CAPÍTULO 2 - Um anjo pela escada

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Eu ainda estava me perguntando o porquê eu não tinha morrido naquele acidente. Provavelmente, ver meus miolos grudados no chão do além seria menos doloroso do que voltar para a casa depois de três dias do hospital com Summer.

Eu havia deslocado o tornozelo e por conta disso mal conseguia firmar o pé no chão, logo, não podia andar. Logo, meus lindos amigos haviam arrumado compromissos e eu teria de ficar o dia inteiro com os cuidados de Summer, já que não tinha mais ninguém disposto a me ajudar a andar.

Ficaríamos na padaria o dia inteiro. Ela tinha de trabalhar e eu iria ficar lá por não ter outro lugar para ir, já que sozinho eu não conseguia nem ir ao banheiro. Desconfortável é a palavra.

Estacionamos em frente a "Cupcake", nome que ela havia colocado para uma PADARIA e ela desceu do carro. Reparem no que aconteceu: ELA DESCEU DO CARRO! E me deixou lá! Ela ME DEIXOU LÁ! Posso com uma coisa dessas? Enfermo desse jeito? Mas é claro que eu NÃO POSSO COM UMA COISA DESSAS. E vou parar de gritar, prometo. Sério.

— Oh, bonita. – Chamei colocando a cabeça para fora do carro, enquanto ela ia em direção a porta de vidro, pronta para entrar. – Eu não consigo andar! – Berrei, e ela apenas se virou como se nada tivesse acontecido e respirou fundo.

— Quer que eu te pegue no colo? – Perguntou olhando para as unhas. Arregalei os olhos, totalmente indignado.

— Espera que eu faça o que? Vá voando? – Questionei e ela deu os ombros. — Summer, por favor! – Supliquei. Ela arfou antes de vir até o carro, abrir a porta para mim, e segurar minha mão para me ajudar a levantar. – Obrigada.

— Não agradecem as obrigações. – Disse me guinchando para dentro, depois de fechar o carro. Revirei os olhos e entrei, enquanto ela me arrastava até a cozinha.

Fiquei lá em silencio enquanto ela dava ordens para os seus funcionários fazerem os pães certos e os bolos que precisavam ser entregues as pessoas que fizeram as encomendas. Ela era autoritária e era engraçado ver um monte de marmanjo recebendo ordens daquela anã.

— Sun! – Chamei tentando me levantar. Ela parou para olhar para mim. – Estou com fome.

— E o que eu tenho a ver com isso? – Questionou franzindo o cenho.

— Preciso de ajuda ou de comida. Faz um bolo pra mim? – Pedi dengoso.

— Tá me achando com cara de... – Ela não terminou o que me fez rir. – Joseph, por favor, eu estou trabalhando.

— Então vamos sair daqui! – Implorei. – Você anda muito estressada ultimamente. Você não era assim comigo. Mesmo depois dos acontecimentos marcantes... – Me referia ao nosso término.

— Eu estou trabalhando. – Repetiu.

— Você é a dona, acho que pode sair à hora que quer. – Disse como se fosse óbvio. – Vamos lá pra frente, a gente come e conversa. Tá precisando relaxar. – Ela não disse nada por um instante. – Por favor! – Insisti.

— Ok. Vamos antes que eu me arrependa. – Disse tirando o avental e o chapéu antes de me ajudar a ir até a parte da frente da padaria.

Eu gostava daquele lugar pelo simples fato de que era a cara da Sun. Fofo. Eu havia lhe ajudado a decorar quando ela decidiu abrir aquele estabelecimento e passamos ótimos momentos juntos ali. Eu havia terminado com a Margot na época e nós ainda éramos amigos. Demos o nosso primeiro beijo ali.

Era muito bem decorado, de um jeito meigo que só ela poderia trazer. Tinha mesinhas onde os clientes se deliciavam com as coisas que ela fazia e ainda poderia conversar a vontade. Seguimos até uma mesinha afastada, onde nos sentamos e um dos seus funcionários anotou nosso pedido antes de se afastar.

Todas Contra Ucker (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora