12. My girl?

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Fiquei observando Lauren sair pela janela com um sorriso bobo na cara. Ela me retribuiu o mesmo sorriso e, se é que é possível, meu sorriso se alargou.

Lauren sempre me deixava com "e ses" na cabeça, e dessa vez não foi diferente. Eu estava confusa e sem ter muito o que pensar, nem sabia por onde começar. Será que ela só queria diversão? Uma amizade colorida, quem sabe... Mas numa amizade colorida, a que gosta mais sempre sai machucada. No caso, eu. Não sei o que Lauren está sentindo, mas não consigo imaginar que ela goste de mim, como eu gosto dela. Na verdade, acho que a única diferença de hoje para os outros "e ses" é que hoje eu estava sobre influência de uma felicidade que parecia infinita. Meu coração parecia que ia explodir de tanto que eu sentia. Sabe quanto um sentimento toma conta do seu corpo todinho e você fica extasiada de tanto sentir?! É isso. O engraçado é que a mesma garota que me causava confusão era o motivo da minha felicidade. Talvez momentânea? Talvez eu me foda em breve. Sim, sim. Mas eu não conseguia parar de sorrir. E talvez nem quisesse também.

- Por que a demora? - minha mãe avançou pelo quarto?

- Desculpa, estava distraída - falei ajeitando o cobertor em cima de mim.

- Anda. Desce pra me ajudar com as coisas, sim?! - disse me oferecendo um olhar questionador e em seguida saindo do quarto.

Tomei a coragem necessária, me vesti e a acompanhei.

***

- Camila, onde você foi, minha filha? As senhoras sentiram sua falta durante o encontro - minha mãe perguntou durante a janta.

- Eu vim pra casa. Desculpa, mãe, mas eu já tinha feito recepção pras visitas e não tinha mais o que fazer. Estava no tédio, Sofi estava com outras crianças então não vi problema em vir pra casa.

Antes que minha mãe respondesse, Sofi se pronunciou, com os pés balançando na cadeira, sem conseguir alcançar o chão.

- Você veio embora com aquela sua amiga bonita? A de olhos verdes?

- Bem que ouvi, parecia que tinha alguém com você - meu pai falou.

Quase engasguei com a comida. Papai e Sofi também não ajudam. E fora que, se papai tinha ouvido... espero que ele não tenha ouvido muito mais que isso.

- Hm... - murmurei, pois ainda estava mastigando a comida e ganhando tempo para inventar algo. - Sim, Sofi, mas não, pai. Viemos embora juntas mas ela não chegou a passar aqui - falei receosa, pela mentira que estava contando.

Minha mãe nada falou. Murmurou alguma coisa em concordância e continuou a comer. Ela era bem ranzinza às vezes, nossa, mas eu sabia que era pelo fato de ser protetora ao extremo. Mesmo às vezes isso me incomodando, independente de ser proteção ou não, ela exagera. Quer ficar em cima sempre. O bom é que Sofi, por ser mais nova, da uma apaziguada nisso. Quero nem imaginar se eu fosse filha única. Fico imaginando a adolescência de Sofi. Talvez eu já tenha até saído de casa... tadinha.

Sinu ficou calada por uns minutos, processando a conversa, mas logo começou a falar do encontro de mais cedo. Ela tinha gostado bastante para uma primeira vez, já que os outros eram todos pra falar de livros. Diferente desse, que foi mais um encontro de amigas, pra se conhecerem melhor.

- Foi bem interessante. Acho que vamos melhorar até o entrosamento nos encontros quinzenais, já que nos conhecemos um pouco melhor agora. Sabia que a vizinha tem uma filha que mora com a irmã, porquê ela não teve condições de cuidar?! A menina tem 11 anos, é tão linda. Sofi, você ia adorar conhecê-la. Quem sabe um dia vocês se não se conheçam?

Sofi deu um sorriso para mamãe, gostando da ideia.

- E você, Camila. Como foi com a filha dos Vives?

- Digamos que... ela não seja o tipo de pessoa que eu gostaria de conhecer.

- Você nem tentou?

- Tentei. Mas acho que o problema não fui eu.

- Hm. Foi você que convidou Lauren?

- Ham? Ah. Não! Ela é amiga da Lucy.

Minha mãe revirou os olhos e continuou a comer. O bom dela, é que antes que pudéssemos instalar uma discussão, ela se calava e encerrava o assunto. Isso era ruim algumas vezes, quando eu queria descontar minha raiva e falar umas verdades. Já outras era bom, pois evitava um problema maior.

Terminei de comer calada e retirei os pratos da mesa. Lavei-os e os coloquei para secar. Guardei o que sobrou da comida e lavei e sequei as panelas. Passei um pano no fogão e coloquei o pano de pratos no lugar.

Antes que eu saísse da cozinha, Sinu entrou e me questionou novamente sobre Lauren. Perguntou se estávamos voltando a ser 'amigas'. Acho que Sinu sempre desconfiou que tinha algo mais ali. Afinal, certamente não era normal alguém ficar tão mal quanto eu fiquei por uma amiga ir embora.

- Não posso dizer que vamos voltar ao que era antes - falei encarando o chão.

- O que quer que fosse - Sinu interrompeu abanando a mão no ar - levantei o olhar para ela.

- Como é? - perguntei que fosse.

- O relacionamento de vocês - acertei na mosca!

- Bom, sim. É complicado, mas estamos nos resolvendo.

Não estávamos nos resolvendo exatamente, mas eu não ia explicar sobre a confusão que era Lauren e eu para minha mãe.

Minha mãe concordou com um aceno de cabeça e foi em direção à porta da cozinha. Antes de sair, ela parou, olhou por cima dos ombros e disse as seguintes palavras "espero que você não se magoe, como da outra vez."

Quis responder tanto um "eu também espero", como de forma rude. Ela não precisava ser grossa e seca assim. Mas até que, infelizmente, ela tinha razão.

The Love Is Dangerous (CAMREN)Onde histórias criam vida. Descubra agora