IX

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2015 (Passado):

"E agora paramos a nossa transmissão, aqui atrás de mim está o diretor da universidade que perdeu 25 casos de abuso sexual e vai começar, vai começar." Fala o entrevistador saindo rapidamente do plano mostrando o nosso diretor pronto para falar sobre os casos.

"Hoje é um dia muito infeliz para a nossa comunidade, especialmente para a nossa faculdade que não merece o escândalo e má reputação que está a receber no momento. Informámos que a fraternidade Delta VI está encerrada oficialmente, concluindo a sua geração de 1919 até-" O nosso diretor começa o discurso, mas o dono do bar desliga o som do canal em frustração, gritando palavras de desilusão e de raiva.

"Filhos da mãe, pensam que todos nós não sabemos que eles encobriram isto durante anos e anos!" Diz Michael irritado, bebendo um gole da sua cerveja no fim.

"Pelo menos, eles foram presos." Fala o Calum apontando para a televisão que mostrava todos os membros do quadro de líderes de este ano a serem levados pela polícia.

Nem todos foram castigados ou levados à justiça, mas isso já era de esperar. Foi gerações e gerações de atos penosos, nem todas as vítimas apresentaram queixa, mesmo depois de muitos começarem a ser presos.

A câmara aproxima na cara do Alex e memórias vêm à superfície.


*dias antes*


(à porta do tribunal)


"Olha quem está aqui." Fala uma voz masculina e imediatamente reconheço a voz, sabendo exatamente que era o Alex. "Não esperava de te ver aqui, principalmente neste dia." Ele continua quando eu me viro e confirmo a identidade da voz. "Finalmente decidiste fazer queixa?" Ele pergunta gozando com o que ele me fez.

"Goza, mas não sou eu quem está em tribunal para um crime com pena entre 10 a 15 anos. E algo me diz que não te vais safar desta." Eu respingo com confiança, algo que aprendi recentemente.

"E ela fala!" Alex exclama visto que é a primeira vez que respondo aos insultos dele. Tem sido assim desde o dia em que saiu o boato que eu ajudei a policia a obter provas, aparentemente alguém me viu na noite em que eu tirei as fotos à parede com os nomes.

"E esta será a última vez que ouvirás a minha voz, até daqui a uma década." Eu falo virando-me, preparada para sair do mesmo perímetro de 10 metros que ele.

"Archer, não é?" Ele pergunta fazendo-me parar. "Archer, archer... quando me disseram o teu apelido eu sabia que o tinha ouvido em algum lado." O Alex continua aproximando-se de mim, mas eu continuo de costas.

"Max Archer, teu irmão e um dos membros da fraternidade que tu tanto odeias, eu conheci-o no meu primeiro ano aqui." Ele continua e eu viro-me para ele.

"Ele já me contou o que se passou, desculpa não te dar a satisfação de destruir mais um pedaço de mim." Eu respondo com um olhar de desprezo.

"Oh... então ele contou-te que ele abusou 3 raparigas, mas que nenhuma delas o reportou?" Ele diz com um sorriso maquiavélico. "Patético, pelo menos eu consegui com que uma delas me reportasse." O Alex provoca e a minha mão age antes de eu conseguir processar o que ele estava a insinuar.

E quando processo, sinto uma raiva crescendo dentro de mim e levanto os meus punhos conectando-os com a cara dele. Ele luta de volta o que faz a minha raiva crescer e os joelhos envolvem-se na conversa atacando-o com mais força.

"Ali!" Eu ouço alguém a berrar o meu nome, mas eu não paro. "Para! Para!" O Michael berra continuamente enquanto me separa dele.

E quando ele consegue a minha raiva vem para fora numa versão mais líquida e com espasmos físicos.

"Alison." O Michael fala diminuindo o seu tom enquanto me abraça, tentando me acalmar.

Eu ouço os gemidos de dor do Alex, por isso afasto-me do abraço, compondo-me enquanto o vejo a ser levantado por dois polícias que olham para mim com pena, tendo uma ideia do porquê da minha reação.

"Vamos." O Michael diz pegando na minha mão e guiando-me para fora do tribunal.

"Hey, estás bem?" O Michael pergunta pousando a sua mão no meu ombro o que me faz acordar das minhas memórias.

"Sim." Eu respondo sorrindo e depois pegando no copo da mão dele e bebendo o que continha.

Ele sorri de volta e eu viro-me para a televisão que ainda falava da mesma coisa.

Por mais que eu tenha puxado o que o Alex disse para o fundo da minha cabeça, nos últimos dias tem sido difícil.

Eu não quero acreditar no que ele insinuou, mas bem no fundo eu sei exatamente do que meu irmão é capaz.


2020 (presente):

"Tens noção que estás a incriminar o teu irmão, certo?" A mulher, que estava a ouvir o fim da história de ontem, pergunta.

Claro que escolhi manter certos detalhes da história só para mim, visto que eles não sabem o que aconteceu entre mim e o Alex.

"Queres a verdade ou não?" Eu pergunto rolando os meus olhos "Para além disso tu- posso te tratar por tu, certo?" Eu pergunto ironicamente, mas ela acena a cabeça na mesma. "Bem, tu queres apanhar os criminosos que se encontram em número um na lista de criminosos mais procurados do FBI, não um rapaz que cometeu erros quando estava na faculdade!" Eu continuo e ela acena concordando.

"Continua." Ela ordena e eu sorrio, mudando de história sabendo que esta já tinha encontrado o seu fim.

The A Team (fanfic portuguesa-5sos)Onde histórias criam vida. Descubra agora