Parte 23 - Imensidão azul -

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Paris França
Lizie:

Depois que o Daniel sai do meu quarto vou até o banheiro tomo um banho relaxante. Após ter certeza que tenho controle das minhas emoções e que não irei desmoronar novamente, assim deixando a Carly preocupada, decido ligar para ela. Ela já deve estar mais que impaciente com minha demora para responder suas mensagens, isto se confirmar quando pego meu celular e vejo diversas chamadas perdidas do seu número. Disco seu número e ela atende de imediato.

- Comece a explicar logo, eu já estava achando que aquele idiota tinha feito algo contra você, mas lembrei do brutamonte chamado Logan, que afinal é um gato - Carly Diz. Ela e sua tara por meus seguranças.

- Eu tô bem, e o Logan é comprometido - Digo, enquanto escolho algo para vestir. Afinal eu tenho uma bela coleção de pijamas confortáveis para dias ruins.

- Você sabe que isso não quer dizer nada nos dias atuais -Ela diz.

- Algumas pessoas ainda se importam com fidelidade - Digo revirando os olhos. -E ele é gay, nada de agarra-ló

- Adoro gay's isso não é problema pra mim - Ela diz fazendo referência aos seus amigos "gay's", em especial o Peter, ele é um cara legal, uma trasa regular da Carly, apesar da sociedade o rotular como gay, ele diz que não sente está necessidade de se rotular, diz que gosta de curtir a vida e se rolar atração com o gênero masculino ou feminino e for uma coisa mútua, ele não pensa muito sobre o que vão dizer apesar de se apresentar como gay. - Mas agora diga o que aconteceu com aquele idiota.

Suspiro e começo a contar o ocorrido na cafeteria, Carly faz pequenos comentários apenas para me estimular a continuar com meu relato. E ao final diz que ele merece tudo de ruim, e que ser garçom é um trabalho muito digno para alguém tão falso quanto Brian. E o de sempre acontece, ao final da conversa eu estou leve e dando risadas, esse é o efeito Carly sobre mim.

Quando finalizo a chamado vejo uma mensagem do Green me convidando para um jantar, aceito o convite prontamente. E o pijama para dias ruins fica de lado, dando espaço a um casual Omnes Enim. Termino de me arrumar e vou para o restaurante.
Cumprimento todos à mesa e me sento ao lado da Sylvia, esposa do Green, já ouvi falar bastante dela. Ela diz que hoje está aqui para comemorar dez anos de casamento com o Green.

- Você aturou o Green por dez anos, acaba de se tornar minha heroína -Digo arracando algumas risadas dos que ouviram minha "piada". Se o Green cuidar do casamento como ele cuida de seus filmes ele é um ótimo marido.

Maldito magnetismo que me faz olhar para porta assim que o Newman entra por ela. Maldito magnetismo que faz com que seus olhos sejam atraídos para os meus. Nosso contato visual é quebrado quando a futura senhora Newman entra na frente dele exigindo sua atenção. Percebo que Daniel da um sorriso sem graça. Desvio meu olhar quando eles começam a andar em direção a mesa.
Olho para o lado e noto a Sylvia com seus olhos voltados para mim, odeio o fato dela ter olhos que aparentam ser sábios, sábios o suficiente para ver aquilo que ninguém poderia saber. Dou um sorriso sem jeito, seu rosto reproduz a minha expressão.
Daniel e sua esposa se sentam bem a minha frente, do outro lado da mesa. Fico imensamente grata quando o garçom aparece e me entrega o cardápio. Tento ler com imensa atenção as informações postas ali, mas meus ouvidos teimam em prestar atenção no som que a voz dele emite ao apresentar sua esposa para os presentes na mesa. Não sei se foi mera coincidência, mas eu acabo por ser a última pessoa a quem ele deve "apresentá-la". Não que fosse necessário já que nós conhecemos, mas ele não irá deixar passar está formalidade.

- Lizie - Daniel Diz, e meus olhos encaram aquela imensidão azul sem pestanejar- Lembra da Elle? -Ele pergunta, posso notar um tom inseguro em sua voz.

- É claro como poderia esquecer sua bela esposa Newman - Digo. Tento disfarçar o tom acusar de minhas palavras ao máximo, mas espero que ele tenha entendido.

- Noiva na verdade - Daniel diz, seu tom de voz vacila. Observo Elle lançar um olhar esquisito na direção do Daniel e depois me olhar de forma avaliativa.

- Isso não faz diferença amor - Elle diz. Eu não deveria não gostar dela, afinal ela não me fez nada. Mas sou infantil o suficiente para admitir que ela me irrita. - Nosso casamento é no próximo verão Lily, espero que você compareça, Ally me disse que você e meu marido se tornaram grandes amigos -Elle diz, e ela definitivamente não me irrita, ela me da nos nervos. Não da pra acreditar que está fazendo este joguinho de troca de nomes de novo, fala sério o Daniel acabou de falar meu nome. E esse tom acusar dele ao dizer que sou amiga do seu marido, ou da ênfase na palavra "meu". Não é como se ela tivesse prova de nada, afinal não havia nada a ser provado.

- Não se preocupe, eu faço questão de comparecer a este casamento, e a Ally está correta eu e seu marido somos bons amigos - Digo olhando o Daniel, que ainda me fita.

Antes que Elle possa dizer qualquer coisa, o Green chama sua atenção, fazendo um comentário sobre algo que não fui capaz de ouvir, já que minha atenção estava voltada para intensos olhos azuis, que se negam a deixar os meus. Eu poderia dizer que em seu olhar a um pedido de desculpas, mas há um algo a mais que não consigo decifrar.
Sinto os olhos de Elle passando de mim para seu marido durante o jantar e fico grata quando Sylvia me tira do estupor que aqueles olhos azuis me prenderam, ao me chamar para acompanhá-la ao banheiro.

- É lindo seu vestido - Diz Sylvia ao entramos no banheiro.

- Obrigada, é da Omnes Enim - Digo. A Omnes Enim é uma marca nova que tem começado a fazer sucesso no Reino Unido, eu particularmente adorei a primeira coleção e o fato de ser uma linha bela e super acessível.

- É lícito o porque da Elle não gostar de você - Sylvia diz enquanto retoca seu batom. Olho para ela sem entender o que exatamente quis dizer. - O Green comentou algo sobre você e o Newman - Ela diz e me sinto totalmente constrangida. - Ele estava certo sobre a química entre vocês, é algo notório de longe fica explícito pela forma que vocês se olham.

- Não é algo possível de qualquer forma - Digo constrangida após não notar julgamento em seu tom.

- O Daniel era muito promissor quando jovem, fui professora dele, lembro que quando o papel certo chegou ele passou por momentos difíceis - Sylvia diz mudando o rumo da conversa e sou grata por isso.

- O que aconteceu - Pergunto enquanto caminhamos de volta à mesa.

- Problemas num relacionamento amoroso tóxico, basicamente - Sylvia diz. Isso eu posso entender perfeitamente, quando sentamos à mesa ela se lança a histórias de quando dava aula em um pequeno teatro londrino.

O Daniel acaba participando da conversa o que acaba sendo agradável, já que era um tema neutro. Elle que parece não ter gostado muito já que não pode participar efetivamente do assunto, pois não era seu ramo de atuação.
O jantar acaba chegando ao fim. Em duplas ou trios as pessoas acabam deixando a mesa e seguindo seu rumo. Quando resta apenas eu Green, Sylvia, Daniel e Elle, decidimos que é hora de partir, e todos seguem direções distintas no estacionamento do restaurante para encontrarem seus respectivos carros. Logan prestativo como sempre, assim que me ver abre a porta do carro para mim, em seguida se posta no banco do motorista. Digo a ele para irmos para o hotel.
Ele manobra o carro, e é aí que vejo Daniel e Elle trocando um singelo beijo enquanto esperam por seu carro. Confesso que presenciar aquela cena me feriu, no entanto me fez saber a dimensão dos meus sentimentos por Daniel, e quão se fsz necessário que eu me afaste dele. Desejo do fundo do meu coração que ele seja feliz, verdadeiramente feliz, mesmo que não seja comigo.
Afinal amar alguém é colocar as necessidades desta pessoa acima de suas próprias necessidades. No fim estou grata por termos apenas mais duas semanas de gravações.

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