O que realmente importa

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Quando chegou à casa da Isabel, viu um senhor a sair e concluiu que se tratava do pai dela ao ver que se despedia de uma mulher na porta. Esperou que ele se fosse embora para depois sair do carro e dirigir-se até à entrada.

- Bom dia. – Cumprimentou.

- Bom dia. – Cumprimentou-o com um sorriso. – Acho que já nos vimos em qualquer lado, não é?

- É, sou amigo da Isabel e… marido da Flora que sei que está em sua casa.

- Ah, bem me parecia que a tua cara não me era estranha. – Disse, mantendo o ar calmo e acolhedor. – Eu sei o motivo que a levou a ficar em minha casa e gostava de te deixar entrar mas preciso que me assegures que não vais dizer nada que prejudique não só a ela como também ao bebé que ela espera. Por favor, não penses que estou apenas a intrometer-me mas ela é tão doce, tão sensível e sofreu tanto por ter que deixar a casa dela que não queria vê-la novamente naquele estado.

- Não vou dizer nada que a faça sentir assim outra vez. – Assegurou o Dinis. – Mas por favor, preciso muito falar com ela. É importante. Não quero deixar passar outro dia sem lhe dizer que…

A mãe da Isabel sorriu, abrindo a porta da sua casa e dando-lhe passagem.

- Vai lá e faz a coisa certa mas só uma coisa, entra com cuidado no quarto, acho que ainda está a dormir.

- Muito obrigado. – Agradeceu, entrando em casa da Isabel.

Assim que entrou no quarto, viu que o melhor seria fechar a porta com cuidado. Eu ainda dormia profundamente. Nem sequer a corrente de ar frio que entrou no quarto quando o Dinis abriu a porta, fez com que me movesse. Ele aproximou-se com cuidado da cama e sentou-se na sua beira. Sorriu um pouco ao ver que nenhum desses movimentos me incomodava. Ele fora testemunha várias vezes de que o mínimo ruído por vezes, despertava-me por isso devia estar mesmo cansada para dormir daquela forma sem que nada me importunasse.

- Flora. – Chamou, tocando-me no ombro.

Reagi à sua voz mas não o suficiente para despertar, o que fez com que tivesse que chamar por mim, uma segunda vez.

- Dinis… - Murmurei, abrindo os olhos.

Ao aperceber-me de que ele estava mesmo ali ao meu lado, sentei-me rapidamente, puxando os cobertores para não destapar-me por completo.

- O que…? O que estás aqui a fazer? – Perguntei, sentindo-me um pouco desorientada.

- Precisamos falar, Flora. – Ele sorriu. – Não precisas de te tapar tanto, acho que já passámos essa fase de te esconderes tanto de mim.

- É, desculpa. – Pedi envergonhada, sentindo-me um pouco parva por ainda ter daquelas reacções.

- Não peças desculpa. Não és tu quem tem que se desculpar. As coisas que te disse ontem…

- Tive tanto medo de te contar a verdade mas não o fiz por mal. Juro que não o fiz por mal. – Disse, não conseguindo segurar as lágrimas. – Depois, sair de casa daquela forma... desculpa mas não aguentei ouvir que…

- Não, não chores. – Pediu, abraçando-me. – Acalma-te, não quero que fiques nervosa. Eu até entendo porque tiveste medo de contar-me. A minha personalidade é complicada. Reajo muitas vezes de cabeça quente e eu não tinha o direito de duvidar de ti. É claro que nunca me trairias. Conheço-te o suficiente para saber isso.

Abracei-o com mais força.

- Doeu tanto ouvir-te dizer aquilo.

- Eu sei, perdoa-me. Eu disse que ia tentar controlar este meu temperamento mas chego a ter medo que não importa o quanto te ame, não consiga tratar-te como…

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