XXII

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Medo, a sensação de que algo está prestes a acontecer. Proporciona um estado alarmante e de receio, afetando o ser humano psicologicamente e fisicamente.

Todos temos os nossos medos.

O Calum tem medo de gatos, porque acha que eles são uma miniatura de tigres.

O Ashton tem medo de falhar, por isso está sempre a fazer algo, sempre a tentar melhorar.

O Luke tem medo de alturas e, ironicamente, é muito alto.

E o Michael tem medo de falar o que sente, algo que ajudou para esta confusão.

E eu?

Neste momento eu tenho medo de por os pés num carro, tenho medo de destruir a minha amizade com o Luke, tenho medo que o Michael descubra a verdade, tenho medo que o Ashton se farte do meu drama e pare de ser meu amigo, tenho medo que o Calum conte o que se passou.

Esse é o meu medo, a verdade que vem do meu pânico de perder os melhores amigos que alguma vez tive.

Este jantar é basicamente todos os meus medos juntos numa mesa.

Eu balanço as minhas pernas numa tentativa de acalmar a minha ansiedade enquanto estamos no carro a caminho do restaurante, mas não resulta.

Isto é literalmente o meu pior pesadelo: carros e eles.

"Isto é racismo!" Reclama o Michael do banco de trás.

"Eu acho que tu não sabes o significado de racismo!" Comenta o Ashton lançando-lhe um olhar reprovador.

"Sei sim e é o que está a acontecer aqui! Os que já fizeram anos vão á frente e os rejeitados cá trás!" Michael continua.

"Tantos erros numa única frase!" O Luke critica e eu observo-os pelo espelho do lado de passageiro.

Estou tão nervosa e com tanta ansiedade dentro de mim que nem consigo falar. Desde que entrei neste veiculo nem disse mais do que duas palavras.

"Ui! Olha o que está a dar!" O Calum alerta enquanto aumenta o som do rádio no volante.

Todos começam a cantar ao som de “Uptown Funk” do Bruno Mars, exceto eu.

"Canta, Alison!" grita o Michael no meio da música.

Eis uma coisa sobre medos, eles serão sempre medos se os ignorarmos e quanto mais o fizermos, mais eles crescem.

Medo é quem está a viver a minha vida, neste momento.

Eu deixo-o me controlar, tomar decisões por mim e, até agora, isso só tem piorado as coisas.
Talvez seja a altura de mudar de estratégia.

Por isso, junto-me a eles numa cantoria desafinada e numa dança descoordenada e o medo lentamente começa a desaparecer.

A partir da aí, a conversa flui naturalmente.

O meu plano era manter uma amizade simples com eles até ao final do ano letivo e visto que só falta um mês, não seria tão difícil. E depois para o ano, mudaria de dormitório, de preferência para um feminino, desta vez, e continuaria a minha vida sem complicações.

Sem este triângulo amoroso que nem todas as partes sabem que estão metidas num triângulo amoroso.

Sem amizades fundadas em mentiras e cheias de segredos.

Sem ninguém ter que conter sentimentos ou emoções, sejam negativas ou positivas.

Por isso se vamos fazer isto, vamos fazer certo.

Se não resultar, pronto… para o ano não continuamos a ser amigos.

Mas isto é demasiado importante e bom para não lutar e deixar estatísticas agir, mais uma vez.

Eu deixo-os ter este último momento, caso as coisas não corram tão bem.

Eu deixo a memória de nós a cantar no caminho, de nós a discutir políticas enquanto à espera de uma mesa e de um servente, a memória de nós a comentar o quão bom tudo parecia, de nós a ter uma deliciosa conversa sob deliciosa comida.

Uma última memória boa, em caso.

“Pessoal.” Eu chamo apanhando a atenção deles.
"Nós precisamos de falar.” Eu comunico e todos param de fazer o que estavam a fazer e olham para mim seriamente.

É como se todos soubessem exatamente o que eu ia dizer…

Eu respiro lentamente tendo a impressão de que tínhamos chegado ao fim de algo.

Talvez ao fim de nós.

The A Team (fanfic portuguesa-5sos)Onde histórias criam vida. Descubra agora