∆ Doze ∆

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Fui dormir tarde naquela noite, pensando no que ele havia dito.

"Quero você. Quero conversar com você."

Eu iria enlouquecer desse jeito !

A tarde, tava escrevendo algumas letras de música num caderno velho que achei da minha mãe.

Ela e papai estavam numa loja de móveis.

Theo apareceu um tempo depois, chupava um pirulito.

- O que está fazendo ? - ele me perguntou

- Escrevendo. - falei jogando o caderno pra ele

- Hmmm ... - disse ele. - Tem um gosto musical bom, moça. - falou

- Eu sei. - ri e levantei, indo até o guarda roupa da minha mãe

Comecei a fuçar enquanto Theo falava de um sonho antigo de ter uma banda e de cantar profissionalmente.

No meio das roupas dá minha mãe, eu achei um álbum grosso de fotos.

- O que é isso ? - me perguntei pegando o álbum e levando até a cama, perto de Theo

- Um álbum de fotos. - disse ele e eu empurrei o mesmo com o ombro levemente

- Bobo. - abri o álbum e vi a primeira foto

Era minha mãe. Minha mãe adolescente. Com um sorriso largo, era muito parecido com o meu.

Virei a página, agora era ela e meu pai. Aparentemente no começo do namoro.

- Eles ficam bem juntos. - disse Theo

- É, ficam ...

Mudei a página, mudei de novo e de novo.

Agora as fotos eram deles no casamento.

- Não acredito que simplesmente "não dava mais". - Theo se pronunciou novamente

- Nem eu. - balancei a cabeça. - Deve ter outro motivo.

Ouvi um barulho no corredor e a porta bateu.

- Chegamos minha querida!! - minha mãe disse

Levantei num pulo e coloquei o álbum de volta no lugar.

Segui pra sala, Theo ao meu lado.

- Oi gente. - falo com um sorriso

- Oi minha filha. - diz minha mãe

- Oi querida. - diz meu pai, e olha para Theo. - Ah, Theo .. como vai ?

- Tudo bem senhor. - diz Theo. - Meu pai pediu para lhe avisar que o jogo é amanhã e ele comprou uma super televisão.

- Uma super televisão para um jogo ? - minha mãe pergunta curiosa enquanto tira algumas compras da sacola

- Ele gosta de incomodar os vizinhos com o barulho alto do jogo. - Minha mãe ri

- Opa, é amanhã que vamos nos divertir! - meu pai fala

- Quer ajuda mãe ? - pergunto indo até ela

- Ah, não querida. Eu comprei só umas coisinhas porque seu pai aqui, não queria parar no mercado. - diz ela, retirando um danone de dentro e me entregando

- Eu fui para uma loja de móveis, não para um mercado. - diz meu pai

- Não importa Mark, era caminho. - ela retrucou e meu pai revirou os olhos indo pra sala

Theo foi junto.

- Mãe ... - perguntei tomando um gole do danone

- Oi querida ? - ela pegou um molho e levou pra geladeira

- Por que você e o papai se divorciaram ? - perguntei

- Ora Ária, já falamos sobre isso .. não dava mais. - ela amassou a sacola e jogou no lixo

- Não acredito. - falei com um sorriso balançando a cabeça negativamente

- O que ? - ela ri

- Vocês são perfeitos juntos. Até hoje, a sintonia de vocês são incrível! - falei. - Convivem bem juntos, não pode simplesmente "não ter dado mais".

- Ária, minha filha ... - ela veio até mim e segurou meus ombros. - Tudo o que fazemos, até hoje, é por você. - ela sorriu e me puxou para um abraço

- Está querendo me dizer que só continuam se falando por minha causa ? - perguntei, com a cabeça colada em seu peito

- No começo, sim. - ela me soltou. - Mas com o tempo conseguimos realmente ser amigos.

- Mas, o motivo mãe ? Qual foi o motivo dá separação ? - insisti

- Podemos deixar o passado pra trás ? Por que está me perguntando isso agora ?

- Eu achei seu álbum de fotografias no guarda roupa. - falei

- Que álbum de fotografias ? - meu pai perguntou indo até a pia

- Nenhum. - minha mãe respondeu

- Nosso álbum de fotografias ? - meu pai me olhou e eu assenti. - Não tinha jogado fora faz tempo ? - ele a olhou

- Acontece que eu não consegui. - ela respondeu. - Foi uma história inteira que seria jogada no lixo. - ela engoliu em seco

Meu pai ficou a encarando, sem reação.

- Não por uma escolha minha ... - ele disse baixinho. Mas eu ouvi

- Já conversamos sobre isso Mark. - ela retrucou. - Vamos deixar essa história lá atrás! - ela estava brava. - E não mexa mais nas minhas coisas Ária. - ela seguiu pro quarto

Suspirei. Meu pai foi atrás dela.

Fui pra sala.

- Mó clima. - Theo disse, sem jeito

- Seja lá o que tiver acontecido, eles continuaram amigos por minha causa. - comentei, colocando a cabeça em seu ombro. - E se ... E se um dois fizeram uma coisa terrível para o outro e forçaram essa amizade por mim ? - senti uma lágrima escorrer

- Não Ária ... Que isso. - ele se virou e me abraçou. - Eles ainda podem voltar, nós vemos como eles se tratam. - ele acariava minhas costas

- Acho difícil .. mas obrigada. - sorri, grata

- Eu estou aqui, para o que precisar. - ele me soltou

Eu apoiei a cabeça em seu ombro e entrelacei nossas mãos.

Ficamos desse jeito, sentados lado a lado com as mãos dadas vendo televisão.

E, aquilo era bom demais.

Theo era quente e sua mão era macia.

Olhei para nossas mãos. Seu polegar acariciava o meu.

Eu instantaneamente sorri com aquela imagem.

Então ergui a cabeça para encará-lo. Seu rosto próximo ao meu. Aqueles olhos azuis encarando minha boca.

Ele se aproximou e celou nossos lábios.

Sua mão foi para o meu rosto e a minha para seu peitoral. Ele pediu passagem para sua língua e eu permiti.

Levei minha outra mão para a sua nuca e o puxei para mais perto.

Ouvi passos se aproximando e nos separei, mas depositei um selinho em sua boca antes.

 ∆ *Por Ele* ∆Onde histórias criam vida. Descubra agora