Parte 27 - Por uma única noite -

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Paris França
Lizie:

O último dia no camarim em Paris começa como qualquer outro, tirando os comentários nada agradável emitidos por Elizabeth sobre minhas olheiras. Após finalizar cabelo e figurino saio do camarim com o roteiro em mãos. Estava em mãos até eu esbarrar com Daniel Newman parado feito uma estátua na porta do camarim.

- Precisamos conversar - Daniel diz. Observo ele se abaixar e recolher os papéis que caíram no chão.

- Não acredito que tenhamos algo em comum, para que possamos manter algum tipo de conversa - Digo. Minha voz sai ríspida e não me importo em soar rude.

- Você sabe que não é bem assim - Ele diz, seu tom de voz soa suave, fito seus olhos e percebo o quão ele deseja que eu ceda, porém não me dou por vencida. Quando estou prestes a responder o cinegrafista aparece e nós informa que estão nos esperando para começar as filmagens.
Pego os papéis em sua mão e o contorno indo para o set. Ser insistente é o traço mais marcante em sua personalidade, isso faz com que ele segure meu braço, e é inevitável a sensação de formigamento causado pelo mero contato de nossas peles.

- Estarei no seu quarto às nove - Ele diz, qualquer pessoa diria que ele não se abalou por nossa proximidade física, mas noto que sua respiração alterou.

- Tenho compromisso - Digo.

- Estarei na porta quando voltar - Ele diz decidido.

- Você e a futura senhora Newman? - Indago fitando seus olhos azuis.

- Ela já foi embora Izzy - Ele diz num sussurro.

- Então voltamos a ser amiguinhos? - Pergunto com ironia explícita em meu timbre vocal.

- Se fôssemos apenas amigos... Estarei lá às nove! -Ele diz ao se afastar de mim. Até então não tinha notado o quão próximos estávamos.

- Irei dormir fora! - Digo olhando suas costas, enquanto ele caminha para o local de filmagens.

- Ficarei lá até que apareça! - Ele diz.

Após o ocorrido as horas viraram segundos, e antes mesmo que tivesse tempo para inventar uma desculpa relevante para impedir esse encontro o dia já havia chegado ao fim. Paro no caminho para tentar comer algo, mas a única coisa que consigo ingerir é um café extra forte.
Dizem que, quando se tem um problema você deve encarar ele de frente, e talvez seja realmente necessário uma última conversa para por um fim definitivo nesta situação.
Quando chego ao hotel falta cerca de 15 minutos para às 20 horas, porém o Daniel já está parado próximo a minha porta.

- Não consegui esperar -Ele diz, como se isso fosse uma desculpa.

Caminho lentamente na direção dele e sem dizer nada abro a porta do quarto, entro e a deixo aberta para que ele possa me seguir.

-Você não vai dizer nada? -Ele pergunta após entrar e me observar por alguns instantes em silêncio.

Me sento na poltrona e tiro meus sapatos o encarando. Será que é errado admirar ele nesse momento? Mas é algo inevitável , depois de passar o dia anterior vendo ele com sua futura esposa. Gosto da imagem de te-ló no meu quarto com o cabelo molhado me fitando com olhos intensamente azuis e aquela maldita barba. Me encosto na poltrona cruzo as pernas enquanto continuo com minha análise, aproveito esse momento para guardar em minha mente, o cabelo desgrenhado, a barba que o personagem de época exige, o tom naturalmente rosado de seus lábios, as adoráveis três pintinhas em sua clavícula, a forma como seus olhos acompanham os meus se permitindo ao deleite com cada detalhe daquilo que não é meu.

Quando suas bochechas começam a corar, ele desvia o olhar do meu. Neste instante eu sei, simplesmente sei que nesse momento eu ó daria qualquer coisa, bastaria ele um singelo pedido e eu me entregaria pra ele. Só pensaria em consequências amanhã, eu deixaria de lado todas as memórias dolorosas da traição do Brian, e não ligaria a miníma para a dor que Elle iria sentir ao descobrir. Basta ele pedir que terá tudo que quiser, mesmo que por uma única noite.

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