Capítulo 4

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Eu sentia a luz entrando pelo fecho da janela e atrapalhar meu sono. Uma batida na porta me fez cobrir a cabeça e murmurar em alguma língua que nem eu conhecia.

- Acorda , dorminhoca. - chamou minha mãe, abrindo a minha porta.
- Agora não. - resmunguei.
- Está tarde, Elisa. Vamos levantar e aproveitar esse belo dia. - disse ela, sentando na minha cama.
- Estou aproveitando ele aqui, deitada, no conforto da minha cama. - afirmei. 

Então, senti suas mãos na minha barriga, fazendo cócegas. Após alguns segundos, lágrimas enchiam meus olhos e minha barriga doía de tanto rir.

- Hora de levantar? - perguntou ela.
- Hora de levantar, Dona Kate. - confirmei, sentando. 
- Vou arrumar o café-da-manhã. - afirmou ela, abrindo a porta da minha sacada e saindo do meu quarto. 

Olhei para a luz que entrava no meu quarto e murmurei, desanimada:
- Agora sei como os vampiros se sentem. - e fui ao banheiro. 

Fiz minha higiene rapidamente, já que meu estômago roncava. Assim que parei perto da minha cama para pegar o meu celular, vi uma sombra na minha sacada. 
- Fala sério! Está aí a quanto tempo, Trevor? - perguntei, em um tom baixo.

Apenas metade do seu rosto apareceu e ele demonstrava um largo sorriso.
- Alguns minutos. Você tem uma relação muito bonita com a sua mãe. - retrucou ele.
- Obrigada. Agora, vai embora. Está colocando meu pescoço na guilhotina assim. - retruquei.
- Elisa, estou indo ali na Irene. É rápido. Já volto. - gritou minha mãe, da cozinha.

Meu primeiro pensamento foi: O  quê?! Volta aqui, mulher. Assim você dá  brecha para o maluco aqui ficar. Mas respondi diferente:
- Tudo bem. - falei.

Escutamos a porta se fechar. 
- Parece que seu pescoço foi tirado da guilhotina. - afirmou ele.
- É. E eu vou pôr o seu. Afinal, o que está fazendo aqui? Não me diga que perdeu o cronograma de novo. - supus.
- Na verdade, não. Gosto de treinar pelas manhãs e os prédios daqui são ótimos para saltar. Como estava por perto, passei apenas para ver se estava tudo bem com vossa realeza. - explicou ele.
- Você teve muita sorte agora. Aqui não temos muitas regras, mas uma delas é não trazer visitas enquanto minha mãe está trabalhando. Ultimamente, ando descumprindo muito essa regra e estou fazendo o possível para não ser descoberta. Você também tem que cooperar. - comentei, cruzando os braços.
- Certo, majestade. Foi  um erro imperdoável da minha parte. Perdoe-me. - disse ele, se ajoelhando.

Trevor pegou em minha mão e depositou um beijo. Suspirei e olhei para o céu.
- Assim, Deus, vamos conversar. O que o Senhor tem contra mim? Por que estou pagando um carma tão grande? Foi aquela vez que colei na prova de matemática, não foi? Desculpe. Estava precisando de nota. - comentei, incrédula. 

Olhei para Trevor e revirei os olhos.
-Levanta, maluco. Está tudo bem, mas dá próxima vez que apareceu aqui quando minha mãe estiver, não vou pensar duas vezes antes de te empurrar sacada abaixo. - exclamei, séria.
- Não é a primeira vez que me ameaça assim. - disse ele, sorrindo.
- E parece que não aprende. - contra-ataquei.
- Entendi o recado. Não se...- confessou ele.
- Elisa! Voltei. - comentou minha mãe, vindo até meu quarto.
- Atrás da porta. Rápido. - sussurrei.

Acompanhei-o e parei ao lado da porta, evitando que mamãe passasse dali. 
- Vamos comer. O que tanto faz no quarto? - perguntou ela.
- Nada. Estava conversando com a Evie, vendo se não esqueci nenhum dever. Eu te disse que não quero começar esse ano mal. - respondi.

Written In The StarsOnde histórias criam vida. Descubra agora