Viver um dia de cada vez

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- Pareces contente hoje, Florinha. – Comentou o Nuno, bebendo um pouco do seu Ice Tea limão.

- Mais do que contente, algo distraída. – Apontou Isabel.

- O maridinho tem alguma coisa a ver com isso? – Perguntou Diana, fazendo-me corar e ela sorriu de lado. – Ah bom. Mas só fico realmente contente se ele não tiver usado palavras bonitas para fugir ao outro tema.

- Outro tema? – Perguntei.

- A outra. – Recordou-me a Diana.

Expliquei-lhes resumidamente o que ele me contara sobre a tal rapariga chamada Liliana e que em princípio, a meu ver, não tinha motivos para preocupar-me com ela visto que a atitude dele parecia distinta.

- Fico muito feliz por ti, Flora! – Disse a Isabel, abraçando-me.

-Obrigada.

- Mesmo que ele esteja a ser sincero, aquela gaja não me parece do tipo que desiste mesmo depois de algumas patadas. Quando digo isso não estou a agoirar e não me refiro apenas a ele mas a ti também, Flora. Ela pode muito bem repetir a figura do outro dia e voltar cá para te ameaçar, entendes?

- Ela que se atreva! – Falou a Isabel.

- Entretanto, fica também atenta ao teu maridinho. Sem ofensa mas os homens encaixam quase todos no mesmo saco e acima de tudo, a primeira paixão queira-se ou não, tem bastante impacto… Tanto que pode mudar completamente a vida de uma pessoa.

Na minha opinião, aquelas palavras demonstravam não só a preocupação por mim mas também suspeitava de alguma experiência pessoal da parte dela daí querer evitar que eu passasse por algum mau momento. A Isabel concordava comigo nesse ponto e o Nuno dizia-me apenas para aproveitar um dia de cada vez pois quem sabe este fosse um novo começo na minha vida e se assim fosse, devia aproveitá-lo sem pensar nos possíveis problemas. Como ele próprio costumava dizer algumas vezes, pensar demasiado por vezes atrasa-nos demasiado a vida porque por vezes, não damos um passo para à frente quando devemos, tudo por reflectirmos demasiado.

Se bem que independentemente de ele ter confirmado a minha vontade, também já sentia uma vontade de aproveitar aqueles novos momentos e de não pensar em mais nada. Queria apenas manter aquele sorriso no rosto.

- Importas-te de prestar atenção ao que estou a dizer? – Perguntou num tom ríspido.

- Aleluia, o teu mau humor manifestou-se!

- Estávamos a ficar preocupados por ainda não teres mostrado uma expressão pouco amigável.

Riram-se.

- Não sei onde está a graça. Faltam duas páginas. Não quero acabar isto em casa.

- Alguma mudança que devamos saber? Normalmente gostas de levar trabalhos para casa.

O Dinis suspirou.

- O único motivo pelo qual estamos neste trabalho é porque o prof decidiu que era obrigatório fazer isto em grupo por isso, não me compliquem a vida.

- Mas nós não queremos complicar a vida de ninguém. Só queremos saber porque estás com metade da tua cabeça aqui e a outra em sabe-se lá onde.

- Estou completamente concentrado. – Disse, escrevendo no seu computador.

- Será que finalmente começas a ver as vantagens de estar casado?

- Embora continue a achar que se não mostras sequer uma fotografia da esposa… - Troçou um deles. – Provavelmente é porque até tu tens vergonha da pessoa com quem te casaste.

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