9. Damn'it Lucy or "Thank you, Lucy"?

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- Filha, vamos. Acorde! - Escuto a voz de minha mãe me chamando e sinto um leve balançar nos ombros.

Abro meus olhos devagar e vejo minha mãe sorridente. Que horas são?

- Já acordou? Vamos fazer um almoço para o pessoal do clube do livro, filha. Você tem que me ajudar.

- Tá bom, mãe. Tá bom. Eu já vou.

- Okay. Não dorme de novo. Se não eu volto com o balde.

Ah, o balde. Primeira vez que vejo minha mãe ameaçar trazer o balde com tanta felicidade e melodiosidade na voz. Sempre que eu enrolava para acordar ela fazia isso. Já que eu me atrasaria dormindo mais tempo, economizava o tempo de banho e o tomava na cama. Sim, Sinu é louca e já fez isso.

Bocejo e me espreguiço para tentar me livrar do sono que parece preso ao meu corpo. "Tomo coragem" e me levanto. Vou ao banheiro, fazer minhas necessidades matinais e volto para o quarto. Prendo meu cabelo em um rabo de cavalo e avalio minha situação. Cara inchada de sono. Em um estalo, enquanto encaro meu reflexo no espelho, lembro daquela noite, e que ótimo! Lauren sumiu sem deixar nada explicando, como sempre.

- Camila! Eu vou subir com o balde. Imagino que você não queira isso - sua felicidade ainda está presente, mas agora ela está mais séria.

Esfrego meu rosto. Não tenho tempo para pensar nisso agora. Não sei se fico com raiva ou agradeço por isso. Troco o pijama por um top e um shortinho. Desço correndo e começamos a preparar o almoço. Passamos o início do dia juntas na cozinha. Cantamos até algumas musicas e rimos bastante.

13h minha mãe e eu começamos a levar o que preparamos para a casa na esquina da minha rua, da Sra Marta. As pessoas do clube começam a chegar depois das 14h . Ainda estou suada e me sentindo suja do trabalho todo.

Termino de arrumar a comida na mesa que minha mãe e Marta arrumaram no quintal e dou meia volta para voltar para casa.

- Camila, onde você vai?

- Pra casa...?! - respondi receosa.

- Ah não, filha. Vá tomar um banho e fazer sala pras meninas.

Concordo com a cabeça e dou um sorriso amarelo, mas logo que saio de sua vista, reviro os olhos e faço uma careta. Eu só queria ficar sozinha para poder pensar em Lauren e nos "e se" que ela sempre me trás. Na verdade, isso é culpa do meu coração.

Entro em casa e vou direto para o banheiro. Tiro minhas peças de roupa. Abro a água gelada e a sinto correr pelo meu corpo. Fico alguns minutos só aproveitando aquela sensação boa. Parece até um anestésico. Pra preguiça que me consome e pros meus pensamentos.

Acabo o banho uns 10 minutos depois. Vou para o quarto enrolada na toalha e visto uma calcinha e um sutiã gasto e descombinando. Não é como se alguém fosse me ver semi nua. Escolho um vestido branco de renda e larguinho para colocar. Penteio meus cabelos e os seco no secador. Prendo-os num rabo de cavalo no alto da cabeça. Me olho no espelho e me acho bonita. Estou bonita e confortável, isso é ótimo.

Desço as escadas o mais lento que consigo. Quero ficar o menor tempo possível com pessoas em volta de mim. Quando chego no quintal da casa de Marta, cumprimento cada moça que passa por mim. Quando chego a mesa dou um "oi" coletivo e me sento no lugar escrito "Camila Cabello". Sim, elas fizeram plaquinhas com os nomes.

Não vejo minha mãe pelo quintal. Deve estar dentro da casa, resolvendo algo. Procuro Sofi e a encontro brincando pelo quintal com outras crianças de diferentes idades. Quando ela me vê, vem correndo até mim.

- Olha, Kaki. Uma joaninha - Sofi fala maravilhada e me estende as mãos. O pequeno inseto caminha devagar nas mãos dela.

- Que linda, Sofi. Só não se esqueça de devolvê-la a natureza.

The Love Is Dangerous (CAMREN)Onde histórias criam vida. Descubra agora