XIV

22 4 0
                                    

2020(presente):

"O que é que disseste?" A mulher pergunta demasiado interessada.

Exatamente como eu queria.

"Eu disse o que tinha que dizer. O que me parecia certo naquele momento." Eu respondo continuando a história.


2015 (passado):

"Porque eu sei o que sentes por mim e não é recíproco, Luke." Eu falo e ele imediatamente olha para o chão, brincando com o piercing nos seus lábios.
"Desculpa." Eu completo e ele olha para mim sorrindo.

"Só isso? Eu pensei que me odiavas!" Ele comenta suspirando antes.

"Nunca!" Eu conforto sorrindo.

Então é por isso que ele me estava a responder da maneira que estava.

"Eu não sei exatamente o que é que te disseram, mas não é nada demais." Ele diz aproximando-se de mim. "O que eu tenho por ti é um interesse, só isso." Ele continua aproximando-se mais, demais para o meu gosto.

"Luke." Eu digo colocando a minha mão no seu peito, afastando-o.

"Luke!" Diz o meu irmão muito baixo, mas o suficiente para ambos o ouvir.

Imediatamente olhamos para o Joe com olhares incrédulos.

"Ele disse o meu nome?" O Luke questiona afastando-se de mim, finalmente.

"Eu acho que sim!" Eu respondo pousando a comida numa mesa por perto.

"Demorou duas horas, mas funcionou!" Ele diz celebrando e aproximando-se mais do meu irmão. "Diz outra vez Luke!" Ele pede numa voz efeminizada.

"Luke." O meu irmão repete e o Luke ri em celebração, fazendo o Joe rir, o que me fez rir.

"Tu passas-te as últimas duas horas a ensinar-lhe o teu nome?" Eu pergunto ao Luke, aproximando-me dos dois.

"Não só, mas sim!" Ele diz levantando-se com um sorriso enorme plantado nos lábios. "Mas em relação a nós!" Ele diz virando-se na minha direção.

"Nós? Não há nenhum nós! Nós não há aqui! Só aquela noz!" Eu falo estupidamente apontando para uma tigela com frutos secos no balcão da cozinha em comum que nos encontramos.

O Luke começa a rir, quando eu fecho os olhos devido ao momento constrangedor que tinha anteriormente acontecido.

"Finalmente encontrei-vos!" Diz o Michael entrando no recinto. "O que é que tem tanta piada?" Ele pergunta notando as nossas risadas constrangedoras.

"O puto disse o meu nome!" O Luke diz ignorando o que se tinha passado anteriormente.

"A sério?" O Michael diz aproximando-se do meu irmão. "Diz Michael! Michael!" Ele pede ajoelhando-se, ficando ao mesmo nível que o Joe.

Em vez de obedecer ao pedido do Michael, o Joe começa a dar risadas e a dizer o nome do Luke.

"Só funciona comigo, bro!" O Luke diz, pousando a mão dele no ombro do Michael em conforto.

"Bem, eventualmente ele irá dizer!" O Michael promete, levantando-se. "Então como correu a apresentação?" Ele pergunta.

"Podia ter corrido melhor, mas foi melhor do que eu esperava, devido às circunstâncias." Eu respondo e continuo a dar de comer á criança á minha frente.

"Tens aulas á tarde?" O Michael questiona.

"Tenho, mas são aquelas de fim de semestre, posso faltar na boa!" Eu respondo.

"Bem, eu vou comer que tenho aula daqui a menos de uma hora!" O Luke diz antes de se despedir.

"Obrigada por tomares conta do Joe." Eu agradeço antes de ele ir embora.

"De nada." O Luke finaliza e sai da sala.

"Já comeste?" Eu pergunto ao Michael.

"Ainda não..." Ele responde sentando á minha beira.

"Eu acho que ainda tem aí pizzas congeladas, podemos fazer!" Eu proponho e ele acena indo em direção do frigorífico.


2020 (presente):

"Ok, eu não quero saber coisas tão normais como essas, senão ficamos aqui a vida inteira, avança." A senhora ordena interrompendo a minha história aborrecida.

Eu só estava a tentar conseguir mais tempo... Senão não sei como sairemos desta espelunca.

"Ok, então resumindo. Só faltavam 3 dias para acabar o semestre, por isso foi fácil. Só fui às aulas essenciais e quando ia, um dos rapazes ou não tinha aula ou faltava para tomar conta do Joe.
No que vem a isso, eles foram excelentes, não se queixaram, nem nunca me atiraram á cara de que me ajudaram numa altura em que eu precisava, algo que nunca me tinha ocorrido." Eu falo relembrando-me dos bons tempos
"Depois de acabar o semestre fui para casa. A esta altura o meu pai já tinha chegado á 2 dias e eles já tinham levado a minha mãe ao médico..."

2015 (passado):

"Pai!" Eu berro entrando na casa á qual já estou mais do que familiarizada.

"Uma ajudinha, não?" Eu reclamo quando ele sai da cozinha, para o corredor em que me encontrava.

Nos meus braços, tinha o Joe, a cadeirinha dele, a saca de brinquedos e a mala de roupa, tudo muito apertadinho ao meu corpo para não caírem.

"Então como tens estado?" O meu pai pergunta quando pousamos tudo no sítio e metemos o Joe a dormir.

Por um momento penso seriamente em lhe dizer tudo que tem acontecido.
O facto de ainda não conseguir dormir bem à noite, porque um rapaz demasiado bêbado me fez sentir horrível e tudo por causa dum jogo.
Ou que os ataques de ansiedade voltaram por causa da minha mãe.
Ou o facto de eu me sentir como um zombie, porque só tenho 18 anos e tomar conta de um puto de 1 ano não é fácil.
Ou o facto de eu ser a única pessoa que sabe quem o filho dele realmente é e das coisas terríveis que ele fez.

"Tenho estado bem, apesar das circunstâncias." Eu respondo mentindo com todos os dentes.

"Eu sei que é difícil." Ele diz sentando-se no sofá. "Eu pensei que isto já tinha acabado." Ele continua mencionando os ataques da minha mãe. "Mas eu também não sei o que fazer..." Ele finaliza.

"Fica aqui. Cuida dela." Eu digo sentando-me ao lado dele.

"Tu sabes que eu não posso. Principalmente depois disto. A empresa da tua mãe disse mais um episódio e ela teria que ir. Eles não podem contar com uma pessoa tão instável. Mais do que nunca, precisamos do meu ordenado." Ele justifica e eu, mentalmente, bato-me por pensar que seria agora que ele ficaria.


Já ouvi todas as desculpas possíveis e volta sempre à mesma coisa, dinheiro.

Eu levanto-me para não chorar à frente dele.

"Alison." O meu pai diz num tom suave.

"Estou cansada. Vou dormir." Eu digo seguindo em frente e entrando no meu quarto.

Não estou a mentir, estou mesmo exausta.
Por mais que tente esquecer ou minimizar a situação toda não consigo.
O Alex pode não ter acabado o que começou, mas mesmo assim conseguiu com que eu me sentisse violada.
E isso não é um sentimento que passa com o tempo.

Por mais que tente.



(Hey, não sei alguém lê isto ou não. Mas se sim, obrigada! Já agora, eu fiz um trailer para esta fic. O vídeo está no link ligado à este capítulo. Até à próxima! 💓😘)

The A Team (fanfic portuguesa-5sos)Onde histórias criam vida. Descubra agora