Damien
Tinhamos chegado há pouco mais de duas horas. Em um dos quartos de hóspedes, eu procurava pelo carregador do celular no fundo da mala quando me deparei com minha pasta de desenhos. Provavelmente eu não desenharia coisa alguma durante a viagem, mas havia ali um desenho que de uns tempos para cá eu carregava para todos os cantos, tentando entender.
Era para ele que eu olhava agora. Uma cabana, num cenário chuvoso. Coelhos pareciam saltitar pela grama e no meio deles havia uma forma humana. Nem homem, nem mulher. Apenas uma forma humana.
O que você esconde, Callie Forest?
Lembro do dia em que o Dr.Forest me falou dela pela primeira vez. Gayle estava em casa depois de ter sofrido um acidente já fazia uma semana e eu não estava dando conta de organizar meus compromissos. Liguei para ele confirmando que já estava em Chicago para o encontro que tínhamos marcado e que o visitaria na empresa no dia seguinte.
Percebi que estava mais irritado e impaciente do que o conhecia e como somos próximos, não hesitei em perguntar o que houvera para ele ficar naquele estado. E como eu já tinha uma ideia, não fiquei surpreso quando me falou que sua filha tinha o decepcionado outra vez.
Até hoje fico surpreso de nunca ter encontrado Callie antes, já que nossas famílias são conhecidas há tanto tempo. Sou amigo de Harry desde a adolescência e nunca pensei que um dia me apaixonaria pela irmã implicante de quem ele sempre falava.
A verdade é que sempre a conheci apenas por nome. O nome que naquele mesmo dia em que liguei para o Dr.Forest, havia chutado e arranhado um carro que nem era meu.
Acho que nunca senti tamanha raiva de um ser humano quanto senti por ela naquele momento. Era certo que eu havia estacionado errado, mas aquela garota estressada não precisava armar tanto escândalo!
Antes, seu pai ainda tinha me dito que já pensava em mandá-la para outro lugar, a fim de colocar um pouco de juízo em sua cabeça. Sugeriu então que ela trabalhasse para mim, já que me considerava competente o bastante para "domar uma fera", segundo suas próprias palavras.
Aceitei quase instantaneamente já que precisava urgentemente de uma assistente. Mas me arrependi de ter concordado assim que a encontrei na S.M, com o mesmo jeito feroz e irritadiço do dia anterior. Sempre com respostas na ponta da língua e pronta para boxear alguém -no caso, eu- a qualquer momento.
Sinceramente, em nossa primeira entrevista, pensei que ela poderia me falir se eu piscasse por um segundo, era totalmente desajeitada e desinteressada.
Mas eu tinha um trato com o Dr.Forest e tinha que cumpri-lo. Passei então a ficar de olho nela, mesmo que não percebesse. A observava de longe, monitorava cada passo seu durante o trabalho. Passei até mesmo a almoçar mais vezes, coisa que não fazia por ter muito trabalho e pouca vontade de falar com as pessoas.
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Última chance
RomanceCallie Forest é o retrato da inquietação. Odeia silêncio, detesta pessoas, mas venera cupcakes coloridos. De personalidade extremamente forte, vai te fazer rir, chorar e apertar as bochechas enquanto contar sua história. Por trás de tantas trapalhad...