Epílogo

220 23 14
                                    

Seis meses depois...

Ditos seis meses haviam se passado desde que Margot e eu havíamos nos reconciliado. Não havia mudado muita coisa, nem transformado ninguém, mas, nosso relacionamento não havia se abalado verdadeiramente nenhuma vez durante todo esse período, e pela primeira vez, parecia que realmente havia tudo para dar certo.

Eu havia voltado para o meu emprego, havia deixado claro para a mídia que Pablo era gay e aquilo era uma piadinha infame, e estava sofrendo nas mãos dos meus amigos, e se não fosse minha namorada macha man eu não sei o que seria de mim, mas como havia dito, havia tudo para dar certo.

Se não fosse Dave, é claro, atrapalhar todas as vezes que começamos a tentar procriar.

— Atenção, por favor, atenção. – Disse ele ficando em pé sobre a cadeira do apartamento de Charlie no qual nós almoçávamos naquele domingo. Todos levaram a atenção para ele quando Dave repousou sobre a mesa o copo com água. — Tenho um comunicado para fazer. – Disse arrumando a camisa olhando para cima com um ar superior. Margot e eu olhamos para cima tentando descobrir o que é que ele queria dizer.
— Poderia fazer isso sentado? Levar a cabeça cansa. – Michael falou o olhando de modo estranho.
— Não. – Respondeu seco. – Não é nem com você que eu quero falar, hiena.

Michael se fez de ofendido botando a mão sobre a boca e eu revirei os olhos.

— O que foi Dave? – Gabrielle perguntou tapando o rosto com a mão. Até eu teria vergonha, mas uma vergonha constante, pois namorar Dave Sheepard deve ser exatamente como questionar sua sexualidade a todo instante, pois você não sabe se é lésbica, por que namora uma mulher, ou se é um hermafrodita e ter algo escondido e nem saiba, porque definitivamente Dave gostava de chupar um pirulito.
— É algo muito importante que eu to querendo expor a muito tempo. – Disse solene, de olhos fechados.
— Você é gay! – Disse alto, ficando em pé a apontando meu dedo na sua face. – Eu sabia seu viadinho safado! Você deveria ter me dito antes, em off! Como assim? EU NÃO ACEITO ISSO! – Joguei o guardanapo com tudo sobre a mesa, enquanto todos me observavam sério.
— Então... – Dave continuou. – Vamos à parte que interessa. – Ele pediu entregando um bilhete a Gabs que abriu o papel sem entender.
— Siga-me? – Ela perguntou franzindo a testa e, ele assentiu antes de sair correndo e simplesmente se jogar da janela.

Quando eu digo se jogar, eu não me refiro ao fato de pular e cair na grama do quintal da sua vó, digo que ele acabou de se jogar da varanda do apartamento do 17ª andar de Charlie e que sim, existiam agora restos mortais da minha purpurina grudados no asfalto.

— DAVE! – Gritei assim como várias pessoas e fomos correndo até a varanda. Gabs chorava descontroladamente sem conseguir chegar perto, mas assim que o vimos jogando sobre um enorme colchão inflável minha vontade era ir lá e pular sobre ele, para que morresse esmagado e visse como é legal causar pré-infartos nas pessoas.
— AI MEU DEUS! – Katherine disse assim que pegou um balãozinho que caia lentamente em frente à varanda. – Gabs... Eu acho melhor você ler isso.
— NÃO! – Gritou desesperada. – Eu vou morrer! Ele... Ele... – Lágrimas escandalosas aqui.
— GABRIELLE OLHA ISSO AGORA! – Disse usando seu melhor tom grosso e garota pegou o balãozinho que tinha uma espécie de termômetro e um bilhete.
— Isso... Isso... – A menina disse desesperadamente, como se as palavras tivessem fugido da sua mente completamente. Ela se levantou e apareceu na varanda buscando espaço. Lá embaixo Dave estava de pernas cruzadas com algo nas mãos que parecia muito com uma caixinha de veludo. Peguei o balão de Gabs, que nem deu mais importância, mas um grande sorriso estava estampado na sua boca. Li em voz alta:
— Estamos grávidos. Casa comigo? – E peguei o termômetro estranho e Margot arregalou os olhos.
— ELA TÁ GRÁVIDA! – Disse animada batendo palmas antes de puxar meu rosto e me beijar. Eu deveria ficar histérico? Por que todo mundo estava histérico. Pulavam, abraçavam Gabs, e pediam, por favor, para que ela não pulasse também.

De repente, Dave começou a ser içado, até parar defronte a varanda e puxar a Gabs para uma espécie de andaime do amor. Ele se ajoelhou a sua frente e ergueu a caixinha para que ela pudesse ver o anel que ali estava.

— Você tá prenha. Casa comigo antes que teu pai me obrigue? – Gabs concordou as lágrimas antes de beijá-lo e os dois quase caíram de verdade. Margot ainda estava eufórica.
— VAMOS FAZER NENEM, VAMOS FAZER NENÉM, VAMOS FAZER NENÉM! – Ela dizia afobada para mim e eu arregalei os olhos para ela sem entender.
— Sou casto. Só depois do casamento, queridinha. – Disse me afastando dela, e Margot revirou os olhos antes de pegar as alianças que estava nas mãos de Gabs que ainda as contemplava estática. Ela se ajoelhou.
— JOSEPH, SEU BOIOLA, CASA COMIGO PRA GENTE FAZER NENÉM! – Disse gritando e eu arregalei os olhos. Ela ficou séria. – Eu estou te pedindo em casamento de verdade. Agora, aceita. – Disse séria e eu suspirei.
— Precisa fazer mais do que isso, queridinha. – Disse e ela se levantou devolvendo a aliança para Dave, e então, jogou-se nos meus braços me beijando.
— Casa comigo. – Disse depois de se afastar e olhar nos meus olhos. – De verdade. – Não pude evitar sorrir e a beijei. Aquilo dizia mais do que mil palavras.

Tudo estava tudo bem.

Todas Contra Ucker (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora