XV

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2020 (presente):

"Efeito borboleta é um termo que se refere à dependência sensível às condições iniciais. Segundo a cultura popular, o bater de asas de uma simples borboleta poderia influenciar o curso natural das coisas e, assim, talvez provocar um furacão do outro lado do mundo.
Ou seja, até as mais pequenas das ações tem consequências.
Talvez no fim de ouvires a nossa história, vais pensar que os nossos motivos não foram bons os suficientes ou que são demasiado pequenos, mas aí está, até as coisas mais pequenas têm efeitos." Eu explico.
"Por isso não há um momento definitivo em que eu possa dizer que nos tornamos amigos ou quando ficamos tão próximos. Talvez foi quando todos saímos pela primeira vez juntos ou quando o dormitório ficou sem luz e devido à falta de wi-fi, falamos a noite toda, ou quando eu lhes contei o que me tinha acontecido e eles não me culparam e apoiaram-me sem fazer perguntas. Sinceramente podia continuar com esta lista a noite inteira. Mas como eu dizia, pequenas ações afetam tanto ou mais como as outras. E foi assim que nos transformarmos no que somos hoje, com pequenas ações." Eu continuo voltando à história.


2015 (passado):

"Hey!" Eu exclamo atendendo o meu telemóvel.
"Hey..." O Michael diz do outro lado da linha. "Como vão as férias?" Ele pergunta com um tom aborrecido.
"Bem, sabes como é! O típico inferno na terra, levar a minha mãe às consultas de manhã, aturar os ataques dela de tarde e obrigar-lha a tomar os medicamentos à noite..." Eu respondo honestamente.
"As coisas estão assim tão más?" Ele pergunta preocupado.
"Não, esquece, tu sabes como eu sou, adoro exagerar!" Eu digo tentando minimizar os meus problemas.
"Nisso tens razão. Eu sei como és. Ou seja, eu sei que reclamas de um problema para encobrir um maior, o qual te está realmente a chatear. Por isso, o que se passa?" Ele replica rapidamente com um tom confiante nas suas palavras.
"Impressionante, Clifford. Afinal quem está a tirar um mestrado em psicologia, eu ou tu?" Eu falo focando-me no meu lado sarcástico, visto que não quero responder à pergunta.
"Alison..." Ele diz num tom reprovador.
"Michael..." continuo tentando não responder.
"Ok, não queres falar sobre o verdadeiro problema agora. Eu compreendo, mas quando quiseres falar, já sabes!" O Michael diz simpaticamente.

Mas aí está, o que ele diz está implícito na conduta social, ninguém realmente quer ouvir, é só o que toda a gente diz para sentirem que fizeram alguma coisa ou que pelo menos tentaram.

"E tu? Como estás?" Eu pergunto fugindo do tópico anterior.
"Aborrecido. Não se faz nada nas férias. A primeira semana até foi divertida. Mas agora só quero voltar para o dormitório!" Ele reclama e eu sento-me na cama, percebendo que esta será uma conversa longa.

Sem exagero, falamos por duas horas seguidas sobre as coisas mais irrelevantes. O que é normal para nós, pelo menos quando morávamos no mesmo quarto, todas as noites falávamos até adormecer. É como se fosse uma festa de pijama todas as noites, o que não facilita os meus sentimentos por ele. Quanto mais o conheço, mais gosto dele.

"Mas sim, também me apetece tanto sair desta casa. O nosso dormitório está a parecer cada vez melhor ao passar dos minutos." Eu digo voltando ao tópico que começou esta conversa, fazendo um círculo completo.

"E que tal acabar as férias mais cedo?" O Michael propõe.
"Como assim?" Eu questiono intrigada.
"Bem, digamos que temos um 'trabalho' muito importante que temos de acabar antes que o semestre comece e por isso temos que ir mais cedo para o campus." O Michael explica e eu, imediatamente, concordo.

Estes dias nesta casa não têm sido férias, eu sou basicamente uma enfermeira para a minha mãe e uma amã para os meus irmãos.

O meu pai dá conta do recado, agora.

"Amanhã eu ligo-te quando estiver a sair de casa!" Eu digo entusiasmada depois de finalizarmos os pormenores do nosso plano.

E aí completou o efeito borboleta. Foram pequenas ações, mas tais ações me levaram a apaixonar por ele, profundamente.
Há um limite de negação e eu cheguei ao meu. Finalmente admiti a mim mesma os meus sentimentos, agora só falta contar ao Michael.

The A Team (fanfic portuguesa-5sos)Onde histórias criam vida. Descubra agora