∆ Vinte e Seis ∆

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- Como foi mesmo que seu celular quebrou ? - eu estava na cozinha, vendo meu pai preparar o almoço

- Ele estava no balcão junto com outras coisas minha da escola, então quando eu fui recolher minhas coisas, dei um tapa sem querer no celular e ele se espatifou no chão. - eu tinha passado a madrugada inteira pensando num jeito de explicar isso

- Hmm ... - ele coçou o queixo, não estava convencido

- Além disso, meu celular estava velho e antigo. - falei. - Isso é um sinal pra eu ter outro!

- Filha ... Os celulares de hoje em dia são todos avançados ... Cheios de coisas que não presta nessa tal de internet.

- Pai, eu quero um celular apenas para mandar mensagem e fazer ligações. - falei

- É, mas o Theo dizia a mesma coisa para o Fred e agora ele tem até Facebook e WhatsApp. Eu não sei quem é esse Facebook mas o Theo me contou que dá pra você "pegar novinhas" distantes. - ele mecheu a panela

- Facebook e WhatsApp são aplicativos pai. - revirei os olhos. - E pouco me importa isso, só quero um celular novo! Pode me comprar um, por favor ???

- Ta bem ... Depois que almoçarmos vamos na loja comprar um celular novo. - ele falou

- Aaaaah, obrigada! - beijei sua bochecha

- De nada minha filha ...

Ganhei um Galaxy J6 prateado.
Baixei várias músicas, a maioria depressivas e tristes.

Coloquei crédito e mandei mensagem a Julian.

Vou ir vê-lo na luta de sábado.
Prometo que será a última vez que te procuro.

  Soltei o celular na cama e fui pegar uma cerveja na geladeira.

- Bebendo de novo ? - meu pai brigou

- Tenho 18. - foi tudo o que eu disse e subi pro quarto

(...)
Na semana que se seguiu, meus dias se resumiram à:
Bebidas
Filmes
Bebidas
Músicas
Bebidas
Bebidas.

  Sábado finalmente chegou e Jolie me entregou um ingresso.

- Diego não vai ? - perguntei

- Ele decidiu que não quer ver tal cena, porque já imagina como vai acabar. - ela entrou no jipe e eu a segui

  A cada rua que Jolie virava e se aproximava cada vez mais do cactos, eu suava frio e minha garganta ficava seca.

- Ta bom, toma. - ela estacionou o carro e me entregou um óculos com lentes escuras

- Pra que isso ?

- Pra ele não ver o quão desesperada você está sem ele. - olhei no retrovisor. Olhos inchados e com olheiras

- Okay ...  - coloquei o óculos e ajeitei o cabelo

- Ótimo, vamos.

Entramos.

Jolie foi pegar bebidas e eu fui direto no camarim.

Havia um outro homem lá.

- Ah .. me desculpe, achei que Julian estava aqui. - falei ao cara alto na minha frente

- Brooke não vem hoje. - disse ele

- O quê ? Você sabe por quê ?

- Ele deu um tempo. - senti um alívio

- Bob Creed finalmente deixou ele livre. - falei em voz alta

- Ele tem três semanas. - o cara falou

- Isso não é justo!

- Você vê algo aqui dentro que pareça justo ? - ele sorriu e passou por mim, indo pro ringue

- Vou até a casa dele. - falei

Achei Jolie na segunda fileira.

- E aí ? - ela me perguntou

- Ele está de folga por três semanas.

- Isso é um sinal. - disse ela dando um gole de vodca

- Sim, um sinal pra eu ir até a casa dele! - falei

- Quê ? Não! - ela suspirou. - Um sinal pra seguir em frente e esquecer ele duma vez.

- Não posso fazer isso ... - falei

- Eu não vou até o apê dele. - disse ela

- Ta bem, ótimo. Me empresta as chaves do jipe que eu mesma vou. - sorri

- Ária ...

- É a última vez, eu prometo. - disse eu

- Ta booooom. - ela me entregou as chaves

- Obrigada.

  Dirigi até o apartamento dele e parei na recepção.

- Oi Joseph. - sorri

- Ah, olá moça bonita. - ele se alegrou

- Pode avisar a Julian que estou aqui ?

- Ah, me desculpe mas ... O senhor Brooke não mora mais aqui. - meus olhos marejaram

- Como ?

- Ele se mudou faz uns quatro dias.

- Não disse onde moraria agora ?

- Não disse, não.

- Ta bem, obrigada.

- De nada.

  Entrei no jipe e chorei.

 ∆ *Por Ele* ∆Onde histórias criam vida. Descubra agora