Aproveitámos o fim-de-semana para ir às tais compras e surpreendi-me quando me levaram pela primeira vez à baixa da cidade que estava cheia de gente. Haviam lojas para todos os gostos e as pessoas sorriam, conversavam, tiravam fotografias perto de artistas de rua. Era um ambiente totalmente novo para mim que estava habituada a locais menos povoados.
- Vamos entrar nesta?
- Podemos ver mas acho que aquela do outro lado seria melhor para a ocasião. – Apontei, fazendo os dois trocarem olhares preocupados que não entendi. Acompanharam-me até à loja que indicara e assim que entrei soube que estava no local certo e dirigi-me até uma secção onde havia roupa clássica para homem.
- Tu estás habituada a lojas destas, não é? – Arriscou a Isabel.
- Sim. – Respondi distraidamente, apontando para um dos fatos. – Parece que é da tua medida, Nuno. Devias experimentar.
- Eu num fatinho destes. Posso provar? – Perguntou, olhando para a senhora da loja que se aproximou.
- O que estás a fazer, parvalhão? – Murmurou-lhe Isabel mas o Nuno apenas se afastou para o provador.
- Tem ali uns vestidos que te devem ficar bem. – Disse, puxando a Isabel que tentou dizer-me algo mas penso que depois também deve ter ficado maravilhada com a beleza da roupa ali exposta.
- Flora preciso de dizer-te uma coisa. – Começou quando lhe dei um vestido para experimentar.
- O que se passa? Não pareces muito entusiasmada desde que entraste aqui nesta loja.
- Isto não pode estar dentro das nossas… - Ia dizer quando a cortina do provador se afastou e ambas ouvimos a senhora elogiar o Nuno no seu fato clássico. Ele sorriu na nossa direcção e quis ouvir a nossa opinião.
- Fica-te muito bem. – Concordei alegremente.
- Sim e como pensas que vais pagar isso, idiota? – Perguntou Isabel, cruzando os braços.
- São detalhes. – Disse, aproximando-se para que pudesse ver melhor. Reparei que realmente, acertara no tamanho e que lhe assentava perfeitamente. – Fico mesmo bem nisto, não é Florinha?
- Sim, ficas muito bem. – Concordei.
- És mesmo parvalhão. – Disse a Isabel, atirando o vestido para cima de um banco e saindo em seguida da loja.
- Isabel! – Chamei mas foi inútil, ela parecia mesmo aborrecida com alguma coisa.
- E quanto é? – Perguntou o Nuno à senhora que arrumava o vestido.
- No total cerca de duzentos e sessenta euros.
- Hum, pois… - Comentou, olhando para a sua carteira com um ar pensativo.
- Se te faltar dinheiro, posso ajudar-te.
- Mas Flora é um bocado… - Ia dizer um pouco envergonhado.
- É um presente, pode ser?
- A sério? – Perguntou, observando-se no espelho mais uma vez.
- Sim. Tu e a Isabel têm sido uns óptimos amigos desde de que cheguei e têm-me ajudado imenso. – Lembrei-lhe. – Mereces um bom presente e hei-de fazer com que estejas muito elegante na festa.
- Obrigado Florinha! – Disse euforicamente, fazendo-me sentir feliz por deixá-lo naquele estado.
Tinha pena de não poder fazer o mesmo pela Isabel. Agora que pensava nisso, seria o dinheiro o problema? Mas eu não me importava de dar-lhes as roupas como presente, afinal eles mereciam. Teria que falar com ela no dia seguinte.
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Sentimentos
Ficção AdolescenteFlora, uma jovem criada de um modo muito tradicional e rigoroso vê-se confrontada aos 18 anos com um casamento por conveniência. Ela que sempre foi alguém apaixonada por histórias de romance, vê-se envolvida num casamento sem nenhuma das característ...