You can hear me cry and see my dreams all die?Mia's POV
- Nós podemos parar um pouco pra comer e beber algo? – Ane perguntou do banco de trás do carro.
Nós estávamos a cerca de uma hora e meia na estrada, desde que saímos da casa dos Gilinsky quando o dia amanheceu com Jack nos fazendo pegar todas as malas e entrar no carro sem ao menos tomar café da manhã.
Ele estava nervoso, ansioso e calado, pois desde que deu partida no carro não disse nenhuma palavra se quer. Johnny, Ane e eu também não nos atrevemos a ficar conversando, na verdade, nenhum de nós estava no clima para conversas e cantorias como na viagem de ida. Foi uma hora ouvindo músicas aleatórias passando na rádio e também escutando os celulares tocarem de vez em quando. Sharon e Holly já sabiam que estávamos voltando, mas faziam questão deligar a cada dez minutos para nos infernizar. Depois de algumas chamadas ignoradas, todos nós acabamos deligando os celulares, exceto Jack que apenas silenciou o dele. Toda vez que o celular acendia com o nome da Holly ou da Sharon, ele fazia uma expressão dolorosa e eu pensava em conforta-lo, mas não ia em frente com medo dele me rejeitar.
- Paro na próxima loja de conveniência que encontrar. – ele respondeu, sem tirar os olhos da estrada.
Ele dirigiu por mais alguns minutos antes de parar em um posto de gasolina que tinha uma loja. Ane rapidamente desceu sendo acompanhada por Johnny e eu vi uma chance de conversar com Jack a sós.
Ele desligou o motor, tirou a chave da ignição e se preparou para abrir a porta do carro quando coloquei uma das minhas mãos sobre o ombro dele.
- Espera! – falei, suspirando logo em seguida. – Nós podemos conversar?
- Não quero conversar agora, Mia. – ele respondeu sem ao menos olhar para mim. – Eu preciso alimentar vocês o mais rápido possível para entrarmos novamente no carro e voltar para Modesto antes que eu também seja acusado por sequestro.
Engoli em seco, tirando a mão do ombro dele. As palavras... O jeito que ele falou... Ele estava com raiva.
- Eu sinto muito. – sussurrei, olhando fixamente para o rosto dele que vagarosamente se virou para mim. Ele concordou com a cabeça e se aproximou de mim, dos meus lábios, parando quando estava apenas alguns sentimentos de distância para que o beijo acontecesse.
Sua mão pousou sobre meu rosto, o acariciando com ternura antes de irem em direção a minha boca, fazendo um caminho pelo contorno dos meus lábios.
- Eu sei. Olhe para mim. – ele sussurrou, olhando diretamente nos meus olhos com toda a seriedade do mundo. – Eu ainda não tinha te falado porque estava esperando o momento certo, mas agora acho que não haverá o momento certo. Então eu queria te dizer que eu, Jack Gilinsky, amo...
- Não diga. – o interrompi, fechando os olhos enquanto negava com a cabeça. – Não diga como se isso fosse uma despedida. Não se atreva.
- Mia, me escuta. – ele dizia, enquanto tentava segurar meu rosto entre suas mãos, mas eu não permitia porque balançava a cabeça de uma forma desesperada.
- Não. – respondi, afastando meu rosto do dele. – Você está desistindo, eu sei disso.
- Mih, você sabe o que vai acontecer lá, eles tem os vídeos, tem as provas de que eu cometi muito mais do que um crime. Não sei o que você lembra daquela transa, mas eu me lembro que foi algo bem... forte. – ele falou franzindo a testa, logo depois ficando em silencio por alguns segundos. Acredito que as imagens daquele momento vieram a sua mente assim como vieram na minha. – E sai daquela sala com as costas toda arranhada e com o gosto de sangue na boca graças a uma mordida sua. – ele suspirou e passou as mãos nos cabelos em sinal de nervosismo. - Eu vi o vídeo antes de excluir do sistema, Mih, e tinham algumas partes dele que parecia que nós dois estávamos nos atacando. Ou melhor, que eu estava te atacando. Se sua mãe quiser me ferrar, ela só precisa usar as partes certas daquela coisa. E pelo o que o Bill falou, ela quer muito me ferrar e não vai ter escapatória.
- Então você simplesmente vai chegar e se entregar? – perguntei indignada. Ele estava pensando em simplesmente, confessar seus sentimentos, aceitar aquela merda que estava acontecendo e me esquecer?
Grande filho da puta, gostoso e perfeito.
Isso que ele era.
Enquanto ele confirmava com a cabeça, eu sentia meu sangue ferver e a vontade de socar a cara dele aumentar.
- Você não pode fazer isso.
- Não tem mais o que fazer.
- Você pode fazer algo, não pode? Você é o chefe da polícia daquela cidade, deve haver algo que se possa fazer. – falei completamente desesperada. - A gente dá um jeito.
- Está falando sério? – ele perguntou indignado. – Mia, isso não é uma brincadeira qualquer. Não é como destruir uma viatura por diversão sabendo que no final tudo vai ficar bem por ser filha da prefeita.
- Eu sei que não é brincadeira, não sou idiota, Jack. – respondi.
- Não é idiota, mas talvez você seja nova demais para entender o que estava acontecendo no momento. – ele falou grosseiramente.
- Nova demais? – perguntei surpresa e Jack concordou com a cabeça. – Engraçado, Jack. – falei soltando um sorriso sarcástico. – Mas eu não era "nova demais", quando você decidiu transar comigo.
Ele engoliu em seco e não disse nada por um longo período em que ficamos nos encarando.
- Eu sinto muito. – disse quebrando o silencio. – Eu estou perdendo a cabeça com tudo isso.
- Eu sei. – respondi num sussurro enquanto voltava a aproximar nossos rosto. – Tudo bem, nós vamos dar um jeito.
- Eu só queria dizer que se nada der certo e se não deixarem nós nos vermos mais...
- Shiu! Nós vamos nos ver, nós vamos sair dessa. – sussurrei o interrompendo novamente enquanto segurava o rosto dele entre minhas mãos e meus dedos se aninhavam em sua barba. – Guarde isso para quando tudo estiver bem.
Jack concordou com a cabeça e se inclinou na minha direção fazendo nossos lábios se tocarem. Apesar dele não ter dito as palavras, o beijo tinha gosto de despedida. Jack não tinha esperança alguma de que as coisas iam acabar bem para nós dois, mas eu ia pensar em algo, ia arrumar um jeito de tira-lo daquela situação.Jack's POV
Quando Johnny e Ane voltaram para o carro, Mia estava com a cabeça encostada no meu ombro e eu com uma das mãos sobre a coxa dela, apenas sentindo a textura de sua pele para me lembrar quando estivesse longe.
Ela estava mais tranquila porque eu estava fingindo estar mais tranquilo, não queria que nossos últimos momentos juntos fossem gastos em discussões desnecessárias. Eu sabia que estava ferrado, não importa qual fosse a ideia genial que Mia tivesse para me defender.
Na verdade, eu sabia que estava ferrado desde a primeira vez que meus lábios tocaram os dela.
Mia se arrumou no banco do carro e colocou o cinto enquanto eu dava partida.Chegar a Modesto foi mais terrível do que eu imaginava, pois mal estacionei o carro na frente da delegacia e já tinha uma multidão de pessoas nos cercando. Alguns eram jornalistas e alguns eram cidadãos que tentavam olhar dentro do carro fazendo perguntas, batendo no vidro e gritando coisas nada agradáveis.
Peguei meu celular e no momento que ia ligar para o Bill, o aparelho começou a tocar e o nome Mia, apareceu na tela.
Droga!
Eu ainda não tinha conversado com minha sobre a nossa situação, eu apenas tinha evitado ela nos últimos dias dizendo que estava muito ocupado e que precisava de um tempo. Tudo bem que nós não estávamos namorando, mas eu sinceramente não queria que ela descobrisse sobre Mia daquela forma. Não queria que ninguém descobrisse daquela forma, mas que eu tinha feito para evitar aquilo? Nada. Eu não fiz nada para esconder, não fiz nada manter o segredo. Pelo contrário, Mia e eu só nos metíamos em situações arriscadas onde a poderíamos ser pegos a qualquer momento por alguém. Era evidente que algo ia acabar dando errado.
Esperei a chamada cair na caixa postal, para pedir ajuda a Bill.
Não demorou muito e ele saiu da delegacia com alguns outros policiais, escoltando a mim, Mia, Anelise e Johnny para dentro da delegacia.
Suspirei aliado por um segundo antes da imagem da Holly aparecer na minha frente. Ela andou na minha direção dando longos e pesados passos pelo corredor com uma fúria visível no olhar.
Bill rapidamente se colocou na minha frente quando ela estava perto parecendo pronta para avançar no meu pescoço.
- Bill, sai da minha frente. – disse ela, o encarando. Bill negou com a cabeça e não saiu de seu lugar.
- Sinto muito, senhora McGregor, mas não posso deixar que se aproxime dele, estando nesse estado emocional no qual se encontra. – disse ele. – E assim que desceu do carro, ele se recusou a falar com qualquer um até que seu advogado esteja presente.
Eu quase sorri ou ver Bill ser tão fiel a mim, me defendendo daquela forma. Ele sabia muito bem como ser um grande amigo.
Fiquei chocado quando Sharon apareceu logo atrás de Holly colocando duas mãos nos ombros da prefeita como se fosse uma grande amiga querendo acalma-la, mas na verdade ela estava apenas se divertindo com a situação, dava para perceber que ela estava se segurando para não rir da minha cara.
- Ele tem que pagar pelo o que fez. – disse Sharon.
- Pelo menos coloque uma algema nele e o jogue na cela. – concluiu Holly, altamente nervosa.
Bill concordou com a cabeça antes de se virar para mim com um medido de desculpas no olhar.
- Sinto muito, chefe. – ele sussurrou enquanto colocava e fechava as algemas ao redor dos meus pulsos. – Já se despediu? Porque a partir de agora você não vai mais vê-la provavelmente até o julgamento.
Ergui a cabeça e olhei na direção de Mia que tinha acabado de entrar sendo escoltada por dois policiais, ela estava com os olhos arregalados olhando na direção das algemas nos meus braços.
- Mih. – eu chamei e vi Holly tentar dar um passo na minha direção que foi impedido por um dos policiais. Mia ergueu os olhos e abriu a boca pronta para me interromper, mas eu fui mais rápido que ela. – Eu te amo. – disse rapidamente.
- Não. – disse ela, com os olhos se enchendo de lágrimas e vindo na minha direção com rapidez. Ela ainda conseguiu envolver seus braços ao meu redor antes que os guardas a puxassem com certa força a fazendo me soltar. – NÃO, JACK! NÃO! – ela começou a gritar de forma histérica enquanto Bill me puxava em direção as celas.
- SEU CRETINO! – Holly estourou com minha declaração e veio na minha direção como um tornado.
Ela ainda conseguiu bater em meu tórax antes que dois policiais a segurassem.
Anelise mal entrou na delegacia e Sharon correu para segura-la e impedi-la de vir até mim.
- Ele é um monstro, filha. – ela dizia, enquanto Ane negava com a cabeça e tentava se soltar.
- Venha. – Bill disse voltando a me puxar para me tirar o mais rápido possível do local que estava um verdadeiro caos.
Mesmo quando viramos para entrar na parte das celas dava para ouvir os gritos de Jeniffer e Holly que pareciam estar discutindo. Eu não ouvi e não entendi muito da briga. Apenas as últimas palavras de Mia foram bem audíveis causando um grande silencio.
Olhei na direção de Bill que também olhou para mim em pânico.
- Me diz que eu não ouvi isso. – falei, completamente paralisado, sentindo meu coração bater tão forte que em breve rasgaria o meu peito.
- A Mia está gravida? – Bill me perguntou, seus olhos arregrados de choque.
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Your Father - J.G.
Romance- Eu te odeio. - ela disse entredentes passando a mão pelo seu braço, exatamente no lugar onde eu a havia segurado segundos antes. Isso era óbvio. Todo o nosso amor adolescente havia se transformado depois do casamento e, principalmente, depois do...