A consequência de Britt ter me trazido de táxi ontem foi que meu carro ficou na empresa. Então, me vi tomando um carro amarelo até lá depois de passar habitualmente pela portaria.
Will não pôde vir ontem. Me ligou alguns minutos após Lis e Ana chegarem, dizendo que um de nossos investidores mais importantes (a voz ao fundo que ouvi), quis o visitar ao invés de ir ao jantar que tinham marcado.
Me confortei de que pelo menos ele estaria em casa e poderia descansar. Aposto que o cansaço o venceu cedo, afinal, não recebi mensagem sua até agora. Com sorte, ele se atrasaria e eu poderia caçoar dele eternamente por não ser tão certinho assim.
Lembrei-me de que havia planejado contar tudo a ele e acabei não tendo oportunidade. Pretendo não passar de hoje para termos uma boa conversa.
O clima hoje estava anormalmente estranho. Nem frio, nem calor. O sol não decidia-se entre ficar escancarado no céu ou se esconder por entre as nuvens. Ouvi pelo rádio do táxi anunciarem pancadas de chuva antes do meio-dia.
Até mesmo meu corpo estava se comportando estranhamente. Mais sono que o normal, eu prestava pouca ou nenhuma atenção ao caminho que sempre percorria e hoje era um dia preguiçoso demais. Meu coração estava estranho, como se estivesse pedindo por um agasalho, como se uma força o prendesse e reprimisse-o.
Ignorei a sensação incômoda e tratei de organizar meus pensamentos sobre as tarefas que tinha para hoje. Will havia me pedido para revisar alguns contratos e ainda não terminei.
- Chegamos, senhorita! -o taxista deve ter percebido minha falta de atenção por não perceber que já estávamos em frente a Future Video.
- Obrigada! -respondi, antes de pagar a corrida e sair do carro.
Cruzei as portas automáticas observando um ambiente um tanto gélido e acalentado.
A recepcionista que sempre fora simpática me olhou de forma estranha, como se estivesse com medo de algo.
- Bom dia! -cumprimentei alegremente, recebendo apenas um aceno frio de cabeça por parte dela.
Vi quando tomou desajeitamente o telefone e sussurrou:
- Senhor, ela chegou.
Voltei a olhar diretamente a moça que recolocava o telefone no gancho. Ela evitou a todo custo me encarar, ainda ruborizando as duas bochechas fofas.
Duas outras meninas encostadas no balcão cochichavam de forma assustada parecendo não notar minha presença:
- Você viu a cara dele? Estava péssima! -disse a ruiva mais baixinha.
- Ele não desejou bom dia a ninguém! Quando é que isso aconteceu desde que entramos nessa empresa? Nunca! Será que ele brigou com a namorada? -perguntou a de óculos.
- Acho difícil, eles formam um casal tão bonito!
- Shii, ela está bem ali! -a de óculos me olhou desfarçadamente e as duas se calaram.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Última chance
RomanceCallie Forest é o retrato da inquietação. Odeia silêncio, detesta pessoas, mas venera cupcakes coloridos. De personalidade extremamente forte, vai te fazer rir, chorar e apertar as bochechas enquanto contar sua história. Por trás de tantas trapalhad...