Nova York
Lizie:Eu realmente não sei o que estou fazendo aqui. A Carly me fez prometer que não me torturaria a esse ponto, mas é difícil controlar minha tendência ao masoquismo.
Respiro fundo e subo as escadarias e vou para o segundo andar e entro no salão onde acontecerá a cerimônia, numa tarde chuvosa de Nova York em pleno Dezembro. Sou guiada ao lugar destinado a mim, por um funcionário. Eu tinha esperanças que ela tinha esquecido de mim e que não reservaria um lugar na primeira fileira como havia prometido.
Mas eu estava enganada. E agora me sento na mesa onde se encontra presente o Green e sua esposa. Green me olha de um jeito questionador, depois da estreia de Sonhos Loucos, ele me contou que suspeitava de uma relação entre mim e Daniel, acabei contando a ele a verdade, e graças a isso ele cuidou para que eu e Daniel não nós encontrassemos durante a divulgação do longa. Serei eternamente grata por isso.Nos primeiros dez minutos eu até tentei interagir com as pessoas na mesa. Mas, meu coração está a um turbilhão, pensamentos e sentimentos sugam toda minha energia, me levando ao quase esgotamento. Cinco minutos mais tarde decido finalmente ir embora, toda essa carga emocional excede o meu limite.
Quando levanto a cabeça e vou me despedir do Green e sua esposa. Meus olhos encontram o maldito cara de olhos azuis, estou alheia a qualquer coisa que não seja ele caminhando rumo ao altar, e como magnetismo seus olhos encontram os meus e o belo sorriso que estava em seu rosto diminui drasticamente. O sorriso que ele sustenta no momento é tão falso quanto frágil, no entanto, isto só pode ser notado por alguém que entenda artes cênicas. Quando ele se posta no altar seus olhos procuram os meus a cada pausa de 10 segundos. Sim eu passei a contar quantas vezes ele me olha enquanto espera sua noiva. E quando a música que anucia a chegada da noiva começa a tocar eu suponho( pois tenho a leve impressão de que todos se viram para vê-la, enquanto eu o encaro).
Assisto ao maldito homem de olhos azuis, fechar seus olhos por longos segundos, e respirar fundo três vezes, quando ele volta a abrir seus olhos, ele está atuando a melhor atuação que presenciei em toda a minha vida, digna de prêmio. Espero que ele esteja sofrendo tanto quanto eu neste momento.
Quando Elle, a noiva, entra eu meu campo de visão, eu desligo todos os meus sentindos. Que só voltam a funcionar no exato momento em que Newman é questionado sobre o "sim". Tenho seus olhos em mim mais uma vez antes que ele respoda. E volto após breves segundos ao meu estado de inércia, ao ouvir seu tom rouco pronunciar o que eu nem sabia que temia ouvir até aquele momento.°°°
As horas, ou minutos seguintes (não posso afirma com total veracidade) passam em um branco total, não sei explicar como estou observando a vista de Nova York a noite. A cidade que nunca dorme, também tida como a capital do mundo. A cidade que porta a famosa big Apple, a cidade que têm o poder de ti levar ao céu e te deixar sem chão em frações de segundos.
É tudo tão rápido, tantos amores roubados, tantos amores passados . Basta um piscar de olhos para o seu coração ser esmagado , seu nome ir parar na lama , quando você almeja chegar a calçada da fama.Observo atentamente quando a tarça de vinho que estava vazia em minha mão é trocada por uma de espumante, a famosa champanhe. Não preciso olhar para saber quem é, nem era necessário eu ter gravado seu cheiro suavemente amedeirado, meus batimentos cardíacos fazem o trabalho, por livre espontânea vontade, de me avisar sobre sua aproximação, foi sempre assim, no entanto, eu estava me negando a admitir isso. Levanto a taça como se estivesse preste a brindar, e é o que eu faço da maneira mais solitária e humilhante possível, não que a essa altura eu me importe. Bebo quase todo o líquido da taça após essa patética cena.
- A sua felicidade Newman
- Digo amarga após quebrar a ordem sobre como se faz um brinde, ao menos têm algo além do meu coração quebrado agora.- A Nova York - Ele diz. Fazemos um gesto que reverência a magnitude de Nova York com a taça antes de bebermos o líquido do interior de ambas. Desta vez o meu foi mais moderado.
Após algum tempo sentindo seus olhos em mim, decido finalmente encará-lo, e quando faço isso sorrio de forma sincera. Não sei se devo isso ao álcool, mas estou mesmo surpresa quanta a sinceridade em meu sorriso.
- Amigos? - Ele pergunta, também sorrindo.
- Você sabe que não - Digo ainda com o sorriso em meu rosto, no entanto, sorriso esse que está fazendo contraste com as lágrimas que inundam meus olhos, e eu não posso fazer nada para evitá-las.
°°°
Daniel:
Eu odeio despedidas, odeio a sensação de estar perdendo parte de mim, mas isso foi uma escolha minha. Decisão essa reforçada pela presença de um fino anel no dedo da minha mão esquerda. Queria abraca-lá e dizer que tudo irá ficar bem, queria aliviar a dor que vejo em seus doces olhos. No entanto, não posso mentir, afinal todo esse sofrimento se deve a minha escolha, escolha essa que já nem sei se foi a correta.
- Seria muito banal citar Elisabeth e Edgar agora? - Ela pergunta, enquanto observo seus lindos olhos castanhos cheios de água.
- Depende da cena - Digo. Sorrio para aliviar o nó que está se formando em minha garganta.
- Você sabe que Edgar e Katherine conta nossa história Newman - Ela diz fazendo uma afirmação, trazendo a tona o óbvio. E meu silêncio só contribui para o sorriso em seu rosto aumentar.
-Então a vida imita a arte - Ela diz.
- Muito mais que a arte imita a vida - Digo.
Fim...
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Sonhos Loucos
Romans"A vida imita a arte muito mais do que a arte imita a vida" - Pena, Papel e Veneno - Oscar Wilde Lizie Walker, uma jovem atriz no auge dos seus 25 anos e uma careira quase consolidada. Daniel Newman 29 anos, está em busca do crescimento profissi...