All I wanna know is how far you wanna go.Mia's POV
- Quem foi? – Ane perguntou me olhando ainda atordoada.
Ela estava sentada em sua cama, tentando digerir o fato de que alguém tinha causado a morte dos dois homens que eu mais amava e que ela também amava muito, eles eram como família para ela.
Eu ainda estava encostada contra a parede fria, olhando para uma foto de nós duas com Lester que tinha sobre a cômoda dela, fazendo mais lagrimas rolarem pelos meus olhos.
- William. – respondi num sussurro.
- William Murdoch? Policial da nossa cidade? Filho do Jeff? – ela perguntou espantada enquanto eu confirmava com a cabeça. – Mas por que ele faria isso?
- Porquê... – suspirei e andei até a cama, me sentando ao lado de Ane. – Sabe por que eu trato a Holly tão mal?
- Porque vocês têm divergência de opiniões. – respondeu ela, dando de ombros. – Mas o que isso tem haver com a Holly?
- Porque ela e o Will tinham um caso na época em que meu pai morreu. Eu lembro que uma vez cheguei mais cedo da escola e escutei uma discussão dela com ele pelo telefone. Ela disse muitas coisas... Parece que não queria continuar se encontrando com ele e pelo o que ouvi, ele não queria aceitar o fora.
- E por que você nunca me contou isso?
- Não sei. – falei dando de ombros. – Acho que não queria assumir em voz alta que minha mãe não amava meu pai como ele a amava e talvez fosse a causa para a morte dele.
- E por que decidiu ir atrás da verdade justo agora? – ela perguntou, colocando sua mão sobre a minha.
- Por causa do seu pai. – falei e vi a confusão tomar conta do rosto dela. – Quando ele chegou na cidade e a Holly se mostrou interessada, querendo seguir a vida dela, fiquei tão brava... Eu sei que é bobagem, mas eu senti que ela não podia simplesmente seguir em frente enquanto não assumisse a culpa dos seus erros.
- E ai você deu em cima do meu pai?
- Eu já tinha me atraído por ele, mas confesso que o interesse da Holly foi o que me fez dar o primeiro passo. – falei tentando sorrir, mas foi uma tentativa falha. – Só que...
- Você está se apaixonando por ele. – disse ela, com compreensão.
Engoli em seco, aquela era a verdade que eu não conseguia dizer em voz alta. Eu estava mesmo me apaixonando por Jack Gilinsky, mas esse não era o grande problema porque eu sabia que ele sentia algo parecido com relação a mim, eu sentia que nós estávamos na mesma sintonia.
O problema grande problema era que no final aquilo não daria certo, nós não ficaríamos juntos porque eu acabaria indo para a faculdade, ele se casaria com a Mia ou qualquer outra mulher que tivesse idade, mente e corpo de uma mulher de verdade e se lembraria de mim apenas como uma aventura da qual ele gostou muito de viver.
- Eu amo você, Mia. – disse Anelise depois de um tempo em silêncio. Acho que ela também estava pensando sobre eu e seu pai. – E amo meu pai. – ela sorriu dando um leve aperto em minha mão. – Eu apoio vocês... Eu...
- Vai ter que chamar de madrasta. – Falei sorrindo ao ver a cara engraçada que ela fez a ouvir a palavra madrasta.
- Lembro que no primeiro dia que você entrou nessa casa você disse que viraria minha madrasta por causa do meu sofá... Acho que terei que contar ao meu pai sobre o seu verdadeiro interesse.
Sorri baixinho, puxando Ane para um abraço apertado e senti um pouco de paz.Jack's POV
Encostei-me a porta do quarto de Anelise e tentei ouvir o que acontecia lá dentro, mas o cômodo parecia extremamente calmo me deixando na duvida entre entrar ou esperar. Pressionei minha orelha contra porta e mesmo assim não consegui ouvir nada. Ou as duas tinham conversado e ficado numa boa ou uma delas tinha matado a outra.
Suspirei, ergui minha mão fechada, bati na porta sem muita força e esperei. Ouvi as vozes das duas e até mesmo uma risada antes da porta ser aberta e Anelise sorrir para mim enquanto me dava espaço para entrar em seu quarto.
Mia estava sentada na cama, também com um sorriso no rosto, mas tinha algo em seus olhos... Tinha algo estranho.
- Vim saber se está tudo bem. – falei, sem entrar no cômodo, olhando diretamente para Mia que balançava a cabeça em afirmação, mas seu olhar dizia algo... Ela estava chorando? Por que ao olhar bem para os olhos cinza dava para ver que a parte branca ainda estava avermelhada assim como a ponta de seu nariz. – Você estava chorando? – perguntei entrando no quarto e indo em direção a ela que sorriu enquanto se levantava.
- Sim, mas está tudo bem. – ela falou olhando para minha filha, eu também olhei para Ane que sorriu para mim concordando com a cabeça.
- Está tudo bem. – repetiu ela.
- Sério? – perguntei meio surpreso.
- Sério. – respondeu ela, fazendo uma careta em seguida. – Só por curiosidade... Vocês já fizeram sexo em outro lugar da casa além do quarto? Porque eu não quero comer, deitar ou sentar nesses lugares.
- Então acho que você nunca mais pode comer na cozinha. - Mia falou enquanto sorria e Anelise fazia cara de nojo.
- E nem assistir TV na sala. – falei entrando na brincadeira, olhando para Mia que concordou com a cabeça.
- O banheiro do corredor. – falou e eu concordei. – E a piscina.
- E teremos que trocar a sua cama.
- Sim, aquela vez que as coisas estavam tão quentes que acabamos entrando no quarto errado. – concluiu Mih, enquanto gargalhava por causa da expressão da minha filha.
- Que nojo. – disse ela enquanto Mia se aproximava dela.
- É brincadeira, bobinha. – disse ela, dando um beijo rápido no rosto da amiga. – Mas se dependesse do seu pai era bem capaz mesmo. – disse ela, antes de olhar para mim antes de sair do quarto. – Vou deixar vocês conversarem enquanto me visto apropriadamente para um café da manhã em família, enteada.
Mia mandou um beijo para mim antes de sumir para ir ao meu quarto.
Ane cruzou os braços em frente ao corpo enquanto tentava segurar o riso.
- Eu posso explicar. – falei quebrando o silencio e a fazendo sorrir.
- A Mia já me explicou tudo. – disse ela descruzando os braços e andando na minha direção. – Só queria dizer que pode contar comigo se é isso que você realmente quer, porque você sabe que segredos sempre são revelados e que as coisas ficarão realmente difíceis quando isso acontecer.
- Eu sei. – respondi.
- A Holly não vai aceitar em hipótese alguma.
- Eu sei. – respondi novamente fazendo uma careta de desgosto.
- E a Mia precisa da nossa ajuda. – disse ela, dando uma olhada rápida em direção a porta. – Eu tenho algumas coisas para conversar com você depois, mas a Mia não pode saber que eu te contei.
- Vocês cometeram outro crime? – perguntei confuso e desconfiado, a fazendo sorrir.
- Antes fosse. – respondeu ela. – Depois te conto tudo, por enquanto precisamos tirar a Mih dessa cidade um pouco.
- Como assim? – perguntei confuso para minha filha. Eu não estava entendendo absolutamente nada do que estava acontecendo.
- Nós duas precisamos visitar a faculdade em San Francisco e você pode nos levar. – respondeu ela, com um enorme sorriso. – Podemos ficar na casa dos meus avôs.
Arregalei os olhos e dei um passo para trás.
- Quer dizer, na casa do meu pai? – perguntei franzindo a testa.
- Sim.
- Acho que não é uma boa idéia. – falei cruzando os braços e Anelise me olhou com reprovação.
- Você e o vovô têm que se resolver um dia. – disse ela me olhando com seriedade. – E esse dia será no próximo fim de semana.
- Não é uma boa idéia.
- Claro que é, vovô me adora e adora a Mia. – disse ela.
- O problema não é vocês, sou eu. – respondi indo em direção a porta para fugir daquela conversa.
- Não é por você, é pela Mia e eu.
- Falou meu nome? – Mih perguntou aparecendo na minha frente antes que eu saísse do quarto.
- Estava falando sobre nosso fim de semana em San Francisco para conhecer a faculdade e tudo mais. – respondeu Ane com um enorme sorriso. – Estava pedindo para papai ir com a gente para a casa do vovô.
- É uma boa idéia. – disse Mia com animação.
- Mas eu não quero ir. – falei, cruzando os braços novamente e fechando a cara.
- Nem se eu pedir? – Mih perguntou e eu tentei ao máximo não olhar para ela porque sabia que aquilo me convenceria, mas não agüentei por muito tempo.
- Droga! – falei ao olhar para ela que estava com uma expressão de suplica. – Tudo bem, nós vamos, mas se meu pai dizer ou fazer qualquer coisa que me desagrade, nós voltamos imediatamente.
Mia e Anelise nem falaram nada, apenas sorriram e correram na minha direção para um grande abraço grupal.
- San Francisco que nos aguarde. – disse Mia, me dando um beijo no rosto.
Sorri por ver a felicidade delas. Eu sabia que não seria fácil ver meu pai, já que estávamos sem nos falar anos por causa da Sharon, a mãe de Anelise. Eu era seu único filho, herdeiro de tudo que ele tinha construído ao longo da vida e tinha aberto mão para me casar com uma mulher que ele odiava. Ele tinha raiva de mim por causa disso, ele trabalhou e ganhou pilhas de dinheiro para mim, para me dar uma vida perfeita e eu tinha jogado tudo fora.
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Your Father - J.G.
Romance- Eu te odeio. - ela disse entredentes passando a mão pelo seu braço, exatamente no lugar onde eu a havia segurado segundos antes. Isso era óbvio. Todo o nosso amor adolescente havia se transformado depois do casamento e, principalmente, depois do...