Capítulo 8

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What the fuck, I got nothing to lose.

- Se a Anelise descobrir... – Disse Johnny fazendo uma pausa dramática, enquanto me olhava fixamente com um sorriso de canto surgindo em seus lábios. - Fique sabendo que eu jogarei toda a culpa para cima de você.
Meu primo estava jogado em cima dos pufes que tinham em meu quarto. Corey também estava com a gente, jogado em cima da minha cama, com a cabeça em cima do meu colo. Depois da escola, chamei os dois para ir a minha casa e contei sobre o desafio que eu queria realizar. Desde o começo sabia que Johnny aceitaria porque ele adorava aprontar, quando disse que roubaríamos uma viatura ele quase morreu de felicidade e Corey aceitaria apenas porque ele era meu cumplice em tudo.
- Tudo bem, ela não vai descobrir.
- E se descobrir? – perguntou Corey meio cético.
- Assim que o Johnny ler o papel a Ane saberá que fui eu que escrevi o desafio. – respondi olhando para ele, enquanto acariciava seu cabelo. – Mas ela não terá como saber que vocês trocaram a caixa. O Pablo também nos ajudará nessa, já conversei com ele e como o desafio envolve roubo, ele simplesmente adorou.
- Esse com certeza será o mais perigoso desafio que já fizemos. – sussurrou Corey.
- Eu sei, mas será divertido. – respondi sorrindo para Johnny que sorria com a mesma animação que eu. Acho que quando o assunto era se meter em confusão, nós éramos muito parecidos porque adorávamos. – Nosso maior problema não é a Ane descobrir como esse desafio foi escolhido e sim o pai dela descobrir por quem ele foi realizado.
- O sogrão vai ficar muito puto. – disse Johnny. – Ainda não entendi porque ele se tornou seu alvo do desafio.
- Tenho os meus motivos. – respondi dando de ombros.
- Tudo bem. – disse Corey tirando a cabeça do meu colo e se sentando. – Eu estou dentro, mas você já sabia que eu aceitaria.
- Eu nem preciso dizer que também topo. – disse Johnny.
- Como eu amo vocês, vocês são os homens da minha vida. – respondi sorrindo.
Johnny sacodiu a cabeça e jogou uma almofada da minha direção, da qual eu consegui desviar.
- Mentirosa!
- Ingrato! – respondi sorrindo.
- Vocês dois são idiotas demais. – disse Corey se levantando. – Vamos preparar as coisas para quando os outros chegarem.
Johnny e eu rapidamente nos levantamos, com sorrisos enormes no rosto.

A campainha tocou e Johnny correu como um raio para atender. Parecia o próprio Flash correndo pela minha sala e abrindo a porta. Anelise rapidamente entrou na casa e pulou nos braços dele, envolvendo suas pernas ao redor da cintura do meu primo e o beijando como se não se vissem há anos, mas a verdade era que só fazia algumas horas.
- Vocês dois são o casal mais meloso que eu já vi na vida. – disse me aproximando da minha amiga. – E ai vadia?
Ela sorriu, descendo do colo do seu namorando.
- Nos deixe ser feliz, puta. – respondeu ela se virando para mim. – Sabe... Hoje meu pai perguntou de você, na verdade ele tem falado de você a semana toda, dizendo que você sumiu lá de casa, perguntando se você estava bem.
- Hum, é mesmo? – Corey perguntou enquanto me olhava com um sorriso desconfiado. – Interessante, não é Mih?
- Não. – respondi dando de ombros. – Já arrumei outra pessoa para babar.
- Ah, é? E quem é? – Ane perguntou me olhando com um sorriso.
- Um primo do Cooper que se mudou para cidade. – respondi com um suspiro. – Ele é o maior gato, meio roqueiro com cara de "bad boy" e um sorriso torto tão... Maravilhosamente sedutor.
- Primo do Cooper? O Cooper que vende drogas e com quem você sempre tem uma trepada casual?
- Puta merda Anelise! Trepada casual? Sério? – Corey perguntou olhando para ela indignado e com cara de nojo. – Não tem palavras melhores na sua merda de vocabulário?
- Porque não posso falar trepada casual? – ela perguntou confusa.
- Parece uma prostituta de esquina que cobra vinte reais pelo serviço completo. – respondeu Corey, enquanto Johnny e eu gargalhávamos.
- Tem vinte reais? – Ane perguntou sorrindo. – Posso te fazer ter uma noite muito agradável.
Corey fez uma cara muito engraçada de nojo, nos fazendo cair em um ataque de risos quase sem fim.
Andrea, Pablo, Adria e Barbie chegaram cerca de dez minutos depois, com algumas besteiras para nós comermos.
- Cadê a sua mãe? – perguntou Adria, enquanto se sentava no sofá. - E a Martha?
- Minha mãe está trabalhando como sempre e a Martha saiu. – respondi dando de ombros. – Acho que foi no mercado, então temos que fazer isso logo.
- Aqui os papeis e as canetas. – falei, entregando dois pequenos papeis rosa e uma caneta azul para cada um deles. – Podem escrever.
Sentei-me ao lado de Pablo e escrevi "Roubar e danificar uma viatura policial" nos meus dois papeis, os dobrei e joguei dentro da caixa.
- Bem, eu vou preparar algo para comer. – falei me levantando e indo em direção a cozinha. – Meninas podem me ajudar quando terminarem?
- Eu já terminei. – disse Barbie se levantando em um pulo.
- Eu também. – Adria também se levantou, colocando seus papeis na caixa.
- Então vamos. – sorri e fui em direção à cozinha. Agora só precisava que Ane e Andrea viessem também para os meninos fazerem o trabalhinho sujo. – O que querem comer? - perguntei enquanto vasculhava o armário da minha casa.
- Que tal bolo de chocolate? – Ane perguntou entrando na cozinha sendo seguida por Andrea.
O sorriso em meu rosto se alargou.
- Adoro bolo de chocolate. – respondi.
Nós preparamos a massa do bolo e fomos para a sala assim que colocamos a forma no forno. Os meninos estavam sentados no sofá assistindo TV como se nada estivesse acontecido enquanto estávamos na cozinha.
- Que tal começarmos? – Andrea perguntou.
- Por favor, que meu desafio seja escolhido. – disse Adria.
- Porque Adria Manoela? – perguntou Barbie se virando para a amiga.
Adria e Barbie eram tão amigas quanto eu e Anelise.
- Ah! Se sair o meu, você vai descobrir. – respondeu a morena sorrindo.
- Okay, então vamos começar. – disse Corey, se levantando do sofá todo animadinho. – Como esse é o primeiro ano do Johnny, nada mais junto do que ele sortear o papel.
- Boa ideia. – disse Ane sorrindo para o namorado.
Johnny apenas deu de ombros.
- Okay, cadê a caixa?
- Aqui. – disse Corey, pegando a caixa vermelha que estava sobre a mesa de centro da sala.
Era agora.
Corey se aproximou de Johnny que colocou a mão dentro da caixa e sorriu para Anelise.
- Tomara que seja algo divertido. - disse ele enquanto mexia sua mão dentro da caixa. - Não quero ir fantasiado de macaco para o colégio, ou algo do tipo.
- Acho que já passamos dessa fase. - respondeu ela.
- Tire logo esse papel Johnny. - Pediu Adria impaciente.
O sorriso no rosto dele se alargou e então ele tirou o papel.
Aquilo me lembrou de Lester quando tirou o papel da caixa na primeira e última vez que participou dos desafios com a gente. Fisicamente Johnny era muito parecido com Les, loiro, alto, magro, com seu sorriso que era capaz de derrete qualquer coração de gelo.
Ele desdobrou o papel lentamente fazendo um suspense desnecessário, mas ninguém reclamou. O melhor de tudo foi a expressão falsa de surpresa e confusão que ele fez enquanto lia o que estava escrito no papel.
- Roubar e danificar uma viatura policial? - ele perguntou erguendo os olhos para nós como se procurasse por uma explicação.
Puta merda!
Eu não era a única com talento para mentir na minha família, Johnny parecia mesmo surpreso e confuso.
Os olhos de Anelise se arregalaram e logo estavam olhando na minha direção, sua expressão um misto de supressa com raiva.
- Por quê? – ela perguntou, cruzando os braços em frente ao corpo.
- Eu nunca pensei que sairia isso. –respondi rapidamente enquanto sorria. - Não acredito nisso, eu pensei que nunca sairia essa droga.
O rosto da minha amiga ficou pálido, porque ela percebeu que eu estava falando igual o Trev.
- Mas porque você escreveu isso Mih? – ela perguntou lentamente num sussurro. Nossos amigos permaneciam em silencio nos observando, acho que eles sabiam que era perigoso se envolver.
Suspirei lentamente cruzando os braços em frente ao meu corpo. Eu sabia que não valia a pena brigar com Ane por causa de um desafio idiota para irritar os nossos pais, mas toda vez que eu lembrava a cena de Jack beijando Holly meu sangue fervia e eu ficava meio cega.
- Jack e Holly estão tendo um caso. – falei finalmente.
Todos os meus amigos soltaram um som de surpresa, exceto Anelise que parecia confusa.
- Não Mia. – disse ela franzindo a testa. – Eles não estão tendo um caso porque meu pai está saindo com a Mia.
- O que? – perguntei olhando para ela. – Não, ele só está tentando esconder o caso dele com a Holly, falando que é com a Mia que está saindo.
- Eu atendi uma ligação da Mia para ele ontem mesmo. – respondeu Anelise calmamente. – Eles até vão sair para almoçar hoje à noite.
Ouvir aquilo foi como um soco no estômago. Jack era mesmo um cretino que estava louco para levar qualquer rabo de saia para a sua cama.
Eu fui mesmo muito besta em achar que ele era o tipo difícil.
- Ele está saindo com a Mia, depois de ter beijado a Holly há alguns dias? – perguntei ainda sem acreditar nisso.
- O que? – minha amiga perguntou chocada enquanto nossos amigos deixaram escapar mais um som de surpresa dos seus lábios.
- Isso mesmo que você ouviu. – falei. – Eu vi nossos pais se beijando no gabinete da Holly na segunda-feira.
- Nossa, o gostosão do seu pai é pegador. – comentou Corey para Anelise que não gostou nada, pois seu olhar na direção do nosso amigo era quase mortal.
- Preciso falar com meu pai. – disse ela, dando um passo em direção à porta, mas eu a impedi.
- Não, Ane. – falei segurando a braço dela. – Vamos fazer o desafio.
- Nós não podemos fazer isso, não é um roubo qualquer. Estamos falando de roubar a policia Mia. – Ela disse parecendo meio desesperada. – Temos que ser muito caras de pau e loucos para fazer isso.
- Que seja. – respondi dando de ombros. – Esse desafio não inflige nenhuma regra do jogo, então vamos realiza-lo.
Ane olhou para mim e meus amigos por alguns segundos e eu até pensei que ela fosse negar, mas ela concordou com a cabeça.
- Tudo bem. – disse ela. – Mas como vamos fazer isso sem que ninguém descubra?
- Essa parte nós deixamos com o Pablo.
Pablo abriu um enorme sorriso convencido.
- Como eu sou rápido eu já pensei em algo. – disse ele. – O roubo será à noite quando tem menos policiais na delegacia. Preciso que três de vocês liguem fazendo a mesma ocorrência para que a delegacia fique com ainda menos policiais para que eu possa roubar a viatura fazendo uma ligação direta.
- E vamos levar para onde? – Perguntou Barbie. – Porque eu não sei nenhum lugar para esconder uma viatura.
- Os pais do Cooper tem um tipo de sitio fora da cidade, mas raramente vão para lá. – falei. – Acho que é perfeito.
- Okay, quando vamos fazer? – Ane perguntou.
- Hoje à noite. – respondi recebendo olhares surpresos. – O que? Jack estará ocupado com seu encontro, não tem dia melhor.
- Acho que tudo bem, então. – falou Johnny me olhando com cumplicidade e eu concordei.
- Okay. – falou Ane um pouco cabisbaixa. – Precisa que eu consiga as chaves da viatura?
- Não, isso nos denunciaria. – falou Pablo. – Vou fazer ligação direta. Primeiro vou descascar os fios com cuidado e conectar os da bateria e do sistema elétrico, então sobrará à ponta do arranque, que é o que dá a partida no motor. Vou apenas o encostar na ligação entre os outros dois fios para dar a partida e pronto.
- Maninho, você é um gênio do crime. – disse Andrea e Pablo sorriu orgulhoso.
- Filho de Hermes. – falei e todos sorriram.

Fizemos tudo como planejado.
Eu mal acreditei quando Pablo me ligou falando que a viatura já estava muito bem escondida, nós fomos até a propriedade dos Cooper e quebramos os vidros rasgamos o forro, amassamos a lataria e até grafitamos o carro. Johnny foi quem levou o carro para ser encontrado, então apenas esperamos que a bomba estourasse quando Johnny ligou avisando que já tinha se livrado do carro e que estava a caminho da sua casa. Como eu queria ver de camarote a reação de Jack, fui para casa de Anelise que ainda estava um pouco chateada em participar de tudo isso. Acho que ela apenas não queria encrenca com o seu pai.
Nós duas estávamos sentadas no sofá assistindo TV quando ele chegou.
Jack estava lindo como sempre, vestido em um terno preto de microfibra que parecia ter sido feito sob medida.
Ele estava completamente distraído enquanto fechava a porta da sala, sua camisa social estava com as primeiras casas de botões abertas e a gravata estava em sua mão. O rosto dele se iluminou de surpresa ao ver-me sentada em seu sofá, ele não esperava me encontrar por um bom tempo depois do que vi no gabinete da minha mãe e o que aconteceu depois nas escadas de emergência.
- Olá, signore. – falei sorrindo para ele.
- Oi Mia. – disse ele depois de alguns segundos em silencio. – Como está?
- Melhor impossível. – respondi e ele me olhou um pouco confuso como se esperasse que uma segunda cabeça surgisse. Jack ia dizer algo, mas desistiu quando ouviu seu celular tocar.
Meu coração acelerou conforme ele atendeu.
- Pode falar Bill. – Jack aguardou calmamente a resposta, seu rosto foi lentamente tomado pelo espanto. – Como isso?
- O que foi pai? – Anelise perguntou se fingindo de preocupada.
Ele apenas fez um sinal com a mão para que ela esperasse.
- Porque não me ligaram antes? – ele perguntou passando as mãos pelos cabelos nervosamente, seu tom estava mais alto que o normal e preciso dizer que era sexy vê-lo a ponto de perder a cabeça. – Estou indo para ai. – disse ele por fim antes de desligar.
- O que aconteceu? – perguntei me fazendo de desentendida.
Jack me lançou um olha um pouco desconfiado.
- Parece que alguns adolescentes roubaram e destruíram uma viatura policial. – disse ele com um tom assustador. – E quando eu pegar os responsáveis, eles estarão fodidos.
Eu queria jogar na cara dele que tinhamos sido nós, meros adolescentes que roubaram a policia, mas não podia pelos meus amigos. De uma coisa eu sabia, Jason com certeza ia acabar suspeitando de nós e ia adorar ve-lo tentando achar uma prova.

Your Father - J.G.Onde histórias criam vida. Descubra agora