Quando acordei, ele já não estava no quarto e imaginei pela falta de alguns dos seus objectos pessoais que também já não estaria em casa e teria ido para a faculdade. Fiz algum esforço para levantar-me e nesse momento a D. Rosa entrou no quarto.
- Bom dia menina Flora. Vamos arranjar-nos? Acho que vai ter companhia no almoço.
- Companhia? O Dinis vem comer a casa? – Perguntei com algum entusiasmo.
- Não, ele só volta a tempo do jantar mas é uma visita que lhe irá agradar muito.
Era o meu pai. Estava pálido de tanta preocupação o que também não me tranquilizou muito, mas logo lhe assegurei que estava a recuperar e que tudo ia ficar bem. Ele tinha regressado de uma viagem de negócios com urgência assim que recebeu a chamada do Dinis que não quis entrar em muitos detalhes precisamente para não o deixar em pânico mas sabia que precisava de contar-lhe o ocorrido pois não devia esconder-lhe algo de tal importância.
Passou algum tempo depois do almoço a fazer-me companhia e depois disse que seria melhor retirar-se visto que eu necessitava de descanso. Tentei detê-lo por mais alguns minutos mas ele estava decidido a ir embora e apenas me disse que viria ver-me sempre que lhe fosse possível e pediu que fosse dando notícias.
À noite já acordada tentava pentear os meus cabelos usando apenas um dos meus braços que podia mover. Além disso, embora estivesse um pouco afastado conseguia ver o meu reflexo no espelho. O meu rosto do lado esquerdo estava com um hematoma horrível e a pomada não parecia estar a ter muito efeito.
- Não me digas que passaste o dia no quarto.
- Sinto-me bastante cansada… preferi não incomodar e ficar a dormir cá em cima.
Ele suspirou.
- O meu pai veio visitar-me. – Falei, pousando a escova sobre a mesinha de cabeceira.
- Espero que o tenhas tranquilizado.
- Sim… prometi dar-lhe notícias e ele disse que viria ver-me outra vez sempre que pudesse. Não queria ter interrompido a viagem dele.
- É teu pai acho que ele sabe distinguir as prioridades. – Disse, sentando-se na cama para tirar os sapatos. – Experimenta pôr-te no lugar dele por um bocado. É óbvio que és mais importante do que qualquer viagem.
Corei um pouco.
- O teu dia correu bem? Ias ter testes…
- Sim, correu bem. – Disse, levantando-se. – Estou apenas cansado. Vamos jantar.
- Posso comer aqui.
- Negativo. – Respondeu. – Vamos comer lá em baixo e isto não é uma proposta e muito menos uma pergunta. É uma afirmação.
Ouvimos uma leve batida na porta.
- Pode entrar. – Respondeu.
- Quer ajuda? O jantar já está servido.
- Sim, pode levar a cadeira por mim?
- Com certeza. – Afirmou a D. Rosa, sorrindo na minha direcção e saiu com a cadeira de rodas enquanto ele se aproximava de mim.
- Diz-me se estiver a magoar-te. – Murmurou, tentando pegar em mim com cuidado.
Senti alguma dor na minha perna mas contive-me e sorri quando me perguntou se estava tudo bem quando já me tinha nos seus braços. Apenas assenti.
Por um lado não queria dar-lhe trabalho mas por outro, estar nos seus braços deixava em mim uma sensação tão boa que gostasse que perdurasse mais no tempo.
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Sentimentos
Teen FictionFlora, uma jovem criada de um modo muito tradicional e rigoroso vê-se confrontada aos 18 anos com um casamento por conveniência. Ela que sempre foi alguém apaixonada por histórias de romance, vê-se envolvida num casamento sem nenhuma das característ...