Capítulo 19

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No grave can hold my body down, I'll crawl home to her.

Jack's POV

Minha cabeça estava a mil, meu corpo tremia e meu coração faltava sair pela boca. Minha mente tentava formular uma desculpa plausível para dar a minha mãe sobre aquela situação em que ela tinha nos encontrado, mas nada do que vinha em minha mente faria com que ela entendesse.
Candice Gilinsky não disse nada, apenas cravou o olhar de decepção sobre mim e não tirou mais. Afinal, eu tinha trinta e cinco anos nas costas enquanto Mia tinha apenas dezessete. Eu sabia bem o que estava se passando na mente da minha mãe, dava para ver em seus olhos.
- Senhora Gilinsky, eu posso explicar. - disse Mia, fazendo com que minha mãe virasse o olhar na sua direção.
- Mia, eu quero que você suba e vá dormir. – disse minha mãe com calmaria na voz. – Preciso conversar com o meu filho.
- Mas, Candice...
- Mia, por favor. Amanhã nós conversamos, mas no momento preciso ficar a sós com o Jack.
Mia olhou para mim, em suas feições dava para ver o medo de me deixar levar a culpa só. Logo atrás dela minha mãe olhava para nós dois com a sobrancelha erguida, o mesmo olhar que me lançava quando eu era mais novo e aprontava algo que me traria grandes problemas.
- Jack...
- Mia, é melhor você subir. – falei. – Está tudo bem.
- Mas, Jack...
- Mia, por favor. – falei com severidade e ela suspirou profundamente antes de concordar com a cabeça.
- Tudo bem. – disse ela, voltando a se virar para minha mãe. – Tudo bem, eu vou subir.
Mia saiu da cozinha com passos lentos. Sua vontade era de permanecer e me proteger da bronca que ambos sabíamos que estava por vir. Minha mãe esperou em silencio até ouvir os passos de Mia no andar de cima.
- O que diabos você está fazendo, Jack? – ele perguntou, cruzando os braços em frente ao corpo enquanto seu olhar de decepção perfurava meu peito. – O que é isso?
Engoli em seco. Não sabia o que dizer, afinal, o que eu diria? Nem eu mesmo sabia o que estava fazendo ou o que era aquilo, Mia e eu não tínhamos conversado sobre o que aquilo era.
Eu sabia que estava completamente apaixonado por Mia, seu jeito problemáticos e seus erros, mas e ela? Ela também estava apaixonada por mim ou aquilo entre a gente era apenas mais um dos problemas que ela gostava de se meter? Nem ciúmes de mim ela sentia, nem tínhamos resolvido sobre nossos sentimentos e sobre Mia. Então como eu poderia explicar algo que nem eu sabia direito o que era?
- Olha, mãe. – comecei a falar olhando para o chão porque não conseguia suportar aquela olhar dela. – Eu queria muito explicar pra você o que é toda essa... Essa coisa entre a Mia e eu, mas... Mas nem eu mesmo sei o que é.
- Você não sabe? – ela perguntou parecendo indignada. – Pois eu vou te contar o que é isso, Jack. Isso, que vocês estão fazendo, é um crime.
- Mãe...
- Essa garota que você estava beijando tem a idade da sua filha. Tem apenas dezessete anos de idade, Jack. – disse ela, cada vez aumentando o tom de voz. – Já pensou nisso? Ela tem idade pra ser sua filha. Meu Deus! Ela é a melhor amiga da sua filha!
- Já pensei, mãe...
- NÃO, PELO JEITO VOCÊ NÃO PENSOU EM NADA. – ela gritou sacudindo a cabeça. – NÃO PENSOU NAS CONSEQUÊNCIAS DE SUA ATITUDE, NÃO PENSOU NA SUA FILHA, NA SUA FAMILIA OU NA FAMILIA DAQUELA GAROTA. JÁ PENSOU SE FOSSE A CAROL SE AGARRANDO COM UM HOMEM DA SUA IDADE? JÁ PENSOU SE A MÃE DESSA GAROTA DESCOBRE E DECIDE IR A POLICIA? SABE O QUE VAI ACONTECER COM VOCÊ?
- Eu sei...
- SABE? SABE MESMO? – gritou ela, descruzando os braços e dando um passo na minha direção. – ENTÃO EU REPITO A PERGUNTA: O QUE DIABOS VOCÊ ESTÁ FAZENDO, .toUpperCase())? O QUE É ISSO?
- AMOR. – respondi em um grito que fez minha mãe se calar e arregalar os olhos de surpresa. Me recompus e voltei ao meu tom normal quando voltei a falar. - Eu estou perdidamente apaixonado por aquela garota que acabou de subir as escadas da sua casa. E sim, ela é amiga da minha filha, tem apenas dezessete anos, as vezes consegue ser bem infantil e só se mete em problemas, mas ela me conquistou desde o primeiro momento que a vi na minha sala. – falei, suspirando em seguida enquanto minha mãe permanecia em silencio. – Eu não esperava por isso, não pedi por isso. Tentei evitar chegar nesse ponto, mas infelizmente cheguei, cheguei aqui e não vou voltar. Então aqui estou eu, Jack Gilinsky, seu filho, aceitando a ideia de encarar tudo para ficar com aquela garota. – Suspirei novamente e dei um passo em direção a minha mãe, colocando minhas mãos em seus ombros. – Sinto muito, sinto muito por ter cometido o erro de escolher a Sharon. E sei que dessa vez pode parecer um erro também, mas não é. A Mia é diferente.
- Você está se ouvindo? – ela perguntou, parecendo em choque. – Pelo amor de Deus, Jack, eu não estou comparando ela com a Sharon, não estou dizendo que o problema é a personalidade dela. Eu estou falando que a Mia ainda é jovem para decidir algumas coisas na vida e que conheço o históricos de brigas e desentendimentos entre ela e a Holly. – ela suspirou. – Você já pensou que isso entre vocês pode ser só mais um capricho dela? Já pensou na possibilidade das coisas serem reveladas e a Holly fazer de tudo pra separar vocês dois, até mesmo te denunciar? Eu sei que pode não ser muitos anos de cadeia, mas isso vai sujar sua ficha, vai fazer a Ane voltar para a casa da Sharon, seu pai não vai me deixar te ajudar e só Deus sabe se no final, quando você sair, se Mia ainda vai querer isso. Afinal, ela estará na faculdade, em uma cidade nova, conhecendo gente nova. Ela é uma garota linda, muitos garotos vão se interessar e se apaixonar por ela nesse período, muita coisa pode acontecer.
Eu senti um gosto amargo em minha boca enquanto minha mãe falava e a imagem de Mia se divertido com caras da idade dela viam em minha mente. Então me lembrei da noite do aniversário da cidade onde aquele tal de Cooper andou por ai carregando ela no colo, da noite em que transamos a primeira vez onde perdi o controle por causa do meu ciúmes ao vê-la se esfregando nele e também da vez em que a encontrei na festa antes de leva-la para casa, nos beijarmos no chuveiro e no dia seguinte ela me revelou que estava disposta a dormir com um dos caras com quem estava conversando quando cheguei.
Sacudi a cabeça tentando afastar esses pensamentos. Todos aqueles acontecimentos tinham sido antes, antes das coisas irem para um rumo tão emocional.
- Eu vou me arriscar. – falei com convicção. – Eu não sei ainda como fazer as coisas, não conversei com a Mia sobre isso, mas nós dois podemos dar um jeito.
- E a Ane? Como ela vai ficar quando descobrir sobre vocês...
- Eu já sei, sei há alguns dias. – a voz da minha filha adentrou a cozinha. – E eu aprovo o relacionamento deles.
Ela estava encostada no batente da porta, com Johnny e Mia ao seu lado. Johnny parecia chocado, seu olhos estavam relegados e olhavam de mim para Mia enquanto sua mente tentava assimilar a ideia de nós dois juntos.
- Como é? – minha mãe perguntou incrédula.
- Vovó, eu sei que não parece certo e que as coisas podem acabar muito mal para o lado do papai, mas fazia alguns anos em que não via a minha melhor amiga tão bem como hoje e também nunca vi meu pai se apaixonar por alguém despois da mamãe. – Ane suspirou. – Pode parecer errado o relacionamento entre eles, mas... Eu sinto que é verdadeiro, eu vejo na forma que os dois se olham e se tratam.
- Candice, eu não queria trazer esses tipos de problema para a vida do seu filho. Sou muito nova, eu sei disso, mas eu tenho sentimentos por ele que são bem fortes e sei que não vai passar com o tempo. – disse ela, enquanto andava até o meu lado. - Não importa quantas pessoas eu conheça durante minha vida ou quantas pessoas tentem mudar isso. Eu sei sobre os meus sentimentos, sei mais do que muito adulto por aí. – Mih se colocou do meu lado e segurou minha mão, entrelaçando nossos dedos. – Eu não vou abandonar o Jack, nunca. Se ele estiver disposto a enfrentar o mundo por minha causa, eu também estou disposta a fazer o mesmo por ele.
- E eu vou estar ao lado deles. – concluiu Anelise, com um sorriso.
- E eu também. – disse Johnny enquanto abraçava minha filha.
Minha mãe estava perplexa, abriu a boca várias vezes, mas parecia não encontrar as palavras para dizer o que queria dizer enquanto todos ouvíamos o barulho de passos se aproximando. Quase gelei no quando vi a imagem do meu pai logo atrás de Ane e Johnny, o que me surpreendeu não foi fato de dele nos ouvir, nós estávamos fazendo um grande escândalo, até a pessoa com o sono mais pesado do mundo ouviria, mas a minha surpresa foi não ver nos olhos dele a mesma decepção que de quando falei que não iria para faculdade porque ficaria com Sharon e nossa filha.
Ele olhou para minha mão junta com a de Mia e sacudiu a cabeça.
- Pai, eu...
- Jack, eu não vou dizer nada para você. Você já é grande o suficiente para tomar as decisões sobre a sua vida, você tem feito o que queria fazer desde a Sharon, então não vou me meter nos seus assuntos. Você sabe os riscos, sabe melhor do que qualquer um nessa cozinha, então faça o que quiser. – disse ele, com calmaria na voz. – Eu só vim avisar que tinha alguns celulares tocando e que o telefone da casa também tocou enquanto brigava. Eram Holly e Sharon. As duas estavam juntas e pelo tom de voz não estavam nada felizes. Elas querem que vocês voltem para Modesto imediatamente.
- Aconteceu algo? – Mia perguntou evidentemente preocupada enquanto eu pegava meu celular para verificar se havia alguma chamada.
- Não sei te dizer, ela só pediu para que voltassem. – respondeu ele.
Na tela do meu celular tinha a notificação de onze chamadas perdidas e uma mensagem. Abri as notificações e vi que eram três ligações de Sharon, seis de Holly e duas de Bill, a mensagem de texto também eram dele.
Algo tinha acontecido, eu sabia, conseguia sentir e não era algo bom.

Chefe, por que não atende esse celular? As coisas estão feias por aqui. Holly entrou na delegacia fazendo um grande escândalo, foi até sua sala e fez uma grande bagunça enquanto te xingava de todos os palavrões possíveis. Ela abriu um B.O. contra você, falou algo relacionada a você, a garota problema e um vídeo da sala de interrogatório. Achei que tinha apagado aquela coisa do sistema. Você não tinha me dito que tinha apagado?

Quando terminei de ler fiquei pálido. Não pensei que aquilo viria a tona tão rápido, achei que teria um tempo para pensar em uma solução ou até mesmo para preparar a Holly, mas não.
- Jack, está tudo bem? – Mia perguntou com preocupação na voz, enquanto me olhava. Eu apenas neguei com a cabeça enquanto entregava o celular na mão dela que ficou tão pálida quanto eu.
- Não está tudo bem. – respondi olhando para ela, que ergueu os olhos cheios de lágrimas para mim porque sabia que as coisas iam ficar terrivelmente mal a partir daquele momento.

Your Father - J.G.Onde histórias criam vida. Descubra agora