Quando finalmente consegui despistar Ana e Lis que não paravam de me bombardear com perguntas e sugestões de onde eu estivera ontem para ter chegado tão tarde, finalmente alcancei a portaria, estando quase atrasada.
Eu não contei a elas sobre o meu mais novo estado amoroso, caso contrário eu não iria trabalhar hoje porque iriam me prender em casa até que eu contasse os mínimos detalhes. A única coisa que elas sabem é que sim, eu estava com Damien.
- Bom dia, Sr.Davis! -cumprimentei o síndico.
- Bom dia, Callie! Tem um rapaz esperando por você ali em frente -informou ao liberar o portão.
- Rapaz? -perguntei, mesmo tendo uma noção de quem fosse.
- Sim. Perguntou se você já tinha saído e como já o vi por aqui respondi que não. Fiz mal?
- Não, Sr.Davis. Fez muito bem, obrigada! -cruzei o portão e o fechei, um sorriso idiota e repentino tomando conta dos meus lábios assim que me virei para a rua.
Will me esperava encostado à porta do passageiro, as mãos nos bolsos do terno verde escuro, que deixava as pequenas esferas ainda mais ressaltadas. Um sorriso tímido também habitava seu rosto e enquanto eu me aproximava não vi seus olhos piscarem em nenhum momento.
- Me atrasei tanto assim para ter que vir me buscar? -perguntei parando em sua frente.
- Senti saudade -se aproximou para me beijar rapidamente.
- Como pôde sentir saudade se esteve dormindo a maior parte do tempo desde ontem?
- Sonhei com você -disse pensativo- Mas acordei no meio da noite e não dormi mais. Tenho certeza que estive acordado nos seus sonhos.
- Coisa nenhuma! -menti.
- Mesmo? -arqueou as sobrancelhas.
- Ora! -lancei meu olhar para os lados da rua evitando as esferas esmeraldas- Se não consegue dormir à noite, não tem direito de ficar zanzando nos sonhos dos outros!
- Sabia! -soltou uma gostosa gargalhada- Vamos, temos muito trabalho hoje. Entre.
Chequei a agenda de hoje assim que afivelei o cinto. Uma reunião para aprovação de um novo projeto, almoço com um sócio, reunião com com o pessoal da contabilidade. Certo, já tivemos dias piores.
No caminho, fomos conversando sobre coisas costumeiras como músicas que gostávamos, filmes, livros. O que foi particularmente muito estranho.
Toda aquela idéia que eu havia montado sobre Damien foi desconstruída assim que descobri os mais estranhos estilos musicais de que ele gostava. Me contou que odiava a maioria dos livros em que algum personagem morria, não importava o gênero. Gostava de clássicas histórias policiais como as de Agatha Christie e Arthur Conan Doyle mas também era capaz de fazer uma bela analogia de títulos de ficção científica, achava histórias de terror engraçadinhas e ainda tinha um amor particular por zumbis e acreditava num provável apocalipse deles daqui dez ou vinte anos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Última chance
Roman d'amourCallie Forest é o retrato da inquietação. Odeia silêncio, detesta pessoas, mas venera cupcakes coloridos. De personalidade extremamente forte, vai te fazer rir, chorar e apertar as bochechas enquanto contar sua história. Por trás de tantas trapalhad...