Capítulo 39

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Eu: por favor, me deixa entrar- pedi.

Samantha: eu já falei para você ir embora- dei-me paciência senhor.

Eu: se você me deixar entrar eu paro de te abusar- usei meu último argumento.

Samantha: ok, ok- falou impaciente.

Eu: qual o seu problema comigo garota?- perguntei entrando no quarto- eu nunca fiz nada com você, NADA- aumentei o tom de voz no final.

Samantha: o meu problema é você- falou rude.

Eu: mas por que?- perguntei indignada.

Samantha: VOCÊ ME TIROU A ÚNICA PESSOA QUE EU TENHO, DESDE QUE VOCÊ ENTROU NA VIDA DO FELIPE ELE NÃO ME DÁ MAIS ATENÇÃO, EU NÃO TENHO NINGUÉM MANUELA, SÓ TENHO ELE, E VOCÊ ESTÁ ME TIRANDO A ÚNICA PESSOA QUE ME RESTOU- gritou furiosa.

Eu: EU NÃO TENHO CULPA DE NADA, SE VOCÊ ESTÁ BRAVA PORQUE O FELIPE NÃO TE DÁ ATENÇÃO, BRIGUE COM ELE, EU NÃO TRANCO ELE NA MINHA CASA E MUITO MENOS MANDO ELE FICAR LONGE DE VOCÊ- grito gesticulando com as mãos- eu também não tenho ninguém, minha mãe morreu no meu parto- falei mais calma.

Samantha: não venha querer mentir para mim, eu sei que você tem um pai super rico- revirou os olhos.

Eu: verdade, eu tenho um pai super rico, que mora no Estados Unidos, eu vivi minha vida inteira ao lado de babás, meu pai nunca me deu atenção, até que um belo dia ele me perguntou se eu iria querer ir morar com ele ou continuar aqui, e eu decidir ficar aqui, fui emancipada e comecei a me virar sozinha, não pense que você é a única pessoa que tem problemas no mundo, somos sete bilhões de mentes conturbadas- respirei fundo- tenta me aturar, pelo Felipe, eu preciso muito dele perto de mim, eu virei dependente dele, eu sei que faz nem três meses que eu convívo com ele, e você faz 15 anos, eu preciso do Felipe assim como você precisa dele, então por ele, tenta me aturar- virei a costa para sair do quarto.

Samantha: desculpa... Desculpa pelo o que eu falei, eu não sabia...- falou arrependida.

Eu: por ele, vamos tentar recomeçar do zero- me virei para ela.

Samantha: prazer, Samantha- estendeu a mão.

Eu: prazer, Manuela- apertei sua mão- quer descer para assistir um filme comigo e seu irmão?

Samantha: e ficar de vela?- fez uma careta.

Eu: você não vai ficar de vela, eu juro- fiz figas com os dedos.

Samantha: tá bom.

Puxei ela pelo braço e saímos do quarto.

Eu: eu tenho ódio de você.

Samantha: hãn?- me olhou confusa.

Eu: você não é normal garota, você tem o olho bonito, cabelo bonito, corpo bonito, rosto bonito, dá vontade de pegar tua cara e esfregar no asfalto, e ainda tem um estilo legal- falei tudo rápido.

Samantha: mas você também é bonita- me avaliou de cima abaixo.

Eu: não tanto quanto você, pode acreditar.

Samantha: e eu gosto do seu estilo- falou olhando para "minhas" roupas.

Eu: ah não, essas roupas não são minhas, são da Geovana, não gosto de short cintura alta, me dá agonia na barriga, e não gosto de blusa floridas, é muita informação para um pano só, gosto mais de blusas lisas ou com frases, decorada só listrada.

Samantha: acho que nunca vi você vestida com suas roupas, naquele dia do café da manhã não deu para ver, ah, eu já vi sim, naquele dia do cofre, até que você se veste bem.

Eu: obrigado, eu acho- falei pensativa.

Chegamos na sala e Felipe nos encarou com a testa franzida.

Felipe: perdi alguma coisa?- perguntou nos olhando.

Eu: não, a Sam vai assistir um filme com a gente- passei o braço pelo ombro dela.

Felipe: Sam?- perguntou confuso.

Sam: como foi a noite irmãozinho?- se jogou na poltrona- doeu muito Manu? Só escutava o seus gritos, me senti dentro de um filme pornô- sorriu debochada.

Eu: que vergonha- tapei a cara com as mãos.

Felipe: coitada Sam, está pior que um pimentão- me puxou para perto dele.

Eu: vai se fuder Felipe, agora cala a boca que o meu marido e o meu futuro marido estão nesse filme- cruzei os braços.

Felipe: e quem são?

Eu: o pai é meu marido, e quando o menino crescer a gente vai se casar- suspirei apaixonada.

Sam: que gulosa, nem deixa para as amigas- revirou os olhos.

Eu: gosto de colecionar.

Felipe: vocês falam demais- aumentou o volume da TV.

Eu: quem você quer ser hoje, o sujo ou o mal lavado?- arqueei uma sombrancelha.

Sam: calem as bocas- resmungou.

Nos calamos e prestamos atenção no filme, estou deitada com a cabeça no colo do Felipe, Sam está deitada na poltrona, e Felipe está bem concentrado na TV,  nem pisca, uma coisa começa a fazer um barulho e ele tira um radinho da cintura.

Felipe: fala- falou com a boca perto do rádio.

Me levantei para prestar mais atenção, a pessoa do outro lado da linha falou algo que eu não entendi e Felipe murmurou um "ok".

Felipe: tenho que ir na boca- avisou se levantando.

Sam: você volta para o almoço?- perguntou sem prestar muita atenção nele.

Felipe: sim, até mais tarde amor- me deu um selinho- tchau pirralha- bagunçou o cabelo dela.

Felipe pegou um revólver encima da estante no qual nem tinha visto ainda e colocou na cintura saindo de casa.

Sam: idiota- murmurou ajeitando o cabelo que Felipe tinha bagunçado.

...

O Felipe ainda não chegou e eu quero ir para casa, subo as escadas para pegar minhas coisas, olho por todo canto e não acho, abro o guarda roupa e acho minha bolsa, pego ela e uma foto caí, é uma foto do Felipe com uma mulher ruiva, ela é tão bonita, os dois estão sorrindos, parecem muito felizes, viro a foto e tem escrito "Laís, saudades eterna", quem é Laís? E se é saudades eternas quer dizer que ela morreu? Escuto passos se aproximando, olho para trás e vejo Felipe vindo.

Eu: quem é Laís?- mostro a foto e ele trava no caminho.

Felipe: onde você achou isso?- perguntou com o maxilar travado.

Eu: quem é Laís?- repito.

Felipe: Laís é minha ex namorada- falou mais calmo.

Eu: acho que está na hora de você me falar sobre seu passado né?- cruzei os braços.

Felipe: ok, se senta- apontou para cama.

Me sentei e fiz perninha de indiozinho, Felipe se sentou virado para minha frente.

Felipe: eu vou começar desde do começo- óbvio né Felipe- a Samantha tinha 8 anos quando meus pais morreram, com apenas 17 anos eu tive que cuidar dela, parei de estudar naquele momento- assenti.

Eu: eles morreram de que?- perguntei curiosa.

Felipe: acidente de carro, quando eu descobri fiquei sem chão, eram meus pais, eu nunca mais os veriam- seus olhos começaram a marejar.

Eu: e a Laís?- fui logo ao ponto.

Felipe: bom, a Laís...

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Oi coalas, tudo bom? Comigo não, gripada, é horrível, até amanhã, bjundas para vocês ;*

A Patricinha e o Dono Do Morro Onde histórias criam vida. Descubra agora