Sonhos Loucos

Parte 18 - Ema Karl -

Paris França
Daniel:

É tão frustrante quere-lá e ao mesmo tempo não. É mais que evidente que sinto algo por ela, no entanto, a dimensão disto é uma total incógnita. Queria poder desistir de tudo, da Elle em questão, e lutar por ela, mas como se pode amar com um coração reconstruído recentemente.
Enquanto espero do lado de fora do set, recordo de tempos passados, um tempo em que eu acreditava no amor, e que este sentimento fosse o mais belo e forte do mundo.
Ela era linda, olhos azuis que podiam passar a calmaria do mar em um belo dia de sol, ou a ressaca após uma longa noite chuvosa. E no fim, a frieza de um dia tipicamente cinzento com temperaturas negativas. Sua boca tinha o saber doce, que azedou com o tempo. E sou corpo, instrumento usado para me levar ao céu, me deixou arder no inferno.
Seu corpo nu, de encontro a outro, nossos lençóis, promessas jogadas ao chão, com nosso anel de noivado ainda no dedo. Se ela tivesse pedido perdão, eu a teria perdoada, porém, não contente de quebrar meu coração, ela quebrou meu orgulho, uma semana depois quando partiu para Suíça com seu novo amor.
E a história de amor entre Daniel e Ema, chegava ao fim. Houve um momento em que ela tinha se tornado meu tudo, exatamente meu porto seguro. Amar alguém assim desta forma, é doentio e estúpido.
Eu não tinha notado que estava andando até, a Lizie entrar em meu campo de visão. A forma como ela entrava em meus pensamentos sem ser convidada, e minha pulsação saía do compasso quando seus olhos castanhos encontravam os meus, me fazia temer, temer de uma forma totalmente absurda o fato de que eu poderia amá-la, e depois do paraíso, ela me deixasse num inferno. Um inferno querer beijá-la.
Sorrio quando seus olhos encontram os meus, maldito magnetismo. Ela no entanto, não parece contente em me ver, e eu sei porque, porém, não consigo me arrepender do que fiz, embora tenha traído minha então noiva, Elle.
Elle têm sido uma boa amiga, há vários anos, especialmente depois que Ema, ferrou com minha vida, Elle sempre esteve lá, pra mim, me ajudando a não sucumbir na merda em que eu estava, ela que me inscreveu em um teste, para um filme do seu pai Jordan Meyer, meu primeiro papel de relevância. E ela sempre me quis, mesmo sabendo que eu havia dormindo com metade das mulheres de Londres, mesmo sabendo que eu diversas vezes usei entorpecentes nas mais estranhas vielas Londrinas.
Cheguei a ser quase preso uma vez, estava em um pub de Walworth, causando confusão, uma policial chamada Alice, deveria ter me levado em "cana", eu estava tão bêbado que no meio do caminho comecei chorar, e derramei toda a merda que Ema tinha feito, dormi com à policial aquela noite. Depois disto, Elle continuo presente, durante este maldito processo de sair da fossa e me reerguer, eu gostava dela, e gosto, sempre irei gostar, no entanto, não a amo, ela sabe disso, e mesmo assim me aceita. Ficar com Elle é fácil, simples, uma coisa concreta, sem grandes aventuras, ela me quer mesmo sabendo que nunca a amarei, e é uma bela mulher, que atende as minhas necessidades, e além de tudo é minha amiga. Devido ao fato dela sempre ter estado lá, eu não posso deixá-la.

- Lizie? - Digo me aproximando.

- Sim - Ela responde. É notável sua chateação.

- Tudo bem? - Pergunto, mesmo sabendo a resposta.

- Eu pareço bem? - Ela indaga de maneira ríspida.

- Não muito - Digo. Um silêncio se instala entre nós, por breves, mas significativos, instantes.

- Não podemos ser amigos, eu estou casada disso, casada dessa confusão que você está fazendo na minha cabeça - Ela explode.

- Olha vamos esquecer aquele beijo - Digo. No momento estas palavras parecem a maior mentira da minha vida.

- Eu não consigo - Ela diz, e se levanta.

- Lizie eu... - Começo a dizer, mas sou interrompido, quando olhos castanhos voltam a encontrar os meus.

- Eu não quero te amar Daniel - Ela diz, conseguindo me atingir de uma forma avassaladora. Eu não tenho tempo de dizer nada, as costas dela somem da minha vista, antes que eu possa me recuperar do impacto.