- Alguma novidade?
- Descanse que os sinais vitais estão bem melhores do que estavam ontem. Deve acordar em breve.
Sentou-se novamente na cadeira onde estivera nas últimas horas e suspirou demoradamente. A sua expressão mudou ao ver que abria os olhos.
- Flora?
Era a primeira vez que o ouvia dizer o meu nome e isso deixou-me de certa forma feliz, apesar de ter começado a sentir dores pelo corpo e alguma dificuldade em abrir o olho esquerdo.
- Como estás?
- Com algumas…dores… - Murmurei, sentindo a voz arrastada.
- Vou chamar um médico. – Disse já de pé. – Ouve, estás no hospital depois do que aconteceu ontem…
- Ontem?
- Sim, estiveste inconsciente várias horas mas ainda bem que acordaste. – Disse com um leve sorriso que me fez retribuir. Afastou-se em seguida, indo até à porta chamar alguém. O meu corpo podia estar péssimo mas ouvir pela primeira vez o meu nome da parte dele assim como vê-lo sorrir na minha direcção, fez com que nem tudo me parecesse assim tão mau.
- E tu? Como estás? O tiro… - Perguntei, lembrando-me do que havia acontecido com mais nitidez.
- Não me atingiu. Estou bem. Precisas de te preocupar contigo e não comigo. – Disse num tom bem mais leve e de certo modo amável. Diferente do que estava habituada a ouvir da sua parte.
Um médico de cabelos grisalhos, olhos castanhos mas dóceis entrou na sala com um ar satisfeito e ao mesmo tempo aliviado. Observou-me um pouco antes de explicar-me juntamente com o Dinis o que tinha acontecido e qual o meu estado actual.
- As suas lesões mais graves estão no tornozelo esquerdo que está com uma pequena fractura e sofreu também uma luxação no ombro direito. Os restantes hematomas no rosto por exemplo devem curar-se com maior facilidade nos próximos tempos.
- E as…?
- A luxação entre três a seis semanas e o gesso não sairá da sua perna pelo menos durante um mês ou quem sabe um pouco mais, depende da recuperação. Terá sessões de fisioterapia sobretudo por causa da luxação e terá que repousar imenso e tomar a medicação que lhe vou receitar a horas certas para poder melhorar o mais rápido possível. Posso contar consigo?
- Sim… - Murmurei.
- Felizmente, o golpe na cabeça quando caiu parece não ter deixado outras sequelas mas antes de deixar que vá para casa, vamos fazer mais uns exames para termos a certeza mas em princípio, parece-me bem na medida do possível.
- Obrigada… - Agradeci com um sorriso fraco.
- Não me agradeça só a mim mas também ao seu marido que lhe prestou os primeiros socorros e foram cruciais visto que o assaltante que caiu consigo não teve a mesma sorte. Bem, vou deixá-los a sós. Daqui a alguns minutos alguém virá buscá-la para os exames.
Assim que saiu, fechei novamente os olhos na esperança que as dores que sentia, se tornassem mais leves. Ao recordar-me das palavras do médico percebi também que o facto de ainda estar ali devia-se ao Dinis. Não me recordava. Provavelmente estaria inconsciente mas precisava agradecer-lhe.
- Obrigada… - Murmurei.
- Pelo quê? – Perguntou, sentado ao lado da cama.
- Pelo que fizeste para… que pudesse chegar aqui.
- Era o mínimo que podia fazer.
- Eles eram tantos…
- Era um daqueles grupos organizados que tem saído nas notícias ultimamente. Normalmente, assaltam carrinhas de valor que por vezes passam por ali.
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Sentimentos
Teen FictionFlora, uma jovem criada de um modo muito tradicional e rigoroso vê-se confrontada aos 18 anos com um casamento por conveniência. Ela que sempre foi alguém apaixonada por histórias de romance, vê-se envolvida num casamento sem nenhuma das característ...