pra isso. - falo

- E quando não vai ser ? - ele recua um pouco

- Eu não sei. - coloco o cabelo pra trás

- Você nunca vai dizer não é ? - ele insiste

- Se eu te amar, pode acreditar que irei dizer sem hesitar. - me encolhi no banco. - Mas, agora .. eu não amo você.

- Você gosta de mim ? - ele me encara fixamente

- É claro que gosto. - falo

- Gosta quanto ?

- Não faz isso. - balancei a cabeça negativamente

- Isso o que ? - ele leva a mão até o queixo

- Não me pressiona, não exija sentimentos que não posso te dar. - falei, olhando pro chão

- É aquele garoto, né ? - eu o olho. - Do telefonema semanas atrás. Você gosta dele.

- Não seja ridículo. - falo. - Não combina com você.

- E mentir sobre os próprios sentimentos não combina com você. - ele levanta e começa andar

(...)
Quando eu finalmente arrumei minhas coisas pra ir embora, Theo apareceu no meu quarto.

Eu estava ansiosa pra ir embora. Pra ver Julian.

- Já tá indo né ... - diz ele. Desde o piti dele no parque não nos falamos

- Uhum. - fecho minha mala sem o olhar e começo ir pra porta

- Ei ... - ele toca minha cintura, me fazendo parar

- Que? - pergunto

- Me desculpe por aquela cena, semana passada. - diz ele

- Ta tudo bem, Theo. - eu não paro de o encarar

- Mesmo ? - ele insiste

- Mesmo. - afirmo

Ele toca o meu queixo e suavemente o ergue, para que seus labios toquem os meus.

Eu sei que devo parar esse beijo. Mas não paro. Eu continuo, e toco em sua nuca.

Ficamos nesse beijo por uns dez minutos, até meu pai tocar a buzina do carro e me apressar.

Me afasto de Theo gentilmente, e o mesmo me dá um selinho.

- Vou te esperar, Ária. - diz ele, baixinho

- Não faça isso ... - estou com os olhos fechados ainda e sua testa está na minha

- Por que ?

- Não quero que me espere. Não sei quando eu volto e combinamos que seria ficar sem compromisso. - falo

- Tudo bem então. - ele sorri

- Mesmo ? - repito sua fala

- Mesmo. - ele sorri mais ainda e me dá um último beijo

  Desço e me despeço da minha mãe, que chora feito criança como se eu estivesse com alguma doença terminal que iria me matar.

- Mãe, eu vou voltar aqui outras vezes. - falo, tentando acalmá-la

- É, mas quando minha filha ? - ela pergunta. - Quando ?

- Final do ano, provavelmente. É meu último ano mesmo. - ela me puxa para um abraço sufocante

- Ta bem, eu vou te ligar toda semana. - diz ela

- Ta bom. - ela finalmente me solta e me viro para Theo

- Tchau. - diz ele vindo me abraçar

- Tchau. - sorrio e o abraço. Um abraço apartado

  Entro no carro e meu pai dá a partida.

Fico em silêncio por alguns minutos.

- O que foi ? - ele me pergunta

- De todas as despedidas .. parece que essa foi a pior. - falo, olhando para a estrada

Sempre fora difícil me despedir da minha mãe e ficar um bom tempo sem vê-la. E em todas eram difíceis e tristes. Mas essa foi realmente pior que qualquer outra.

- Eu também achei isso. - diz ele, passando a mão em meu joelho. - Quer que eu ligue o rádio ?

- Não. - falei. - Só quero ouvir o barulho do pneu se arrastando nesse chão com gelo. - sorri

- Certo. Sem rádio então.

 ∆ *Por Ele* ∆Onde histórias criam vida. Descubra agora