Acordei com uma claridade incômoda. Fechei os olhos forte, tentando evitar que tanta luz chegasse nas minha íris. Eu ia ficar ceda assim. Será que tinha morrido? Se aquele é o paraíso, eu teria que conversar com Deus sobre o excesso de luz. Abri os olhos devagar, adaptando-me a luminosidade.
Quando enfim, conseguia ver, observei tudo com mais clareza. Não, eu não tinha morrido. Pelo contrário, estava viva e no sofá da sala da casa no lago. Sentei devagar, deixando a coberta escorregar pelos meus braços. Olhei para frente e vi Trevor dormindo em uma poltrona ao lado do sofá. Será que ele tinha passado a noite ali? Coitado! Senti um peso no coração ao ter tal pensamento. Aquela poltrona não me parecia confortável. Apoiei meus pés descalços no piso de madeira e os levantei rapidamente, em reação ao frio. Neguei com a cabeça e levantei, indo na direção de Trevor. Segurei em seu ombro, mexendo. Ele não demorou a acordei, mas levou um susto. Acho que não esperava ser acordado por mim. Assim que seu cérebro começou a funcionar, ele sorriu. Eu nunca tive essa atitude: ou sorria ou acordava cedo. Os dois não dava!
- Você passou a noite nessa poltrona? - perguntei, voltando a sentar no sofá.
- Fiquei preocupado. Achei que poderia passar mal. - respondeu ele. - Como está se sentindo? E sua cabeça?
- Melhor. Não se preocupe com isso. Digamos que já bati a cabeça outras vezes e nada aconteceu. Já caí da escada; dei de cara com uma parede; caí da cama; tropecei no meu próprio pé e muitas outras coisas. - respondi.
- Você desmaiou algumas vezes. Eu queria te levar no médico, mas você mesma disse que não.
- Falei dormindo?
- Sim.
- Acontece.
- Fiquei com medo de te deixar dormir. Ouvi falar que quando uma pessoa bate a cabeça, é perigoso deixá-la dormir.
- É só um mito. Já foi comprovado que é recomendável deixar a pessoa dormir, já que o descanso mental ajuda na recuperação.
- O que realmente aconteceu?
- Resumidamente? Eu vi um coelho e decidi seguir ele, porque ele era muito fofo. Então, como estava escuro, não vi o buraco e caí.
- É perigoso andar na floresta a noite.
- Achei que não teria problema. Foi um grande descuido da minha parte.Trevor abaixou a cabeça.
- Desculpe por ter brigado contigo ontem. Estava certa em relação a bebida. Sinto-me mal por ter discutido sobre algo tão banal. - confessou ele.
- Na verdade, um pouco da culpa é minha. Eu queria que entendesse algo que não sabe, algo que não contei. Isso era pedir demais. - argumentei.
- E quer falar sobre? - perguntou ele.
- Não. Não foi necessário falar antes, também não será se falar agora. Eu aprendi da forma mais dura que a vida segue uma direção: em frente. Ou você acompanha ou ficará para trás. Não falo do meu passado porque não me agrada e não traz o aprendizado necessário. Acho que ainda não o superei por completo. - contei.
- Parece que todo mundo tem algo do passado que não gosta. - comentou ele.Ri.
- Realmente. Eu fujo descaradamente do meu. - confessei, sorrindo.
- Espero que algo dia poderemos falar disso abertamente. - confirmou ele.
- Que esse dia chegue! - falei.Trevor relaxou na poltrona.
- Você parece bem. Pelo menos, o humor está intacto. - resmungou ele.
- Estou bem. Minha única preocupação será convencer Dona Kate de que não é preciso ir ao hospital. Essa vai ser a parte mais difícil. - afirmei.
- Acho que sua mãe nunca mais vai deixar você sair.
- Se dependesse dos meus machucados para sair, eu estaria em uma torre, trancada a sete chaves, um exército e três dragões.
- Como uma legítima princesa.
- Eca! Dispenso. Minha mãe sabe que sou assim.
- Atrapalhada? Desastrada? Desatenta? Lerda?Joguei uma almofada nele.
- Pare de falar meus defeitos! Isso é uma completa falta de educação. Agora sei o que quis dizer com sinceridade demais. - anunciei.
- Feitiço virou contra a própria feiticeira. - brincou ele, sentando- se ao meu lado.Olhei diretamente para ele.
- Devo ser uma pessoa horrível com tantos defeitos assim. - dramatizei. - Se eu fosse você, nem voltava na minha casa a partir de hoje.
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Written In The Stars
Teen FictionElisa é uma garota comum. Está no seu último ano escolar e vive tranquilamente com sua mãe num apartamento em um bairro de classe média. Porém, sua vida mudou drasticamente quando um garoto entra em seu quarto. Trevor só queria liberdade e fugir d...