Capítulo 27

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FBI

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FBI

Adolescentes são coisinhas engraçadas. Ao mesmo tempo que detestam o fato de alguém se metendo em suas vidas, não perdem tempo em desabafar seus problemas infantis com o primeiro estranho que encontram na internet.

Não, não estou falando de todos, mas eu mesmo fui um deles.

Depois de muito tempo estava de folga e tomava um café expresso na cafeteria mais estranha que já conheci, mas confesso que o nome "O Bar" para um lugar que vende café foi uma ideia criativa. Com meu notebook aberto, eu entrava num site de bate-papo muito suspeito que surgira há menos de um ano.

Falava com Julia, uma garota de 16 anos, residente em Nova York, que procurava um amigo para falar –eu diria que reclamar seria a palavra certa- da mãe que não a permitia sair com os amigos, do pai que traia a mãe com uma de suas tias, do garoto do terceiro ano que não olhava para ela e da melhor amiga que não tinha mais tempo para frequentar sua casa depois de começar a namorar um menino três anos mais novo.

Só problemas realmente graves e importantes, claro.

Pobre menina, será que já se passou pela mente dela estar falando com um agente do FBI? Provavelmente não.

Esse não é um problema só dela. Muitas pessoas provavelmente já conversaram com um de nós, mascarados de consultores, bancários, caixas de supermercado, ou um amigo virtual, como no caso de Julia que pensava falar com um garoto de Los Angeles, também com seus 16 anos, quase 17, que perdera o pai quando criança e tinha a mãe alcóolatra.

Minha intenção não era enganar a menina de propósito, mas nós agentes, quando estamos de folga temos permissão para policiar qualquer coisa que acharmos estranho. Isso pode nos levar a investigações maiores. O FBI não espera ser contatado, é por isso que somos considerados umas das forças mais poderosas do mundo.

Além de termos a função de proteger nosso país de ataques terroristas e fraudes financeiras na internet, nós estamos atrás de outros cibercrimes, honestamente, algo que eu gosto. É por isso que sites suspeitos sempre estão na minha mira.

Enquanto teclava freneticamente, vi pelo canto do olho uma mulher alta adentrando a cafeteria, toda de preto, com óculos escuros e um cachecol da mesma cor envolto na cabeça, escondendo os cabelos que eu sabia que eram loiros.

— Como vai, Amberly? —Perguntei assim que ela se sentou na cadeira a minha frente, olhando para todos os lados antes de tirar o cachecol e os óculos.

— Péssima! —Disse fazendo um sinal para o garçom próximo que veio atendê-la— Me traga o café mais forte que você tiver!

— Cuidado amiga, você não é tão tolerante a bebidas muito fortes, ainda mais n'O Bar —zombei.

— Muito engraçado, você está vendo o quanto eu estou rindo? E olha para mim quando estiver falando com você, o que está fazendo aí afinal?

Respirei fundo ao mesmo tempo que revirava os olhos e me recostava na cadeira.

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