XXVI

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Como era de esperar, nem uma hora depois de ter saído do dormitório, o meu telemovel já estava a ser afundado pelas mensagens do Michael.

"Onde estás?" "Alison, por favor responde, por onde andas?" "Não faças isto, por favor!"

Parece que ele está a levar a minha saída muito a sério. Eu fiz uma promessa antes de sair e essa era a de que não iria responder a nenhum deles ou às suas tentativas de negociação, por isso coloco o telemóvel em modo de avião.

No inicio estranhei os primeiros minutos sem internet, mas depois achei uma paz reconfortante. As redes sociais retiram muita energia e tempo de mim, isso eu já tinha uma pequena noção, mas nunca pensei que retirasse assim tanto. Só numa hora consegui arrumar tudo no sítio e tomei um longo banho enquanto pensava em tudo.

A beleza de tomar banho é formidável; sem querer críamos um comboio de pensamentos, todos estranhamente ligados entre eles.

Eventualmente os pensamentos tornaram-se demasiado depressivos por isso desliguei a água e retirei-me da banheira luxuosa da Jessie. O apartamento dela é todo luxuoso, tudo novo e moderno em tons de branco e de preto.

O "pequeno quarto de hospedes", segundo as palavras dela, é maior do que o meu quarto, em casa, e com mobília que não tem a minha idade, não que a minha casa seja muito má, mas este apartamento é que é muito bom; demasiado bom para uma rapariga de 18 anos.

Eu coloco a toalha que ela, tão amavelmente, tinha oferecido no meu corpo e saio da casa de banho, indo na direção do meu quarto.

"Meu deus!!" Eu berro quando vejo quatro rapazes sentados na minha cama temporária.

"Alison!" O Luke exclama levantando-se e abraça-me profundamente e eu amarro-me á pequena toalha no meu corpo protegendo-a da gravidade.

"Ainda bem que estás bem!" O Michael diz e abraça-me a seguir e antes que eu conseguisse falar o Ashton e o Calum abraçam-me.

"O que é que vocês estão aqui a fazer?" Eu questiono estranhando muitas coisas. Tantas perguntas passam pela minha cabeça, mas esta é a primeira que formulo.

"Como assim? Tu deixas-te um bilhete suicida e querias que ignorássemos?" O Calum responde e eu arregalo os olhos em surpresa. Eu, o quê?

"Eu não deixei um bilhete suicida." Eu afirmo sorrindo para ver se as caras deles relaxam.

"Então o que é isto?" O Michael pergunta mostrando a carta que eu lhe tinha escrito ainda há umas horas.

"É uma carta de despedida, só isso." Eu declaro e eles olham entre eles tentando perceber.

"É por isso que estás em casa da Jessie? Vais passar a morar cá?" O Luke interroga e eu abano a cabeça afirmativamente.

"Como é que vocês sabiam que eu estava aqui? E quem é que vos deixou entrar?" Eu pergunto.

"Eu hackei o sinal do teu telemóvel e, antes de o pores em modo de avião, consegui mais ou menos onde estavas e depois o Luke lembrou-se que vocês tinham uma amiga que morava nesta área e ela abriu-nos a porta e pronto, aqui estamos." O Michael explica e, por um momento, volto a pensar que eles se importam comigo, mas esse momento passa muito rápido.

"Bem, eu estou viva; isto foi tudo um mal-entendido por isso já podem ir..." eu falo quando o silencio apodera-se do quarto.

"A sério? Vais nos expulsar assim do nada? Nós somos teus amigos!" O Calum reclama claramente chateado.

"Amigos?" Eu pergunto a rir "Que eu saiba, mas corrigem-me se estiver errada, amigos não falam mal uns dos outros nas costas, nem mentem sobre como realmente se sentem, nem se ignoram uns aos outros, nem os deixam pendurados durante horas á sua espera... Por isso nem te atrevas em culpar isto em mim, Calum. Posso não ser santa, mas vocês também não." Eu respondo exaltada.

"Vamos embora, nem vale a pena discutir... novamente." O Luke diz e todos o seguem, menos o Michael. "Michael?" O Luke chama antes de sair do meu novo quarto.

"Eu depois vou de autocarro, podem ir." Ele diz e eles saem sem acrescentar nem mais uma palavra.

Eu fico a olhar para o Michael á espera que ele falasse, mas ele não fala.

"Porque é que ficaste?" eu pergunto e ele olha-me da cabeça aos pés.

Eu aperto ainda mais a toalha ao meu corpo para que ela não mostrasse demasiado.

"Porque com esta situação toda percebi uma coisa. E não me interrompas, por favor..." Ele pede e eu concordo mentalmente

"Quando eu acordei e vi aquela carta, a primeira coisa que fiz foi chorar porque pensei que te tinha perdido. Agora sei que a intenção daquela carta não era a que eu tinha assumido, mas..." Michael suspira "naquele momento, pensei que te tinhas matado e tanta coisa passou pela minha cabeça. Principalmente todas as coisas que eu devia ter dito e feito. E, quando me apercebi o quanto tu me fazias falta foi quando eu decidi em não tirar conclusões precipitadas e procurar-te. Enquanto o fazia, compreendi que tudo o que se tinha passado entre nós, são coisas tão estúpidas e insignificantes." Ele esclarece rindo-se no fim.

"E, agora, ver-te aqui são e salva, eu tenho que te dizer que eu gosto de ti e não só como uma melhor amiga." Ele finaliza e aproxima-se de mim e do nada, beija-me.

Nem me dá tempo para processar, mas eu continuo as ações dele, não há nem uma dúvida na minha mente que é dele que gosto.

As coisas avançam muito rápido e em menos de 5 minutos a minha toalha e as roupas dele estavam no chão em cima uma das outras, tal como nós.

Não sei se é a paixão ou o tempo que esperamos para que isto acontecesse que fez com que as coisas acelerassem tanto e tão rápido, mas aconteceu aquilo que já há muito tempo eu queria, ter o amor dele de todas as formas possíveis, várias vezes.

The A Team (fanfic portuguesa-5sos)Onde histórias criam vida. Descubra agora