Longas semanas no UTI. Todos os dias depois da escola Wendy corria para o hospital, observava a garota com todos aqueles tubos e máquinas a sua volta, cada uma tendo a sua utilidade para tentar deixar Kim viva. Mesmo Wendy não gostando de hospitais, não gostava mais ainda de se sentir culpada por aquele acidente.
A imagem repetia em sua mente. Todo aquele sangue e a menina caída no chão inconsciente, a culpa veio na hora, pois aquela cena era quase parecida com a que atormentava a Wendy desde criança. A cena de um acidente de carro, a cena de uma morte.
Wendy correu até onde estava caída Kim e se ajoelhou, não encostando na garota apenas com as mãos trêmulas na boca. O carro que bateu na menina ultrapassou o sinal em alta velocidade, o motorista que estava bêbado fugiu do local assim que viu Kim desmaiada.
A ambulância não demorou para chegar, em poucos minutos já se ouvia o barulho dela na local. Os médicos desceram e socorreram Kim rapidamente, Wendy não conseguia firmas suas pernas, mas implorava para poder ir junto.
ㅡ Jovem, nós temos que tratar sua amiga rápido, não podemos deixar você ir junto. - O médico explicou calmamente para Wendy e logo correu para a ambulância.
Wendy não pensou muito, pegou o primeiro táxi que viu e indicou o lugar que deveria. O grande hospital já foi aparecendo na vista de Wendy, que pagou o taxista e correu para dentro a busca de notícias.
Muitas pessoas doentes no local olhavam o desespero de Wendy que correu para recepção, a mulher avisou e indicou para onde a Kim foi levada. Ela estava na UTI, um dos piores lugares que podiam se existir em um hospital. Wendy andou pelos corredores e parou na frente da porta 84.
Ao entrar se deparou com a menina deitada, com os olhos devidamente fechados e sua respiração calma. Parecia uma boneca de porcelana, feita a mãos com todos os detalhes possíveis.
ㅡ Eu liguei para os parentes dela, porém o telefone deles só da ocupado. Me desculpe. - A enfermeira falava calmamente e se retirava, deixando o celular de Kim na cômoda que havia por perto.
E desde então, Wendy visita Kim. Não dizendo nenhuma palavra, apenas observando e orando aos céus para que Kim acordasse logo, para ela se desculpar por tudo que causou a menina.
O horário de visita já estava acabando, Wendy dava uma última olhada para verificar se Kim realmente estava desacordada. E logo após, corria para casa.
As luzes da casa acesas indicavam apenas uma coisa, que sua mãe estava em casa. O cheiro de lar e comida atraiu Wendy para dentro de casa, se sentia aliviada e preocupada. Aliviada por estar em casa, porém, preocupada por deixar Kim sozinha no hospital.
ㅡ Filha, você está bem? - Anastácia olhava para filha no meio do jantar, Wendy parecia perdida nos pensamentos. - Você se lembra de mim, não é mesmo?
ㅡ Se lembro, mãe. - Wendy podia ouvir o suspiro que sua mãe soltou aliviada - Mãe, uma colega minha acabou sendo atropelada e está na UTI, ela está ficando melhor. Porém, eu me sinto culpada por tudo.
Anastácia soltou a colher, deixando em cima da mesa, observou os olhos de Wendy e eles olhavam para um vazio. Ela sentiu a preocupação de Wendy.
ㅡ Ela era alguém que você conheceu quando era menor e você se esqueceu dela, certo? - Wendy apenas balançou a cabeça em afirmação - Você pelo menos tentou se lembrar dela? Ou apenas seguiu o que a psiquiatra lhe mandou fazer?
ㅡ O que a psiquiatra mandou fazer.
ㅡ Wendy, não deixe que psiquiatra guie as suas vontades. Faça aquilo que quer fazer, você pode se machucar, porém, na vida você nunca terá momentos só felizes. - Anastácia voltava sua atenção a comida que estava a esfriar. Wendy fez o mesmo ao ouvir sua mãe.
Na manhã seguinte foi barrada na recepção do hospital, atendente falou que já havia acompanhante no quarto. Mesmo estranhando decidiu andar pela cidade, esfriar a cabeça e colocar os pensamentos em ordem.
ㅡ Bu. - Stark cutucou sem ombro, quando ela se virou ficou apenas o encarando sem reação. - Você não se assusta mesmo, desisto de você.
ㅡ Não estou no momento pra fazer piadas, Stark.
Os dois foram andando pelas ruas, Wendy contava o que aconteceu quando chegaram em uma cafeteria, mesmo estando ali, o pensamento de Wendy estava no hospital e se perguntando quem estava fazendo companhia para Kim.
ㅡ Você não contou para ela o porquê de você se lembrar de mim? - Stark fazia umas caretas de desaprovação - É simples, era só você falar: " Ele era o garoto que não parava de me seguir e tirar foto " - Imitava a voz de Wendy, que riu ao ver a cena.
ㅡ Você nunca mudou, sempre acaba me salvando com uma simples foto. - Wendy dava um gole no cappuccino.
Quando Wendy tinha por volta de seus treze anos, ela não aguentava ver todos com amigos e felizes, com lembranças que pareciam inesquecíveis, porém ela não podia nem ao menos criar amizades. Ela estava na ponte e olhava para baixo, desejando desesperadamente pular.
ㅡ Não acho que ficaria uma boa foto, você caída lá, com certeza não seria - Um barulho de flash é disparado na direção da garota que olha para trás - Sou Stark.
Ele esperou pela resposta, porém Wendy ficou calada.
ㅡ É nessas horas que você diz seu nome, nos damos as mãos e viramos amigos. - Ele sorriu - Contudo, eu já sei seu nome. Aqui - Ele estendeu a foto e a pequena garota pega e olha para ela.
ㅡ Naquele tempo foi realmente difícil fazer amizade com você, mas eu acho incrível como Kim é realmente persiste - Stark tira mais um foto de Wendy que estava distraída - Não desista dela.
Wendy concordou. Voltou para o hospital, que não estava muito longe e parecia que Kim já estava sem nenhuma companhia. Não demorando muito foi em direção ao quarto dela, havia decorado o caminho até lá.
Entrando ela observa o lugar, estava tudo em ordem menos uma carta, que estava colocada na cômoda junto do celular de Kim e outras analises dos médicos.
" De Cíntia, sua mãe "
Achou estranho que a mãe de Kim foi visitar ela, mesmo passando tanto tempo longe da filha. Algo estava errado, ela decidiu ler.
" Kimberly, não me cause problemas, a empresa pergunta se minha filha não sabe se cuidar sozinha e precisa tanto que o hospital venha me ligar 24 horas por dia. Estou partindo junto com seu pai para viagem de negócios. Era para você ter morrido no nascimento, porém você nasceu, de graças a isso. "
ㅡ Wendy - Uma voz fez Wendy se virar e esconder a carta, Kim finalmente acordou e com um grande sorriso que partia o coração de Wendy.
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Sorry, I forgot
RandomEu vivo em um mar de pessoas, onde constantemente sou puxada para o fundo e lá fico. Nesse fundo do mar tudo que vejo é escuridão, não consigo me lembrar de nada.