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"Eu não aguento isto!" O Michael reclama entrando no nosso dormitório.

"Que foi?" Eu questiono desviando a atenção dos meus estudos.

"É a Tracy! Está sempre cheia de ciúmes!" Ele responde saltando para a cama.

"Todas as raparigas para ela são uma ameaça. Ainda hoje tive que fazer um trabalho com uma colega e ela passou o tempo todo a mandar mensagens, sempre a perguntar o que se estava a passar. E agora perdeu a cabeça só porque não lhe respondi durante uma hora. Eu estava a fazer um trabalho!" O Michael explica irritado tirando os tênis enquanto deitado.

"Meu Deus!" Eu digo concordando com ele.

Eles, ultimamente, têm sido sempre assim. Principalmente nas últimas duas semanas, sempre, sempre a discutir. Constantemente.

O pior de tudo é que, geralmente, eu estou sempre aqui e eles discutem mesmo à minha frente e às vezes ainda me metem nas discussões.

"Bem, eu vou tomar um banho rápido antes que eles cheguem." Ele informa mudando de assunto.

"Eles? Eles quem?" Eu interrogo.

"O Calum, o Ashton... e o Luke." Ele responde baixando a voz no terceiro nome.

"Eu vou estudar na biblioteca." Falo fechando os meus livros.

"Afinal o que é que se passou entre vocês?" Ele pergunta fartando-se da minha atitude de sempre fugir quando o Luke está por perto.

"Luke, eventualmente vais ter que abrir a porta." Eu ameaço enquanto continuo com as batidas constantes na sua porta.

"Alison?" O Sebastian fala quando chega à porta do seu quarto. "Queres que te deixe entrar?" Ele oferece quando percebe o que está a passar.

"Agradecia." Eu aceito sorrindo.

Ele coloca a chave na porta e pede que eu não demore muito antes de a abrir e sair de lá, para nos dar privacidade.

"A sério?" O Luke reclama quando vê que sou eu.

"Luke acalma-te." Eu peço quando ele se levanta rapidamente e tenta sair.

"Desculpa." Eu falo juntando os nossos corpos num abraço.

Eu sinto o coração dele a bater contra a parte superior do meu peito e a respiração dele no topo da minha cabeça.

"Uma coisa é sem sentimentos, outra é com sentimentos por outra pessoa." Ele fala quando se acalma.

"Eu enganei-me a dizer um nome, isso não quer dizer nada." Eu argumento tentando o beijar mas ele vira a cara.

"Se conseguires dizer honestamente que não sentes nada por ele, eu esqueço isto tudo!" Ele pede baixando a cabeça para me olhar nos olhos.

"Eu não consigo." Admito acrescentando espaço entre nós.

"Então está tudo acabado." Ele termina virando-se, à espera que eu saia.

"Desculpa." Eu digo antes de fechar a porta.

"Já vais?" O Sebastian questiona quando passo por ele nas escadas para o segundo piso, o do meu quarto, ele está sentado a ouvir música e com um caderno à sua frente.

"Sim, já terminou a nossa conversa. Já acabou tudo." Eu respondo fracamente subindo as escadas.

"Nada de mais, simplesmente não resultaram as coisas entre nós." Eu respondo à pergunta do Michael.

Ele bufa, sabendo que eu não estava a ser honesta.

"Seja lá o que se passou, isto não pode continuar..." Ele diz pegando nos essenciais para tomar banho. "Muita coisa está a mudar e eu não gosto disso." O Michael termina entrando na casa de banho.

E com as palavras dele fico e com as do Ashton e com as do Calum... e até com as Luke.

Todos, resumidamente, disseram que isto não ter que ser assim e que sempre podemos voltar ao que éramos.

Mas o problema aqui sou eu.

É mais do que óbvio...

Eu meti-me onde não era chamada.

Eu é que causei o acidente.

Eu é que menti.

Eu é que magoei o Michael.

Eu é que magoei o Luke.

Pela segunda vez.

E agora querem voltar ao que era? Assim do nada?

Para mim não dá.

Eu sinto que sou a Yoko Ono e eles os The Beatles.

E toda a gente a odeia por algum motivo.

Eu passei dos limites, por isso agora vou restringir a minha relação com eles.

Que tipo de pessoa faz o que eu fiz ao Luke? E até ao Michael, porque, mesmo sabendo que ele tinha sentimentos por mim, continuei o que tinha com o melhor amigo dele.

Isto é o tipo de merdice que uma rapariga de 12 anos faz.

Eu agi quando magoada, sim, mas isso não justifica as minhas decisões.

Presente (2020):

"Não achas que estavas a ser demasiado dura contigo mesma?" A mulher interrompe o meu comboio de pensamentos.

"Agora? Sim. Mas naquela altura eu estava a entrar numa depressão e tudo que eu pudesse usar para me sentir pior, eu usava.

Era uma maneira de justificar e de sentir algo.

Essa é a coisa com depressões.

Não quer dizer que estás triste. Às vezes, simplesmente, não sentes nada.

Vives a vida sem objetivos, sem razões para continuar e viver sem sentimentos é um mecanismo de defesa para não pensar demasiado na vida e acabar por tomar decisões precipitadas.

O tempo cura tudo, verdade. Até uma depressão.

Mas não cura o medo.

E o medo é intrigante, apanha-nos de surpresa.

Até hoje ainda não consigo conduzir... já o fiz em situações de emergência. Mas já passaram 5 anos e mesmo assim ainda não tenho a coragem de conduzir ou de voltar a tirar a carta. Estúpido, não é? Mas essa é coisa interessante sobre medos. São irracionais."

The A Team (fanfic portuguesa-5sos)Onde histórias criam vida. Descubra agora