∆ Sete ∆

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É óbvio que eu não aproveitei o resto dá festa depois disso. Eu disse à Jolie que estava passando mal e que tinha sido alguma coisa que comi em casa antes de ir pra lá.

Ela desconfiou, é claro. Mas me deixou ir por já estar bêbada.

(...)
No sábado, eu acordei 12:00, o que era um milagre já que eu nunca conseguia acordar essa hora.

Mas me sentia cansada e enjoada.

Desci as escadas e encontrei meu pai deitado no sofá de frente pra televisão, ele assistia ao noticiário enquanto tomava algo numa caneca.

- Oi pai ... - falei indo pra cozinha

- Ah, boa tarde minha filha. - disse ele

- Muito trabalho ontem ? - perguntei, ainda sonolenta

- E como, fomos chamados ao cactos .. um garoto estava muito ferido. - arregalei os olhos

- É mesmo ? - perguntei sem parecer preocupada. - Ele está bem ?

- Sim, levaram ele para o hospital mas pelo o que eu soube ele disse que não vai parar de lutar. - baixei a cabeça e peguei café

- Você não pode fazer nada pra aquele lugar fechar ? - perguntei com um pingo de esperança

- Não dá .. Bob Creed tem uma legislação. Aquele espaço é dele. Além disso, querendo ou não é uma luta e isso atrai pessoas, se parassem de ir ele seria obrigado a fechar. - ele suspirou

- E se alguém morrer por conta disso ?

- Aí sim ele estará bem encrencado e é óbvio que fecharemos o lugar. Mas, isso nunca aconteceu então o estabelecimento continua na ativa.

Será que Julian teria coragem de matar alguém apenas para poder não lutar mais ? Eu via nos olhos dele que ele não queria isso. Não mais.

Mas ele seria preso por assassinato. Não acho que se sacrificaria dessa maneira.

E se eu fizesse algo para ele poder se livrar disso ?
Eu poderia falar com esse tal de Bob Creed e convencê-lo a fechar.

(...)
Umas 16:00 eu falei ao meu pai que ia sair um pouco. E ele deixou numa boa.

Meu táxi parou perto do cactos, eu ainda estava com a identidade falsa na minha bolsa então entrei sem problemas.

Ou pelo menos foi o que eu pensei.

- Estamos fechados! - o segurança gritou do lado de dentro

- Eu sei, eu ... - engoli em seco. - Eu preciso falar com o senhor Bob Creed. - falei. - É importante, por favor.

Houve um silêncio imenso e eu olhei pela fechadura do portão. O segurança tinha se afastado.

Eu comecei a bater no portão e berrar o nome de Bob.

Minutos depois o portão foi aberto e eu parei de bater.
O segurança me encarou como se pudesse ver através de mim.

- Entra. - disse ele e eu adentrei

- Obrigada. - falei e caminhei lentamente até uma salinha no andar de cima, onde tinha visto Julian entrar da primeira vez

A sala era pequena e abafada, tinha cheiro de suor e mofo.

- Quem é você ? - o cara que presumo ser Bob, sentado numa cadeira grande que contém rodinhas me olhava com atenção

- Eu ... Sou Ária. - ele não ia pedir meu documento não é mesmo ?

- O que posso fazer por você princesa ? - ele perguntou, os pés em cima da mesa

- Quero que pare com essas lutas. - falei

- Hum, é mesmo ? - ele estava relaxado. - Por que ?

- É doentio, qualquer um desses caras podem morrer a qualquer luta. - falei. - Isso não te incomoda ?

- Não. Esses caras não são pagos para matar. São pagos para lutar até a desistência do outro.

- Eles não usam proteção nem nada! Como pode aceitar isso ?

- São os negócios, sabe ? - ele sorria

- Por que não deixa os que não querem mais lutar livres disso então ? - engoli em seco

- De quem está falando especificamente ? - agora ele tirou os pés da mesa e colocou os cotovelos, deixando as mãos na frente dá boca

- Julian. - respondi e o sorriso dele só aumentou

- Julian é um bom lutador, ele me rende muita grana sempre que luta. Não posso deixá-lo escapar. - ele se recostou na cadeira e ficou balançando de um lado e para o outro

- MAS E SE ELE NÃO QUISER MAIS ISSO ?! DEIXA ELE SAIR DESSA. - berrei, eu realmente não me controlei

- Você é a nova namoradinha dele ? - ele me olhou inteira

- O quê ? Não. - falei

- Interessante ... - ele riu e levantou da cadeira, se aproximou de mim e então, num golpe só me empurrou na parede. - Olha só, eu não gosto de meninas intrometidas que vêm me dizer o que devo fazer. Vai embora agora se não eu vou ter todo o prazer de te tirar a força. - seu hálito era de whisky

Ele pegou meu braço com força e empurrou para fora da sala.

Saí correndo de lá, lágrimas nos olhos e uma vontade imensa de ficar ali, no chão. Chorando em posição fetal.

 ∆ *Por Ele* ∆Onde histórias criam vida. Descubra agora