Capítulo 18

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Era dia seguinte, dia do vestibular e toda a escola parecia um enterro. Todos estavam apreensivos, inclusive Elisa e Evie. As três amigas chegaram cedo na escola e foram para seus habituais lugares, porém Elisa já estava psicologicamente preparada para as provocações de Kimberly. Prometera a si mesma que não se estressaria por pouca coisa, então manteve-se calma e serena. Sua vida escolar estava em jogo, seus anos de estudos seriam testados naquela manhã e ela sentia que não podia falhar. Aquela era a garantia de uma vida melhor para ela e sua mãe. Elisa faria o seu melhor.

Estava concentrada, revendo mentalmente os principais tópicos de estudos, quando percebeu o silêncio mortal que se espalhou pela sala. Charlotte a cutucou leve na costela e Elisa levantou o olhar, reparando que todos olhavam dela para Kimberly que se encontrava na porta da sala. Como se fosse sua deixa, Kimberly caminhou até Elisa, batendo as palmas da mão em sua mesa.

- Quem você pensa que é? - perguntou Kimberly.

Elisa se levantou, colocando as mãos nos bolsos e esboçou um pequeno sorriso irônico.
- Pelo que consta na minha certidão de nascimento, sou Elisabeth Fisher. - respondeu.
- Sua patética, você de classe tão baixa, não tem nenhum direito de conversar com alguém como o Trevor Spark. - contra-atacou a garota.
- É mesmo? Quem diria! - esboçou Elisa, se divertindo com a raiva de Kimberly. - Afinal, por que está tão estressada assim? Será pelo fato dele não lembrar da sua existência? Ou por que Trevor prefira a mim? Ah, já sei! Foi porque ele também sabe que dinheiro não preenche o caráter! Você pode ter rios de ouro que isso não mudará o fato que ninguém tem o prazer em conhecê-la.

Ninguém naquela pequena sala esperava pelo ato imprudente de Kimberly, nem Elisa. Apenas escutou o som alto e a ardência em sua bochecha esquerda. Elisa se controlou com todas as suas forças para não reagir àquele tapa. Respirava fundo para não ser tão impulsiva. Kimberly bufava, claramente zangada.

- Não ouse se aproximar dele novamente ou as coisas ficarão muito desagradáveis para você. - ameaçou Kimberly.
- Não vejo razão para te ouvir ou levá-la a sério. - respondeu Elisa.

Um tapa foi pouco? Quer levar outro, Elisa?, pensou consigo mesma.

- Eu vou transformar sua vida em um inferno...- grunhiu Kimberly.
- Experimente. Estou esperando por isso. Você acha mesmo que eu vou abaixar a cabeça para você? Que manda na minha vida ou na vida de qualquer um aqui? Você pode ter estabelecido sua hierarquia na base do medo, mas isso acabou. Eu não tenho medo de você e não vou cortar minha relação com Trevor porque você quer. - concluiu Elisa, se impondo.
- Bom dia, alunos. - falou o professor, entrando na sala. Então, reparou que todos alunos estavam com seus olhares fixos na discussão. - O que está acontecendo aqui?
- O senhor está atrapalhando a briga do ano. - anunciou uma aluna.

O professor de Filosofia olhou em volta a procura da briga e reparou a tensão entre suas duas alunas, que permaneciam de pé e não falavam mais nada, porém os olhos travavam uma briga silenciosa.
- Elisa! Kimberly! Sentem-se em seus lugares. - pediu o professor, acabando com a conversa das duas. - Estão atrapalhando a aula.

Elisa apenas abaixou a cabeça e se sentou novamente.
- Desculpe, professor Luiz Fagner. - murmurou um pouco triste por estar incomodando a aula da sua matéria favorita.

Kimberly bateu o pé e antes de se sentar, disse:
- Meu pai ficará sabendo disso!
- Claro. Corra para o papai. - resmungou Elisa, relaxando na cadeira.

Por mais que tivesse discutido e levado um bom tapa, Elisa não estava nervosa. Aquilo não mudava nada em sua vida. Kimberly era um ser indiferente para seu mundo; não agregava nada em sua existência. Evie cutucou seu ombro e sussurrou:
- Você cutucou a onça com vara curta.
- Eu sei. - respondeu Elisa, rindo. - Mas eu aguento com ela. Alguém tinha que reagir, não é?

Written In The StarsOnde histórias criam vida. Descubra agora