Parte 16 - A Culpa -

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Paris França
Lizie:

Acordo com uma leve dor de cabeça pela manhã, o quarto até então desconhecido faz o meu despertar ser mais rápido. Sento na cama e me estico enquanto tomo consciência sobre estar vestida com a mesma roupa da noite passada, tomo isso como um sinal positivo. Um barulho na porta, chama a minha atenção. Penso por breves segundos se devo levantar e ir até a mesma, quando decido me levantar, a porta do banheiro do quarto se abre, e um Daniel sem camisa e de cabelo molhado saí dele com uma toalha branca na mão.

- Bom dia senhorita Walker - Ele diz com um sorriso totalmente natural.

Enquanto eu sinto cada fribra do meu corpo arrepiar devido ao nervosismo por seja lá o que tenha acontecido aqui. Pensamentos confunsos continuam rondando minha cabeça quando ele abre a porta e recebe o café. Só quando olhos curiosos caem sobre mim, ele parece notar o que isso deve parecer.

- Não é isso que você está pensando, não aconteceu nada, nós nem dormimos em uma mesma cama - Daniel diz se embolando nas próprias palavras e gesticula de maneira nervosa para a cama improvisada no chão. Solto a respiração que eu nem sabia estar segurando.

- Tudo bem, eu não vi nada a política de privacidade do hotel não me permite ter os cinco sentidos - O funcionário do hotel diz, com uma voz de quem está constrangido. E rapidamente se retira sem nem mesmo pegar a gorjeta.

- Bom dia senhor Newman -Daniel me olha, após alguns instantes começa a rir, eu faço o mesmo.

- Dormiu bem ? - Ele pergunta, enquanto pega a bandeja com o café e leva até uma pequena mesa perto da sacada.

- Depende, eu não lembro como cheguei aqui, mas eu me sinto bem, espero que isto te responda - Digo, enquanto prendo meu cabelo em um coque.

- Você dormiu no caminho pra cá, não encontrei sua chave na bolsa, ou eu te deixava no carro ou te trazia para cá, a segunda me opção pareceu ser mais adequada - Diz Newman.

- Você poderia ter me acordado - Digo, deixando a cama.

- Aí eu não saberia que você parece um porco com dificuldade para respirar enquanto dorme - Diz Newman de costas para eu, enquanto ler um jornal impresso.

- Como? - Digo, de certa forma chocada. Eu não rouco, não sei de onde ele tirou isso.

- Tudo isso de um jeito fofo, o problema foi para eu dormir com todo o barulho - Diz Newman segurando a risada.

Pego um travesseiro e atiro contra Daniel que o segura quando este está prestes a o atingir.

- Você está muito engraçado está manhã Newman! Nem bom dia me deu e já está me ofendendo - Digo.

- Não precisa fazer bico - Diz Daniel - E bom dia, novamente, tem uma escova para você no banheiro, senhora não ao senso de humor.

Eu não sei o porque estou irritada, foi só uma brincadeira e eu fiz uma cena infantil. Mas quando lavo meu rosto e faço a higiene da minha boca, me sinto melhor, embora ainda desejo um banho, sinto o cheiro de ontem à noite exalando do meu corpo. Quando deixo o banheiro lá está o Newman, maravilhosamente de banho tomado em um poltrona confortável com uma xícara de café na mão, eu deveria ter parado de o observar aí, mas o fato dele ainda não ter vestido uma camisa foi o que realmente me chamou atenção, afinal ele podia este era o quarto dele.

- Gosta do que vê? - Ele pergunta me pegando no flagra.

- Sim o café parece ótimo - Digo tentando disfarçar, mas sinto o rubor em minhas bochechas. E pelo sorriso em sua cara sei que ele não caiu na minha.

- Eu pedi café para nós dois, não sabia que horas ia acordar então decidi que era melhor você já ter algo para comer - Ele diz.

- Obrigada senhor atencioso - Digo caminhando para rumo a mesa.

- Pelo o café, ou por ontem ? - Ele deixa o jornal de lado e deposita sua total atenção em mim, enquanto me sirvo de café.

- Por tudo, obrigada de verdade - Digo e pego uma tortinha de limão.

- Não achei que você bebia até apagar - Ele diz, voltando a tomar seu café enquanto seus olhos continuam em mim.

- Por isso não costumo beber enquanto estou trabalhando, fico muito cansada e qualquer quantidade de bebida me faz apagar - Digo agora retribuindo seu olhar, maldito manhã francesa ele parece mais belo com está luz entrando pela sacada.

- Não beba quando não tiver pessoas confiáveis por perto - Ele diz sério.

- Certo senhor, posso colocar música? - Pergunto, é como se fosse um ritual ouvir música pela manhã, normalmente elas dizem sobre como estou naquele dia.

- Pode, embora seja meio cedo - Ele diz sorrindo.

- Eu sempre faço isso - Quando levanto pra pegar minha bolsa no criado-mudo ao lado da cama, noto que o celular dele está chamando, e não emiti som por estar no silencioso.

- Sua noiva - Digo pegando minha bolsa e meus sapatos, agora sei porque não estou me sentindo bem hoje, eu não deveria ter dormido no quarto dele. Mesmo que não tenhamos feito nada, sei o que parece e me sinto mal por isso. Pego o celular dele e o entrego. Ele olha o ecrã do celular e suspira.

- Eu já volto, só um segundo - Ele diz, enquanto se levanta e vai para a sacada.

Suspiro e me sento para terminar meu café, tento não prestar atenção na conversa mas é difícil, principalmente quando ele deposita seus olhos em mim e diz "É claro que terá fotografia minha com ela, trabalhamos juntos...Estou tomando café...Sozinho", já dá para imaginar o teor da conversa, e o tom armagurado do Newman só piora tudo, o peso da culpa transborda dos meus ombros, e rapidamente já estou de sapatos calçados e pronta para partir.
Quando levanto apenas olho em sua direção e dou um sorriso sem jeito, quando vou rumo a porta. Ele parecia querer dizer algo, mas não pude esperar a culpa por algo que não fiz, e que não tenha plena certeza de que não faria está consumindo a minha mente. Preciso de uma banho gelado para voltar a mim. Não se trata do que poderia ter acontecido, porque não aconteceria sobre hipótese alguma.





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