A festa havia bombado, e em todos os lugares possíveis, mesmo duas semanas depois, todo mundo ainda falava dela. Tinha sido o evento do ano e ninguém conseguia achar algum erro para poder falar mal.
Mas, ainda assim eu não estava exatamente feliz. Quer dizer, aparentemente nada naquela noite havia acontecido entre Margot e eu, bom... pelo menos pra ela e com isso a convivência indiferente era sufocante.
Outra coisa que me incomodava era aquela tal de Charlie Stark. Será mesmo que eu estava precisando de tratamento profissional, tamanha a loucura que estava a minha vida? Estaria eu ficando louco?
É. Talvez eu esteja e, ficar olhando para aquele cartão sem fazer nada parecia ser algo tão inútil que eu resolvi ir ao tal consultório. Era tudo muito limpo, branco e asséptico. Podia sentir o cheiro de desinfetante de hospital exalar pelos corredores, o que me fazia lembrar Sonic. Por quê? Não me venha perguntar o motivo.
Caminhei até a recepção da senhorita Stark e me sentei me sentindo um pouco desconfortável com tudo aquilo. Parecia que a cada movimento que eu fazia naquele sofá de couro, as pessoas olhavam pra mim como se estivesse soltando gases e tentando segurar o cheiro. Calme ok? Não era isso não.
A secretária/recepcionista me olhava de um jeito estranho, mas não dirigia a palavra a mim, enquanto digitava incansavelmente no computador sem dar atenção. Suspirei e minutos depois a porta do consultório se abriu.
— Ah, Dr. Stark... – Disse um homem baixo e vermelho enquanto chorava limpando o nariz em um paninho. Nojento. – Será que um dia isso vai passar. -
Charlie batia nas costas dele, tentando lhe consolar.
— Não se preocupe Marvin, sua mulher ainda volta para você. – Explicou ela, tentando ser solidária. Ele a olhou como se fosse o gatinho do Shrek.
— Será mesmo que a minha bonequinha lindinha cheirosinha maravilhosinha totozinha deixa aquele modelo multimilionário e volta do Caribe por amor a mim? – Charlie respirou fundo e depois de pensar um pouco assentiu. Marvin voltou a chorar enquanto ia embora. Pensei seriamente em fazer o mesmo.Fui me levantando tentando tapar meu rosto com a revista que eu estava lendo, mas assim que eu estava prestes a atravessar a porta e sair correndo pelo corredor longe das suas vistas, ela me chamou.
— Olá, Joseph. – Droga, droga, droga. – Veio mais cedo do que eu imaginava. – Suspirei virando os calcanhares.
— Você me mandou vir no dia seguinte. – Disse a fitando nos olhos.
— Isso é irrelevante. Entre. – Disse abrindo espaço. Meu alerta de mulher doida começou a gritar: corre, corre, corre.
— Primeira consulta é de graça? – Perguntei animado. Ela sorriu meiga.
— Mas é claro que não. – Bufei revirando os olhos e entrei no consultório.Parecia uma sala de tortura ou algo do gênero, porque era tão formal que qualquer um ali dentro começaria a pirar. Era tudo muito de madeira escura e não era legal. Ela me ofereceu o divã, e eu me deitei com as mãos no peito, enquanto ela pegava uma prancheta e sentava-se à cadeira em frente a minha.
Suspirei e ela colocou o óculo a meio nariz, me olhando de um jeito intelectual demais. Eu conhecia aquele olhar. Antes de começar a faculdade, eu pensava em fazer psicologia, mas as pessoas que cursam isso sempre são mais doidas do que os pacientes e ouvem tanta coisa que uma hora estão aponto de explodir. Meus próprios problemas já me explodem sozinho, obrigado.
— Vou fazer seu perfil psicológico, mesmo eu sabendo que o que te afeta é o fato de amar três mulheres ao mesmo tempo. – Assenti, enquanto ela escrevia qualquer coisa e olhava para mim. – Mas, para eu saber exatamente como te tratar, eu preciso saber o que aconteceu desde o começo.
— Está me chamando de doido? – Questionei erguendo as sobrancelhas, ela sorriu dando os ombros. Revirei os olhos e então comecei a contar.
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Todas Contra Ucker (Concluída)
MizahJoseph Travis Uckermann sempre foi um cara do bem, sempre teve uma vida comum, sem nenhum privilégio do destino, e ele poderia ser até ser bem resolvido no trabalho se realmente se dedicasse. Como dito, normal. Mas quando falamos de sua vida amorosa...