∆ Trinta ∆

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Depois de ficar quatro horas inteiras ouvindo meu pai falar e falar e brigar comigo, eu me deitei.

Não consegui dormir, fiquei pensando em Ben e em Julian.

Julian ... Como será que ele está ? O que será que ele disse no interrogatório ?

Fiquei a madrugada inteira assistindo e tomando café, para me manter acordada.

(...)

  Já de manhã, fui a delegacia com o meu pai para prestar o meu depoimento.

- Será que eu vou ficar presa ? - perguntei ao meu pai

- Não acho que ficará presa, mas se Ben quiser prestar queixa ... Você pode se encrencar minha filha. - ele estacionou o carro e entramos

   Fui para a sala de interrogatório e disse tudo o que fiz desde o começo.
Pelo o que observei, devem ter acreditado em mim e disseram que o melhor que fiz foi ter contado minha parte da história.

Saí da sala e vi meu pai olhando alguns papéis.

- Pai, cadê o Julian ?? - perguntei

- Bem, ele foi liberado depois de prestar depoimento.  - disse ele

- Então ele não vai ficar preso ???

- Se a história dele bater com a sua, não. Mas na verdade o que valerá mesmo, é a parte do Ben.

- Está certo ... - falei. - Posso ir pra casa ?

- Vai mesmo pra casa ?

- Vou.

- Vai lá.

   Peguei um táxi e segui pra casa.

Julian estava lá no meu quarto.

- Julian .. - o beijei e o abracei

- O que fizemos foi uma tremenda loucura. - disse ele

- Eu sei mas ... Acabou tudo bem, certo ?

- Tudo bem ? Ben está internado com a cara arrebentada, quase morreu por nossa causa Ária.

- Mas ...

- Assim que ele estiver pronto para depor, vou mandar ele me acusar por tentativa de assassinato. - ele estava de pé

- Não! Está louco ? Ele não vai querer e ...

- Eu me entrego então. Eu realmente tentei matá-lo.

- O quê ?

- Você acha que Bob vai ficar preso pra sempre ?? Não, ele não vai. E, quando ele sair vai arranjar um jeito de abrir um novo negócio e vai vir atrás de mim.

- Ele vai ficar preso por muito tempo ainda, amor. - falei. - Não acredito que agora que finalmente tudo acabou, você queira ser preso. - me deitei na cama

- É o certo a fazer.

- Mas se o Ben não quiser dar queixa você não pode obrigá-lo! - estava brava

- Ele vai dar queixa. - ele começou a caminhar pra fora

- Espera! - ele parou e fui até ele. - Está com raiva de mim ?

- Não, claro que não. Eu sei que você fez tudo isso por mim ... Agradeço de coração. Só quero que as coisas fiquem justas para todos. - ele me beijou

(...)
No dia seguinte, peguei um táxi para ir até o hospital.

- Oi, eu sou Ária e vim ver o  paciente Ben Clarkin, ele deu entrada aqui ontem ...

- RG, por favor. - ela me pediu

- Ah, aqui. - entreguei a ela

- Ele está no quarto 122, é só pegar o elevador e subir ao andar 7, você vai dar de cara com o quarto.

- Ta bem, obrigada. - ela me entregou uma fita e eu colei no braço

  Entrei no elevador e apertei o botão do número 7.

Como a recepcionista havia me dito, eu dei de cara com o quarto. Olhei primeiro pela janela, ele estava com os olhos fechados e Jolie estava sentada ao lado dele, numa cadeira segurando a mão do mesmo enquanto dormia em cima do próprio braço.

Entrei na sala e ela abriu os olhos.

- Oi ... - falei

- Oi. - os olhos dela estavam inchados, devia ter passado a noite em claro e chorando

- Como ele está ? - perguntei

- Fodido ?

- Jolie ...

- Os médicos disseram que o pior já passou, ele não corre mais risco de morte. - assenti. - No entanto, ele vai sentir dores insuportáveis por semanas.

- Eu sinto muito ... Sério, você nem pode imaginar o quanto eu me sinto culpada por ter deixado isso acontecer com ele.

- Agora não importa mais.  - ela olhou para ele, que abriu os olhos

- Será que eu posso ficar um pouco sozinha com ele ? - pedi a ela. - Você pode descer para tomar um café.

Ela olhou para Ben, ele assentiu.

- Está certo. - passou por mim e desceu

- Ben ... - olhei para ele, seu rosto machucado, olhos inchados, boca inchada, curativo no nariz e tomando inalação. Sem contar as agulhas enfiadas em teu braço. - Eu estou péssima, me perdoa. - comecei a chorar

- Tudo bem ... - ele sussurrou pela inalação

-  Julian quer que você preste queixa contra ele ... Pra ..ele ficar preso e ... - comecei a soluçar. - Eu não quero isso! Eu não queria nada disso, eu só queria que ele saísse dessa vida para viver como uma pessoa normal e agora você está aí nesta cama de hospital .... - solucei, funguei, deitei em sua barriga e chorei como criança

- Ei ... - ele sussurrou outra vez e eu o olhei. - Vai ficar tudo bem ...

- Você.... - limpei o nariz. - Você pode denunciar Julian. - fiquei séria por um momento. - Você pode me denunciar. Eu sei que se você me denunciar, ele vai ser acusado também então ... Vai em frente.

Ben fez que não com a cabeça.

- Mas Ben, nós merecemos! - falei. - Eu te juro que até ontem estava disposta a fazer de tudo para Julian não se encrencar. Mas agora, te vendo como nós o deixamos .. merecemos isso.

Ele ficou me olhando, como se tivesse me avaliando. Tentando captar se estava dizendo a verdade ou tentando comovê-lo.

- Se veio aqui para pedir para ele depôr contra você e seu namoradinho, vai perder seu tempo. - Jolie entrou com um copo de cappoccino na mão. - Ele não vai fazer isso.

- Você foi rápida. - falei

- Não queria te deixar sozinha com ele.

- Está exagerando, Jolie. - falei num tom firme

- Eu sei. Vou continuar assim até Ben se recuperar, mas pode ter certeza que meu ódio por Julian será eterno.

- O que você sente por Julian sinceramente não me interessa. - olhei para Ben. - Eu ainda volto. - beijei a cabeça dele

 ∆ *Por Ele* ∆Onde histórias criam vida. Descubra agora