Ouvia o barulho em sua volta voltar aos poucos, apenas uma luz no teto fez a garota lembrar do que havia acontecido e soltar um sorriso abafado. Os olhos dela percorrem o quarto até encontrar uma garota de costas, ela pode reconhecer quem era.
ㅡ Wendy - Foi a única coisa que a menina pode falar com a voz fraca, que fez Wendy se virar e encarar a jovem assustada.
ㅡ Vou chamar a enfermeira.
Wendy correu até a porta, ainda escondendo a carta, pois Kim não estava em condições de ler aquilo e nem seria bom para ela ler algo assim de sua própria mãe. Quando viu a primeira enfermeira passar pelo local correu até ela, quase deixando a moça derrubar a bandeja que carregava.
A enfermeira foi quase arrastada até o quarto de Kim. Logo que entrou no quarto foi surpreendida pela garota com olhos pequenos e abertos que a encarava, correu para checar como estava Kim, que já aparentava estar melhor.
ㅡ Já está melhor, porém ainda está fraca e terá que ficar por aqui por uns dias.
Kim se senta na cama e encara Wendy, que se aproxima e senta em uma banco perto da cama. Vários pensamentos passavam pela cabeça de Wendy, porém o que mais se destacava era que sua amiga estava bem. A culpa ainda existia, ainda mais quando Kim sorria para ela.
A enfermeira deixa o quarto, deixando as garotas a sós para uma longa conversa e explicação, sem guardar nada para si e ser verdadeira uma com a outra.
ㅡ Eu me lembro do Stark por ele ter salvo minha vida - Wendy dizia olhando no fundo dos olhos de Kim, a garota não esboçava expressão nenhuma durante a explicação de Wendy, apenas ficava atenta a cada detalhe.
Kim percebeu que a vida de Wendy havia muita coisa oculta, entendeu o porquê da mente da garota ser a bagunça que ficou. Mesmo a história de vida sendo complicada ela estava se esforçando para a amizade de Kim, pela primeira vez.
ㅡ Wendy, a vida não é feita só de sorrisos. - Kim compreende o que Wendy sentia naquele momento - Não se sinta culpada pela o que aconteceu hoje, dias melhores virão.
As duas ficariam conversando o dia inteiro se pudessem, mas o horário de visitas estava chegando ao fim. Wendy saiu do quarto com a carta nos bolsos, quase havia se esquecido dela, porém quando colocou as mãos e sentiu aquele papel se lembrou. Depois de andar alguns quarteirões do bairro, joga a carta em uma lixeira próxima.
Stark estava pensativo sobre Wendy, sabia que ela era uma garota inteligente, mas as escolhas que ela fazia para se proteger era infantis, sempre acabava machucando alguém. Wendy sempre foi daquele modo depois que perdeu seu pai, Stark lembra como complicado foi estabelecer uma vida depois daquilo, não só para Wendy como para sua mãe. Anastácia, mãe de Wendy, trabalhava o dobro para poder sustentar sua filha.
O celular começa a vibrar trazendo Stark para de volta de seus pensamentos, mensagens chegavam sem parar. Todas mensagens diziam para ele se apressar, por estar atrasado demais, ele apenas ignora e começa a caminhar pelas ruas pensativo.
ㅡ Como eu vou contar isso para Wendy? - Diz em um sussurro para si e observava os carros passando por ali.
Todos tinham seus segredos, Stark não era diferente. Ele pensava de um jeito simples para contar para Wendy, porém nunca conseguia pensar em nada, e mais uma vez decidiu seguir seu caminho e guardar para si.
Chegando em casa, Wendy percebia que a presença de sua mãe já era ausente, subiu as escadas correndo e diretamente para a tela de pintura, não queria se esquecer daquele dia. Ela iria fazer de tua para não esquecer, não aguentava mais suas memórias sumindo e tudo se tornando complicado mesmo sendo algo simples.
No momento em que Wendy colocou o pincel na tela, uma dor de cabeça enorme e um zumbido irritante atingiu a garota a fazendo largar o pincel e fechar os olhos, as mãos trêmulas foram para o seu ouvido. Era como se um turbilhão de memórias voltassem, porém quando tudo passou ela não se lembrava de quase nada, apenas de Kim e seu acidente, nada além disso.
Stark entra em um grande e elegante prédio, na frente havia um letreiro indicando que era algo de grande importância. Passava pelos corredores e pessoas se assustavam e sussuravam entre si, pareciam surpresas pela presença dele naquele local. Ele não se importou e se dirigiu ao elevador, um homem o acompanhou quando chegou perto do elevador, dando-lhe uma prancheta com uns papéis.
ㅡ Senhor Stark, aqui está o relatório das pesquisas. - O homem falava com clareza e temor.
ㅡ Thomas, não precisa ser tão formal, somos quase da mesma idade - Stark da um tapa no ombro do garoto e percebe que o elevador já havia chegado - Vamos.
Os dois entram no elevador, Stark estava focado nas pesquisas encontradas, são muito importantes para ele. Thomas apenas o observava com cuidado, com medo de ser repreendido.
ㅡ Isso. - Stark solta um pequeno grito que assusta o garoto ao seu lado - Eu sabia, faz anos que procuro isso Thomas, finalmente, depois de anos, eu consegui.
Kim estava deitada e olhava para a janela. Ela desejava que o que a Wendy havia falado quando criança fosse verdade, que as estrelas conectavam as pessoas que estavam longe. Kim ouve a porta atrás dela se abrir, não se incomodou por pensar ser a enfermeira, mas ao ouvir a voz feminina percebeu quem era.
ㅡ Kimberly - A voz sem sentimentos faz Kim se sentar na cama assustada - Voltei apenas para ver se você tinha morrido, parece que não.
ㅡ Mãe, e- Antes de Kim terminar a frase, a mulher alta a interrompe.
ㅡ Já vim aqui antes, essa é a última visita minha antes de viajar, como disse na carta - Kim olhava com uma expressão confusa, não havia carta nenhuma ali - Não me olhe confusa assim.
ㅡ Não tinha nenhuma carta aqui - Kim tentava se lembrar, mas ela finalmente lembra de que Wendy escondia algo, era a carta, ela roubou a primeira carta que sua havia escrito para ela.
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Sorry, I forgot
RandomEu vivo em um mar de pessoas, onde constantemente sou puxada para o fundo e lá fico. Nesse fundo do mar tudo que vejo é escuridão, não consigo me lembrar de nada.